Verdão vai perder o Paulistinha outra vez? Coluna Mário Marinho
Verdão vai perder o Paulistinha outra vez?
COLUNA MÁRIO MARINHO
Como todos se lembram, o Palmeiras perdeu o título do Paulistão – chamado por seu presidente, após a derrota, de Paulistinha – para o Corinthians no Allianz Parque.
Foi aquele jogo da decisão polêmica em que o juiz voltou atrás após assinalar um pênalti contra o Corinthians.
O Tribunal de Justiça da Federação Paulista de Futebol não aceitou o recurso interposto pelo Palmeiras, alegando que o clube perdeu o prazo para recorrer.
Ontem, quarta-feira, o Palmeiras entrou com recurso no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio, pedindo que o órgão obrigue o tribunal de São Paulo a aceitar e julgar o recurso interposto.
O STJD ainda não se manifestou.
A alegação do Palmeiras para a anulação do jogo é que houve interferência externa na decisão do juiz, o que é proibido pelas leis do futebol.
Em matéria do repórter Raphael Ramos publicada hoje, no Estadão, o presidente da Federação Paulista de Futebol apresenta provas de que não houve a alegada interferência.
A Federação se baseia em investigação da delegada de polícia Margarete Barreto, corregedora da Federação Paulista e integrante do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, que apontou que não houve a interferência.
Para chegar à conclusão, a delegada analisou as ligações telefônicas e mensagens dos celulares pertencentes à Federação e que estavam em poder da equipe de arbitragem naquele domingo.
Segundo o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro de Bastos, a delegada levantou junto às operadoras, minuto a minuto, as mensagens de whatsapp de todos os envolvidos na arbitragem.
Em vídeo preparado pelo Palmeiras aparece um funcionário da FPF com um celular na mão. Seria, segundo o Verdão, a prova da interferência.
O presidente da FPF rebateu:
– O funcionário era o Márcio Verri Brandão. Naquele momento, havia um helicóptero sobrevoando o estádio levando uma faixa com dizeres favoráveis ao Corinthians. A segurança do Palmeiras pediu e o Márcio, oficial da reserva da Aeronáutica, entrou em contato com o comando da FAB para que o helicóptero fosse retirado, o que efetivamente ocorreu. No dia seguinte, inclusive, o Palmeiras agradeceu a ele, via WhatsApp, a pronta intervenção.
Portanto, com essas informações, o Verdão corre o risco de perder mais uma vez o título do Paulistão ou Paulistinha, com quer seu presidente Maurício Gagliote.
Tapetão, um
velho mau hábito
Recorrer ao tribunal de um resultado adverso do campo não é novidade no futebol brasileiro.
As viradas de mesa já aconteceram muitas vezes.
Já houve uma época em que os clubes se preocupavam mais na contratação de um bom e astuto advogado do que um bom e competente artilheiro.
Em 1974, por exemplo, a final do Brasileirão deveria ter sido no Mineirão, entre Cruzeiro e Vasco.
O Clube carioca, entretanto, entrou com recurso e alegou falta de segurança no Mineirão, já que em jogo do mesmo Brasileirão, um dirigente do time mineiro havia invadido o campo e tentado agredir o juiz.
O jogo foi transferido para o Maracanã e o Vasco foi campeão.
Nas edições do Brasileirão de 1983 e 1984, quando não havia acesso e descenso, a CBF modificou o regulamento de classificação ao Brasileirão beneficiando Vasco e Santos que, pelo critério vigente então, ficariam de fora da Taça de Ouro, onde estavam os principais times brasileiros.
Em 1985, novo imbróglio envolvendo o Vasco que ficaria de fora da segunda fase do Brasileirão. O Cruzmaltino entrou com recurso na CBF e acabou sobrando para a Portuguesa de Desportos que foi eliminada. A Lusa também entrou com recurso no Tribunal e garantiu sua vaga. Para que o Vasco não ficasse de fora, a CBF aumentou o número de times participantes.
O título brasileiro de 1987 também foi alvo de recursos e mais recursos e só foi definitivamente outorgado em 2017: o campeão brasileiro foi o Sport.
Em 1999, descobriu-se que o atacante do São Paulo, Sandro Hirsohi, usava documentação falsa que diminuía sua idade.
Acionada, a Justiça Desportiva deu ao Internacional e Botafogo os pontos dos jogos perdidos para o São Paulo.
Com isso, o Gama, de Brasília, foi rebaixado. Não conformados, seus dirigentes entraram com recurso na Justiça Comum e ganharam o direito de permanecer na elite no Brasileirão do ano seguinte, 2.000.
Como a Fifa só admite o recurso na Justiça Comum em última instância, a CBF ficou impedida de realizar o Brasileirão de 2000 que foi organizado pelo Clube dos 13 e se chamou Taça João Havelange.
Em 2005, a Polícia Federal descobriu esquema de compra de juízes comandados pelo ex-árbitro Edilson Pereira de Carvalho.
Os jogos sob suspeita foram anulados e realizados novamente.
O grande beneficiado foi o Corinthians que reverteu alguns dos maus resultados e chegou ao título de campeão.
São alguns dos casos ocorridos no Campeonato Brasileiro.
Nos estaduais, esse tipo de lamentável acontecimento é mais comum.
40 anos
Reginaldo Leme, que foi meu companheiro de redação no Estadão-JT, completou nesta semana 40 anos de cobertura de Fórmula 1.
Continua com a mesma vitalidade e cheio de informações com as quais chegou à tevê Globo em 1978.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS
NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
A investigadora ligada à Federação Paulista concluiu que o que aconteceu foi exatamente o que a Federação Paulista defende e isso é usado como “prova” pela Federação?
Quando è o Gilmar que libera o amigão da cadeia, é absurdo. Quando é pra defender o Curintia, a história muda. Por isso que o Brasil vai que vai…