BELEZA NÃO PÕE MESA

COLUNA MÁRIO MARINHO

Ou, como quer o escritor português José Pedro Machado, “Beleza não se põe à mesa”.

Mas, quem não gosta do que é belo?

Vinicius de Moraes, nosso poetinha, chegou a afirmar: “Que me desculpem as feias, mas beleza é fundamental”.

E foi belo assistir aos primeiros 30 minutos do Atlético Paranaense contra o Palmeiras, neste domingo, em Curitiba.

O Atlético Paranaense quer bola a todo momento e, se possível, o momento todo. Treinados pelo competente Fernando Diniz seus jogadores não se desfazem da bola, não rifam a bola com chutões para onde o nariz apontar.

Quando têm que deixá-la, entregam cuidadosamente a outro companheiro de time, através de passes certeiros, de toques sutis.

Tudo isso funcionou até os 30 minutos quando o Palmeiras, muito mais time, impôs o seu jogo e acabou com aquilo que parecia uma exibição.

Assim, aos 43 minutos do primeiro tempo, Bruno Henrique fez 1 a 0 e acabou com a brincadeira.

Por mais que os paranaenses tentaram, não escaparam da taca do Verdão que chegou à goleada, 4 a 1, e poderia ter ido até um pouco mais longe.

Foi um jogo muito bom de assistir e a competência venceu a beleza.

Oh, pá, a mesa não é posta somente com beleza, exclamaria o escritor português.

Na manhã de domingo, o Corinthians bem que tentou, tentou, mas não conseguiu vencer o fraco Ceará que é apenas o 18º colocado no Brasileirão.

O fim de semana assistiu a pelo menos dois shows de bola.

No Maracanã, o Flamengo despachou o Internacional, 2 a 0, com bela exibição. E o espetáculo não ficou restrito ao gramado: mais de 60 mil torcedores lotaram as arquibancadas que ficaram vivas com o rubro negro de suas camisas. Belíssimo.
Mas, belíssimo mesmo foi o Grêmio que encaçapou cinco bolas num aturdido e desorientado Santos que caiu para 16ª colocação.

Tem força
Ou não tem força?

O lançamento de um jogador novo em time grande deve ser mesmo cercado de todos os cuidados.

Mas esses cuidados não podem também se transformar em superproteção.

Assim parece ser o técnico corintiano Fábio Carille com o garoto Pedrinho. Parece aquela mãe obcecada na proteção do filho.

Segundo Carille, o jovem Pedrinho, apenas 20 anos, não tem força física para suportar 90 minutos de jogo.

A menos que o Carille tenha alguma informação que eu e o público não tenhamos, não dá para concordar com isso.

Carille diz que Pedrinho é franzino, é frágil; ainda não está totalmente formado.

Mas Pelé também era fraco, franzino aos 17 anos e campeão do mundo.

Ah!, mas Pelé é Pelé, escamará o leitor indignado com a comparação.

Então, o que dizer de Neymar que, também franzino e fraquinho fez sua estreia no Santos aos 17 anos?

O jovem, aos 17 ou 20 anos de idade, é força bruta, gosta de desafios.

Nessa idade, lembro-me de meus jogos na várzea, em campos de terra bruta, jogando contra adversários muitas vezes mais velhos, mais fortes, mais botinudos.

Eram jogo difíceis.

Mas me lembro de jogos disputados no domingo pela manhã. Horas depois, no final da tarde, lá estávamos – eu e alguns companheiros daquele jogo pela manhã -, novamente em campo em outro bairro onde chegávamos transportados por sacolejante carroceria de caminhão.

E à noite, banho tomado e perfumado, encontro com a namorada que durava algumas horas e era preenchido por comparecimentos seguidos e orgásticos.

Ah!, não venha me dizer que Pedrinho, aos 20 anos, é frágil…

Veja os gols da rodada:

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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

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