Por que não falar de bicicleta? Coluna Mário Marinho
Por que não falar de bicicleta?
COLUNA MÁRIO MARINHO
Não dá para não comentar o golaço de Cristiano Ronaldo. Não, não dá.
Não foi o primeiro nem será o último.
Mas, a ocasião, a importância do jogo, a plateia – tudo isso forma um cenário que torna o feito ainda mais sensacional.
Some-se também o fato de a torcida do Juventus aplaudir o craque do Real Madri de pé.
Essa é uma cena incrível: aplaudir com muito respeito aquele que acaba de lhe proporcionar imensa dor.
Há controvérsia sobre quem e quando inventou essa jogada acrobática, magistral.
Parece certo que a jogada foi criada na América do Sul. Mais precisamente, em portos chilenos e peruanos.
Marinheiros ingleses aproveitavam as folgas jogando futebol com os locais. O que aconteceu também no Porto de Santos.
Entretanto, conta-se que no porto peruano chamado El Callao o futebol tornou-se uma paixão e lá teria sido executada pela primeira vez a jogada que recebeu o nome de “tiro de chalaca” em referência a um temido demônio local.
No Brasil também há controvérsias sobre quem foi o autor da primeira jogada de bicicleta.
O historiador amazonense Gaspar Viera Neto cita o também o amazonense Marcolino Lopes como o primeiro futebolista brasileiro a usar essa jogada com maestria, ainda na metade da década de 1910.
O paulista Petronilho de Brito também é apontado por alguns como o inventor da jogada em meados da década de 20.
Mas, não há a menor dúvida de que Leônidas da Silva foi o grande artista da bicicleta nos anos 30-40 aqui no Brasil.
A primeira bicicleta documentada de Leônidas aconteceu no dia 24 de abril de 1932 quando ele era jogador do Bonsucesso carioca.
Repetiu a jogada algumas vezes no Flamengo e, mais tarde, no São Paulo. Essa jogada clássica ficou imortalizada pela foto feita no jogo contra o Juventus-SP, no dia 13 de novembro de 1948. Ei-la:
Na Copa do Mundo de 1938, Leônidas chegou a marcar um gol de bicicleta que foi prontamente anulado pelo juiz que nunca tinha visto a jogada e a considerou ilegal.
Por usar repetidamente a acrobática jogada, Leônidas ganhou o apelido de “Homem borracha”.
Entre os anos de 1956, quando estreou, e 1974, quando parou com o futebol no Brasil, Pelé fez a jogada inúmeras vezes e marcou alguns gols.
Veja algumas jogadas do Rei:
Agora, gols de bicicleta de fora da área:
https://youtu.be/Ml3ERWCg6zY
E, por fim, dez gols incríveis de Cristiano Ronaldo
https://youtu.be/uQ1EAe4Qtcs
Domingo de
grandes finais
Sabe-se que o futebol, como as coisas divinas, muitas vezes tem sua história certa escrita por linhas tortas.
Daí, a explicação para velhas frases, como esta: “Nem sempre vence o melhor”.
Mas, os paulistas de todo o Brasil terão chance de ver a final com os dois melhores times do campeonato: Palmeiras e Corinthians.
O Verdão, que fez a melhor campanha de todos, venceu o primeiro jogo, na casa corintiana, 1 a 0, e agora entra em campo, em sua casa, com a vantagem do empate.
É uma vantagem e tanto.
Em Minas, o Galo também leva vantagem contra o Cruzeiro, em decisão no Mineirão.
No primeiro jogo, domingo passado, o Estádio Independência, o Galo meteu 3 a 1 na Raposa e poderia até ter ampliado. Com imensa vantagem, pode até perder por 1 a 0 que será o campeão mineiro.
No Rio, Vasco e Botafogo fazem o jogo final. A tônica do Carioca nesta reta final foi a sequência de jogos com muitos gols e gols decisivos no último minuto, como foi a vitória do Vasco sobre o Botafogo, 3 a 2, domingo passado. Neste domingo, no Maracanã, o Vasco joga pelo empate.
Em Fortaleza, Rogério Ceni tenta seu primeiro título como técnico. No primeiro jogo, foi derrotado pelo Ceará, 2 a 1, e ouviu a torcida chamando-o de burro. Ceni não perdeu a esportiva e declarou na entrevista coletiva: “Todo técnico um dia foi chamado de burro ou ainda será. Se eu for campeão, a torcida vai gritar: inteligente! Inteligente!”
No Paraná, o Coritiba acabou com a invencibilidade do Atlético Paranaense, 1 a 0 em casa, e agora joga pelo empate na casa do adversário.
Em Recife, o Náutico recebe o Central, de Caruaru, para o jogo final na Arena Pernambuco. O primeiro jogo, no domingo passado, em Caruaru, foi desprovido de emoções e ficou num pálido 0 a 0.
Na Bahia, Vitória e o Bahia decidem o título no Barradão. No primeiro jogo, na Fonte Nova, o Bahia venceu por 2 a 1. O empate lhe dá o título.
No Rio Grande do Sul, o Grêmio, que está há sete anos sem comemorar um título gaúcho, pode até entrar em campo de bombacha para enfrentar o Brasil, em Pelotas.
No primeiro jogo, em Porto Alegre, o Grêmio sapecou 4 a 0 no adversário e agora pode perder até por 3 a 0 que, mesmo assim, tomará o chimarrão do título.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo, foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)