A culpa dos outros

Quando a inflação se acelera, ocorre também uma inflação de desculpas: ou choveu demais (ou de menos), ou o preço do tomatinho subiu, ou ainda era o gramado que estava pesado. Em momento algum se admite que possa ocorrer algum processo sistemático que explique as variações da taxa de inflação. A impressão é que se trata de um conjunto de acidentes que guardam entre si pouca relação.

No entanto, caso a elevação de preços derivasse da combinação de vários choques aleatórios de preços, alguns subindo, outros caindo, o comportamento temporal da inflação deveria ser muito diferente daquilo que os dados mostram. Num caso extremo, a inflação oscilaria ao redor de zero. Em casos menos exagerados, poderíamos até registrar valores diferentes de zero, mas não elevação ou queda contínua da inflação.

Na prática não observamos nada que se assemelhe a isso. Há períodos de redução continuada da inflação, bem como momentos de aceleração duradoura. Concretamente é muito difícil conciliar a visão “acidental” do processo inflacionário, que atribui sua variação ao efeito de choques, com a observação de movimentos persistentes da taxa de inflação em ambas as direções. Pelo contrário, isto parece indicar que há causas mais profundas, sistemáticas, do comportamento da inflação, a menos que alguém decida acreditar que, de tempos em tempos, os acidentes resolvam ocorrer todos do mesmo lado.

Uma alternativa é a visão que atribui as variações da taxa de inflação ao nível de “folga” sob o qual a economia opera. Assim, em situações de elevada ociosidade de capital e trabalho a inflação tenderia a cair (sob certas condições, em particular expectativas estáveis de inflação). Simetricamente, quando o desemprego se reduz e a utilização da capacidade cresce, não apenas salários tendem a subir, mas os custos também são pressionados. Empresas podem, de fato, criar um terceiro turno, como muitos argumentam, para aumentar a produção; o difícil é convencê-las a não cobrar mais por isto.

Esta tese parece explicar muito bem o comportamento da inflação no país, em particular para o período pós-2005, quando as expectativas inflacionárias ficaram mais bem ancoradas ao redor da meta, como mostrado no gráfico. Definindo o grau de utilização de recursos como a média ponderada do nível de utilização de capacidade na indústria e a taxa de desemprego, observamos que as flutuações desta variável antecipam em cerca de seis meses as variações da inflação.

Visto desta forma, não há nada de acidental na aceleração recente dos preços. A rápida superação da crise praticamente eliminou a folga criada no fim de 2008 e já estamos próximos de níveis de utilização de recursos que pressionam a inflação. Fosse, como já se afirmou, a política fiscal genuinamente anticíclica, veríamos agora um forte esforço de redução de gasto, o que certamente não ocorrerá. O BC pagará a conta e sofrerá as críticas, enquanto os responsáveis seguirão culpando as intempéries e o estado do gramado, mas jamais seu próprio comportamento.

(Publicado 14/Abr/2010)

49 thoughts on “A culpa dos outros

  1. Essa média ponderada de uci e desemprego… tem bases teórica e metodológica bem estabelecidas? Poderias indicar artigos científicos?

    Outra preocupação diz respeito à pequena participação da indústria no PIB… não temos como mensurar a "ociosidade" de recursos no setor serviços, isoladamente…?
    Abraço,
    Luiz Flávio.

  2. Imagine a seguinte função de produção:

    Y = A(K^a)(L^(1-a))

    Em pleno emprego de capital e trabalho o produto seria:

    Y* = A(K*^a)(L*^(1-a))

    Seja y = Y/Y* o hiato de produto. Neste caso:

    y = [(K/K*)^a][(L/L*)^(1-a)]

    A razão K/K* é o NUCI. A razão (L/L*) é (1-desemprego), ou seja:

    Y = [NUCI^a][(1-desemprego)^(1-a)]

    É verdade que não temos um “NUCI” para o setor de serviços, mas há duas ponderações a respeito que ajudam a entender vantagens e limitações desta medida:

    1) Em geral os setores se movem em linha, de modo que variações do NUCI na indústria devem, em média, ser semelhantes ao que ocorre no setor de serviços;
    2) Isto dito, houve uma assimetria importante na última crise, com a indústria sofrendo muito mais que serviços, de modo que o “NUCI” de serviços deve ter caído bem menos, o que ajuda a explicar a resistência da inflação de serviços no período. De forma equivalente, é possível (até provável) que a medida de utilização de recursos que se baseia no NUCI superestime a abertura de hiato de produto, o que pode ajudar a entender porque a inflação caiu menos do que uma leitura superficial do gráfico indicaria.

    Ajudou?

  3. Alex

    Muito legal o artigo e o comentário em resposta ao Luis Flávio, descontando a parte das fórmulas, que para mim são semelhantes a hieróglifos :-). Mas mesmo assim foi possível perceber e compreender as relações entre as variáveis, bem como a sua ponderação hipotética sobre a discrepância do intervalo na parte final do gráfico (é a isso que você se refere quando fala no hiato, né?)

    Sequer intuía a ocorrência de relação entre "grau de utilização de recursos" e inflação que você mostra no gráfico e comenta no artigo e na resposta.

  4. perguntas:

    1) o nuci q nao acelera a inflacao entao seria 88,5%. isso vem de alguma média de mais medio prazo do que 2008 ?

    2) se vc botar tanto inflacao cheia qto nucleos vai dar tao diferente assim? (axo q em 12m nem vai)

    abs

  5. 1) A olho seria isso e uma conta um pouco mais sofisticada (só possível porque o Cris Souza fez toda parte estatística)mostraria 88.6% (bom olho!);

    2) Com a inflação cheia também funciona, mas eu preferi usar núcleo (por exclusão de alimentos e preços administrados) para mostrar que não é uma questão de preço de comida e tarifas públicas.

  6. Os assuntos são muito diferentes, mas é curiosa a coincidência de termos usado títulos semelhantes em nossos posts.
    Abraços.

    terça-feira, 13 de abril de 2010

    A culpa de cada um

    Não resisto a abordar "outro tema": os desastres (evitáveis) que ocorrem por essas bandas.

    Muitos anos atrás, assisti a "Lista de Schindler" (1993) com meu irmão. Eu, que tinha tenros 26 aninhos na ocasião, comentei: como os alemães (em geral) compactuaram com essas atrocidades sem fazer nada?! Meu irmão, 6 seis anos mais velho do que eu, disse: do mesmo jeito que nós nos calamos diante das nossas (sem compará-las em si com o holocausto).

    Lembrei disso diante da "grita" da imprensa, que rapidamente identificou responsáveis, eximindo a si e a todos nós da parcela da culpa que nos cabe diante da calamidade do Rio de Janeiro (de São Paulo, de Santa Catarina etc.).

    Sempre que passo pela Marginal Tietê (esse é só um exemplo) e vejo aqueles barracos pendurados na beira de um córrego, penso (nessa ordem): (i) o que um estrangeiro deve achar disso! (ii) coitados, que vida desgraçada! (iii) nossa, do jeito que o trânsito está, vou me atrasar!

    Obviamente, governantes, atuais e de outrora, têm o dever de evitar que ocorram catástrofes dessa natureza. Mas, convenhamos, cada um de nós, cidadãos e instituições em geral, imprensa inclusive, compartilhamos a culpa, nem que seja por omissão.

    Postado por Joao Paulo Garcia Leal

  7. Paulo:

    Obrigado pelo comentário. A relação é algo mais complicada que um gráfico consegue mostrar, mas o "fato estilizado" sugere mesmo que o grau de folga da economia desempenha papel central na determinação da inflação.

    Abs

    Alex

  8. Ortodoxos tupiniquins, essa vai doer:

    O FMI (Fundo Monetário Internacional) recomendou aos países que se tornaram alvo de fortes ingressos de dólares, como o Brasil, que considerem adotar medidas para restringir essa entrada de capitais.
    A defesa aberta do Fundo a esse tipo de medida é inédita, contraria a opinião de muitos economistas ortodoxos e foi feita na apresentação de parte do "Relatório sobre a Estabilidade Financeira Global".
    Para o FMI, o ingresso "excessivo" de dólares em alguns países pode gerar "bolhas" nos preços de alguns ativos (como ações e imóveis) e apreciar além da conta a moeda local, afetando os exportadores.
    O diagnóstico é que a enxurrada de dinheiro público e dos BCs direcionada aos mercados do mundo desenvolvido a partir da crise de 2008 "vaza" com força para os emergentes, potencializando distorções.

  9. Acho que não dói muito ler o resumo do Capítulo 4 do Global Financial Stability Report do Fundo – não tem nenhuma semelhança com a caracterização do anônimo preguiçoso das 10:49:

    “There are a number of policy options available to policymakers of liquidity-receiving economies in response to surges in global liquidity and capital inflows. The menu of policy responses for mitigating risks related to capital inflow surges includes the following:

    • A more flexible exchange rate policy, in particular when the exchange rate is undervalued. The analysis shows that a floating exchange rate provides a natural buffer against surges in global liquidity and ensuing valuation pressures on domestic assets.

    • Reserve accumulation (using sterilized or unsterilized intervention as appropriate).

    • Reducing interest rates if the inflation outlook permits.

    • Tightening fiscal policy when the overall macroeconomic policy stance is too loose.

    • Reinforcing prudential regulation.

    If conditions allow, liberalization of outflow controls can also prove useful. The appropriate policy mix will depend on country-specific conditions.

    When these policy measures are not sufficient and capital inflow surges are likely to be temporary, capital controls may have a role in complementing the policy toolkit. However, more permanent increases in inflows tend to stem from more fundamental factors, and will require more fundamental economic adjustment. Of course, well-formulated macroeconomic policies throughout the economic cycle can help to avoid a surge or abrupt reversal of capital inflows.”

  10. O GFSR também comenta em termos bem específicos sobre a experiência brasileira com controle de capitais, tanto nos anos 90 quanto mais recentemente:

    Foreign exchange taxes appear to be mostly ineffective in reducing exchange rate pressures , but they can alter the composition of inflows toward longer term maturities and reduce somewhat the volume of flows in the short run.26 These taxes can be flexibly adjusted—in terms of both rate and coverage—in response to the challenges posed by capital flows, but can be circumvented over time by misreporting and misclassification. For example, Brazil adopted a tax on capital inflows—the “entrance tax”—on certain foreign exchange transactions and foreign loans during 1993–97, in combination with a number of administrative controls on certain types of inflows.27 The regulations were adjusted at times of depreciation pressures on the exchange rate (during the Mexican and Asian crises), and the tax was reimposed later in 2008 (see Annex 4.3 for more details on Brazil) and in the fall of 2009 when the surge of capital inflows returned. The 2008 tax episode did not have a statistically significant effect on net inflows or on the maturity composition of inflows according to our VAR estimation.

    27A study on the controls in Brazil in the 1990s shows that taxes on certain short-term inflows resulted in a large increase of longer-term transactions such as FDI; however, this was only a result of disguising short-term flows as long-term ones. Therefore, the de facto maturity-lengthening effect was much less pronounced than evidenced by the reported numbers (Carvalho and Garcia, 2008).

  11. Fiquei em dúvida sobre suas consideraçòes sobre os preços administrados, como energia e similares. Estes subiram bem acima da inflação e certamente estariam puxando outros aumentos de preço. Para piorar, não é com taxa de juros que se combaterá tais aumentos de preços administrados.

  12. Finalmente, o relatório do FMI (acessivel aqui: http://www.imf.org/external/pubs/ft/gfsr/2010/01/index.htm ) conclui que o IOF contribui para permitir que as taxas de juros no Brasil sejam mais altas

    Our VAR estimates indicate that the taxes introduced in 2008 did not have a significant effect on the overall volume and maturity structure of capital inflows or the real exchange rate. This may be explained partially by the ability of some market participants to circumvent the controls. However, it seems that the tax has provided for greater monetary independence, as it contributed to maintaining an increasing interest rate spread for two quarters.

  13. "Fiquei em dúvida sobre suas consideraçòes sobre os preços administrados, como energia e similares. Estes subiram bem acima da inflação e certamente estariam puxando outros aumentos de preço. Para piorar, não é com taxa de juros que se combaterá tais aumentos de preços administrados"

    Hmmm…

    Jan-Mar 2010

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  14. Alex

    Implicito na equação que vc fez para determinar o hiato, está que o hiato da PTF é igual a zero. Sempre fiquei com dúvidas sobre se existe uma explicação teórica que possa justificar isso, ou se é só uma hip. simplificadora para conseguirmos fazer os cálculos com séries mensais.

    Abs

  15. "Implicito na equação que vc fez para determinar o hiato, está que o hiato da PTF é igual a zero."

    É verdade. Do ponto de vista teórico, deveria ser assim, não? Podemos imaginar desocupação de fatores, mas não usar a melhor técnica disponível é bem esquiito.

    Na tradução, porém, para a questão prática, mesmo estimativas trimestrais de PTF são boçalmente voláteis e acabamos sendo forçados a suavizar as estimativas (o Cris usou filtro de Kalman, se não me falha a memória) e aí aparecem discrepâncias enter PTF "observada" (o resíduo, na verdade) e a tendência suavizada.

    Aí eu me ancoro na teoria e, de fato, suponho A=A*.

    Abs

    Alex

  16. Quanto aos preços administrados, teriamos que pegar periodos maiores para que a afirmativa continuasse válida ou quem sabe separar alguns itens. De qualquer forma, o governo Lula, segundo me lembro, se caracterizou por segurar estes preços de forma que não sei bem precisar.Além disso, temos um balaio de gato em preços administrados (energia, telefonia etc e convenhamos substituir energia é ir para a vela, mas telefone ainda poderíamos apelar para a internet ou quem sabe as cartas).Gosto desse blog, porque você traz logo os números, mesmo sabendo que os números, nesta pátria amada idolatrada, são uma bagunça e que por vezes nos levam a cometer erros.

  17. Caro O,

    E daí? A pergunta é: O FMI disse ou não que controles de capitais podem funcionar, ainda que sob certas condições?

    Única resposta correta: Sim.

  18. "…Empresas podem, de fato, criar um terceiro turno, como muitos argumentam, para aumentar a produção; o difícil é convencê-las a não cobrar mais por isto."

    Seria bom mandar isso para o congresso. Aqueles nefilibatas estão loucos para aprovar a lei que vai reduzir a jornada de trabalho.

    Abs

  19. Alex

    Nós, liberais nos concentramos muito no conteúdo do discurso. Defendemos que certas idéias são superiores e são selecionadas porque são mais eficientes e produzem mais justiça e mais prosperidade.

    Estamos certos. As idéias liberais produziram muito mais liberdade, igualdade de oportunidades e prosperidade. O caminho socialista é uma religião porque nunca, nunca deu certo.

    Defendemos que dois indivíduos tenham escolhas completamente opostas. Um vai perambular pelo mundo andarilho e o outro vai sacrificar tempo com estudo e trabalho árduo. O primeiro pode chegará à velhice rico de experiências. O outro pode chegar rico materialmente, culto, poderoso, sem muitos amigos. Quem está certo? Ambos, porque cada um foi livre para escolher seu caminho. Se o segundo trilhou seu caminho cumprindo as leis e respeitando seus semelhantes, sua escolha foi até mais nobre porque terá deixado um rastro de prosperidade atrás de si. O andarilho não pode é chegar à maturidade e dizer que foi injustiçado e querer partilhar da riqueza do outro.

    O discurso político é essencialmente desprovido de conteúdo. O seu propósito é a conquista e a manutenção do poder. Cuba serve merda aos seus cidadãos mas os defensores daquele regime dizem que o povo come filé. Um indivíduo em Cuba sabe o beabá, mas não pode ler ou escrever o que quiser. É alfabetizado o suficiente para ser um autômato em uma engrenagem macabra e chamam a isso de educação. Esse conteúdo é desprovido de conteúdo no mérito, na ética ou na moral.

    Nunca vamos convencer um socialista de que o liberalismo é a melhor alternativa para uma sociedade. Estaremos presos no conteúdo e alheios da política. Um socialista sabe que o liberalismo é superior. Ele nunca vai é admitir isso publicamente porque o seu objetivo é a conquista do poder. O povo que se exploda como acontece na Venezuela.

    Espero que você tenha entendido aonde quero chegar.

  20. “E daí? A pergunta é: O FMI disse ou não que controles de capitais podem funcionar, ainda que sob certas condições?

    Única resposta correta: Sim.”

    E daí que desde que Cristo andou sobre a Terra, ou até antes disso, o FMI NUNCA foi incondicionalmente contra controles de capitais. Voce está basicamente se regozijando que um cachorro latiu (aproveitando a rima: fez papel de imbecil).

  21. Por exemplo, em 2000, na publicação “Capital Controls: Country Experiences with their use and Liberalization” (disponível no books.google), eles já diziam:

    “Limiting macroeconomic and financial instability is among the most widely shared objectives, and macroeconomic policies, capital controls, and prudential measures may all have a role to play in achieving this goal.”

    Resumindo:

    Ao ficar surpreso com o FMI aceitando um papel para controles de capital dentro do instrumental aceitável para policymakers tentando limitar instabilidade, você, Sr. ou Sra. 12:42, demonstrou sua ignorância, que você não é do ramo, que você é uma fraude.

    ":O"

  22. “Prove it!”

    Quem tem que provar é você. Eu não posso provar um negativo. Teria que ler todos os pronunciamentos oficiais do FMI desde que Keynes corria atrás de meninos em Londres… Você por outro lado somente tem que achar um único documento em que o FMI tenha defendido livre movimento de capitais incondicionalmente.

    Não vai conseguir, obviamente, porque o FMI NUNCA foi incondicionalmente a favor de movimento livre de capitais. Se você fosse do ramo, saberia disso.

  23. Meus caros,
    Esta questão sobre a livre movimentação de(a) capital é um assunto particularmente importante para os cariocas. Parece que foi muito ruim para eles a movimentação da capital do Rio para Brasília. E tudo parece ter piorado com a junção dos estados do Rio e da Guanabara (muito relacionado com a idéia de existência diferentes estados da natureza e a capacidade dos agentes de distinguí-los). Pois bem, nesta última questão fica a dúvida, COMO DISTINGUIR ESTES DIFERENTES ESTADOS SE OS DOIS FORAM JUNTADOS A FORÇA PELO REGIME MILITAR?
    Isto só mostra que a economia é incapaz de explicar tudo!!!!
    Saudações.

  24. Alex,

    Vendo a curva e sabendo da defasagem de 6 meses, como ficam as expectativas de inflação? Não teriam de já indicar uma boa subida, e, tendo em conta que o BC ainda não subiu os juros, que terá de fazê-lo em escala maior que os 50ptos?
    Obrigado.

  25. "Vendo a curva e sabendo da defasagem de 6 meses, como ficam as expectativas de inflação? Não teriam de já indicar uma boa subida, e, tendo em conta que o BC ainda não subiu os juros, que terá de fazê-lo em escala maior que os 50ptos?"

    Já vêm subindo e, provavelmente, continuarão a fazê-lo nas próximas semanas.

  26. Tios,

    trabalhar com uma funcao de producao com mais elementos (em particular que considere o comportamento tratado pela moderna teoria de custos de Tios como o Stigler) muda os resultados ?

  27. "Já vêm subindo e, provavelmente, continuarão a fazê-lo nas próximas semanas."
    Principalmente com vendas no varejo chutando a "acomodação da demanda".
    Será que a Selic volta pra cima dos 13%?

  28. "Para quem acompanha as medidas de expectativas de inflacão para 6 ou 12 meses a frente, poderiam me informar se ,nos últimos anos, os erros dessas medidas foram significativos."
    Acompanho um pouco e se não me engano as expectativas erram pra baixo e pra cima igualmente (50/50, ou seja não têm um viés). E são excessivamente influenciadas pela inflação de curto prazo (ou seja, humanos errando).

  29. "Para quem acompanha as medidas de expectativas de inflacão para 6 ou 12 meses a frente, poderiam me informar se ,nos últimos anos, os erros dessas medidas foram significativos."

    Eu acho que as perguntas interessantes sobre as expectativas Focus são as seguintes:

    1) Elas erram?

    Sim. Há desvios importantes das expectativas 12 meses à frente relativamente à inflação observada. A bem da verdade observa-se alguma redução do erro médio quadrático no período mais recente (a grande exceção foi a aceleração inflacionária de 2008), que, de qualquer forma pode se dever à própria redução da inflação;

    2) As expectativas Focus são racionais (isto é, os erros de projeção são ruído branco?)

    Provavelmente não. Há evidência que as expectativas são exageradamente afetadas por surpresas inflacionárias (para cima e para baixo) correntes e que os erros não são ortogonais.

    3) As expectativas Focus refletem as expectativas dos formadores de preços?

    Aqui a resposta parece ser positiva. Na maior parte das estimativas de curva de Phillips que vi as expectativas Focus aparecem como significantes e desempenhando papel central.

    Ou seja, mesmo com erros (que ocorreriam mesmo se as expectativas fossem racionais), mesmo com indicações que os erros não são ruído branco, as expectativas parecem ser centrais para a formação de preços correntes.

    4) As expectativas reagem à política monetária?

    Aqui a resposta é menos clara. Parece que sim, mas não exclusivamente e esta reação aparenta ser um fenômeno mais recente. Acredito que isto dê uma bela tese de mestrado.

  30. "trabalhar com uma funcao de producao com mais elementos (em particular que considere o comportamento tratado pela moderna teoria de custos de Tios como o Stigler) muda os resultados ?"

    Boa pergunta. Você tem uma resposta?

  31. Você por outro lado somente tem que achar um único documento em que o FMI tenha defendido livre movimento de capitais incondicionalmente.

    Acuma?

    Você é que basta achar QUALQUER DECLARAÇÃO DO FMI apoiando controle de capitais (CONDICIONAIS OU NÃO). UMA. QUALQUER.

    Antes de 2009, ok?

  32. "Boa pergunta. Você tem uma resposta?"

    Não…qria um insight no assunto pq to lendo Stigler e a Koutsoyannis ("Modern Microeconomics") agora…

  33. "Você é que basta achar QUALQUER DECLARAÇÃO DO FMI apoiando controle de capitais (CONDICIONAIS OU NÃO). UMA. QUALQUER. "

    Veja minha resposta das 14:41, caro anônimo comedor de barriga. Ao que me consta, 2000 vem antes de 2009 (digo, no caso sem fatorar a incerteza não probabilistica…)

  34. Alex,

    esse índice de utilização de capacidade segundo o próprio pessoal do IBRE é muito impreciso… esse conceito não é bem compreendido pelas firmas, e em geral acaba expressando percepções em relação ao cenário econômico. Algo que confirma isso é que a utilização de capacidade praticamente não varia (de 87% a 90% a variação é ínfima, em termos de alteração efetiva na operação) mas a inflação 6 meses a frente varia de 2.5% a 6.5%, o que é muito. Isso aponta no sentido de que essa medida de utilização de capacidade provavelmente está refletindo mais demanda esperada, por exemplo, para uma dada capacidade, e portanto se aproxima mais de uma medida de inflação esperada que realmente de utilização de capacidade.

    Abs

  35. Bom comentário Guilherme.

    Isto dito, se usar o índice da CNI vou chegar a resultados muito parecidos.

    Na verdade, por mais impreciso que o número seja, no sentido de responder exatamente a qual nível de utilização de capacidade a empresa X opera, basta que ele seja razoavelmente correlacionado com o número verdadeiro.

    E, por mais que num artigo de jornal eu tenha que apresentar o gráfico em duas dimensões, sabemos que há outras coisas afetando a inflaçao também (expectativas, câmbio, choques). O ponto é mostrar que há pelo menos uma relação sistemática que parece ser importante, ligada a a;guma medida de "folga" na economia.

    Abs

    A

  36. Quando aumenta o nivel de utilização dos recursos, a inflação se acelera por pressoes de demanda (excesso de demanda elevando preços mais rapidamente) ou porque os aumentos de custos podem ser transferidos aos preços (numa economia de baixa utilização as margens de lucro podem cair quando aumentam os custos)???

    A aceleração da inflação brasileira neste primeiros meses de 2010 deve-se a excesso de demanda ou a possibilidade de repassar custos aos preços?

    Provavelmente no 2º semestre os excessos de demanda serão mais evidentes…

    O que voce acha Alex???

    Ricardo Barboza

  37. "inflação se acelera por pressoes de demanda (excesso de demanda elevando preços mais rapidamente) ou porque os aumentos de custos podem ser transferidos aos preços?"

    São duas faces da mesma moeda.

  38. Professor,

    a economia brasileira ano passado cresceu 0%. Grosso modo, se crescer 6% esse ano, daria um crescimento medio em 2 anos de 3% a.a.
    Sera que realmente a economia brasileira nao tem potencial para ter um crescimento medio de 3% a.a?
    Porque se nao for assim, nao haveria porque supor que a inflaçao atual seja decorrente de excesso de demanda, ou em outras palavras, que nao ha folga na capacidade atual…

    O que acha desse raciocinio?

  39. Assunto interessante para quem é do ramo ou para quem não quer ser lesado: U.S. Accuses Goldman Sachs of Fraud – http://www.nytimes.com/ – O Banco vendeu ativo podre e depois apostou contra os clientes que compraram o cocô. Pergunto: os caras que inventam essas coisas seriam economistas, administradores, financistas ou simplesmente vagabundos?

  40. Alex ta precisando fazer umas genuflexão diante o livro de Friedman.

    Depois que o FED injeta liquidez o mercado se recupera e a economia volta a crescer.O problema foi que os givernos não deixaram o mercado se ajustar.

  41. "Alex ta precisando fazer umas genuflexão diante o livro de Friedman."

    Farei quando você conseguir tirar as dianteiras do chão e tirar a grama dos dentes.

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