Três gráficos sobre as contas públicas no Brasil

O primeiro gráfico mostra a despesa primária consolidada do setor público (União, estados e municípios), construído a partir de dados da STN. Após o ajuste de 1999, quando a despesa total ficou pouco acima de 29% do PIB, houve uma expansão quase constante – brevemente interrompida em 2003 – trazendo o gasto primário total para 35,2% do PIB (um aumento de 6% do PIB em 9 anos).

O segundo gráfico mostra dados coletados por Sérgio Gobetti (“Qual é a taxa de investimento público no Brasil?”), revelando a evolução do investimento público no país.

O terceiro apenas junta as duas informações, mostrando que, dos 6% do PIB de aumento do gasto primário, 0,7% resultam de investimentos mais elevados, enquanto 5,2% vêm da expansão do gasto corrente.

Para ser sincero, eu acho que posso já ter divulgado estes dados em algum post mais antigo, mas me confesso sem a menor paciência de procurar. De qualquer forma, acredito que resumem muito bem o padrão de política fiscal no Brasil.

P.S. Para poupar o trabalho de quem pensar em enviar um comentário falando da conta de juros, eu noto que esta era 7,8% do PIB em 1999 e caiu para 5,4% do PIB em 2008 (registrando o mesmo valor em 2009 e nos 12 meses terminados em maio de 2010).

21 thoughts on “Três gráficos sobre as contas públicas no Brasil

  1. Então tá bom, os juros também pesam. para se contrapor ( não sei bem a que) sugiro o trabalho DEspesas Correntes da União: visoes, omissoes e opçoes de Ronaldo Coutinho Garcia, de janeiro de 2008 IPEA.

  2. "0,7% resultam de investimentos mais elevados, enquanto 5,2% vêm da expansão do gasto corrente."
    5,3%*

    Aproveitando que o investimento público foi mencionado, qual é sua opinião sobre a inclusão das estatais nesse cálculo?
    Nesse caso, o investimento público fica em 4,38% para 2009.

  3. "Aproveitando que o investimento público foi mencionado, qual é sua opinião sobre a inclusão das estatais nesse cálculo?
    Nesse caso, o investimento público fica em 4,38% para 2009."

    Bom, aí teríamos que incluir os gastos correntes das estatais também, não é mesmo?

  4. Alex
    Gastos correntes das estatais não contam. As estatais tem gastos correntes próprios. Pela LRF a União não pode injetar dinheiro nelas para esse tipo de despesa. Só pode para investimentos e ações. Portanto, entram os investimentos das estatais e saem os gastos correntes.

  5. Pô, bambino, eu sou mal desenhista e vou tentar por em palavras. As estatais independentes são SAs (economia mista). Juridicamente são instituições privadas e tem personalidade distinta do governo. A parte do governo é só aporte e despesas de capital. Elas que se explodam para financiar despesas correntes. O governo fica com os dividendos, se houver. Para ser rigoroso e justo você tem de considerar gasto público só a parte que o governo financia e receitas apenas os dividendos que porventura receber.

    O

  6. "eu sou mal desenhista "?

    "s estatais independentes são SAs (economia mista). Juridicamente são instituições privadas e tem personalidade distinta do governo. A parte do governo é só aporte e despesas de capital"

    Errado

    "Para ser rigoroso e justo você tem de considerar gasto público só a parte que o governo financia e receitas apenas os dividendos que porventura receber."

    Errado de novo.

    Vale a tentativa. Estude mais um pouco e tente novamente quando sair da Dimensão Z.

  7. UMA CURIOSIDADE (E PERGUNTA): a Selic caiu de + – 25% para 8,75%. Para onde foi a redução da despesa pública com juros? Esta é pergunta é para a turma que prega redução de juros básicos (mesmo com um pouco mais de inflação e sem considerar os efeitos sobre os juros longos de mercado) para resduzir a despesa pública (desconhecem a taxa de equlíbrio, e os juros básicos adequados. A receita é sempre: reduza a selic).

  8. Ai meu Deus…

    Os investimentos das estatais não devem entrar na conta do investimento público pelo mesmo motivo que os dividendos que a Petrobrás paga a seus acionistas, as gorjetas que seu vice-gerente de perfuração paga na casa de massagens da mãe do [coisa ruim] e o décimo-terceiro salário pago pela padaria do Manoel também não devem entrar.

    Ora, porque não são investimentos públicos!

  9. "UMA CURIOSIDADE (E PERGUNTA): a Selic caiu de + – 25% para 8,75%. Para onde foi a redução da despesa pública com juros? "

    Leia: "Who Wants to be a Millionaire", último relatório econômico do Banco Santander.

    Sério: me mande um e-mail (alexandre.schwartsman@hotmail.com.br) e eu mando o relatório. Basicamente a elevação dos empréstimos ao BNDES financiado por elevação da dívida bruta impediu que a queda da Selic se materializasse em redução do custo da dívida líquida.

  10. Beleza gigante, o governo controla as estatais com o mínimo de ações necessárias, cerca de 25%. Peguemos a Petrobrás como exemplo. Para um novo aporte total de 100 milhões, o governo entra com 25 milhões só para despesas de capital. O restante é por conta dos acionistas privados, digamos mais 25 milhões para investimento e 50 milhões para custeio. Quanto você contabiliza com investimento público, 25 ou 50 milhões. Quanto de custeio público, 0 ou 50 milhões. Para um lucro líquido de 10 milhões, quanto de receita pública, 2,5 ou 10 milhões?

  11. Não estou entendendo qual é o problema. Se quiser colocar investimento das estatais, tem que colocar todas as suas contas (gasto correntes, etc). Não tem q contabilizar a parte do gasto da estatal que foi financiada por uma injeção de capital feita pelo governo.

    Sem mistério.

  12. Who Wants to Be a Millionaire?
    Muito obrigado. Texto excelente. Todos deveriam ler. Até os candidados à presidência (faria muito bem ao Serra). Mas a turma que receita inflação e estagflação(a maioria sem ter a coragem de dizer) continuará do contra (na verdade são esquerdinhas envergonhados e derrotados querendo refugiar-se em Keynes, para continuar com as boquinhas do dinheiro dos contribuintes).

  13. E a poupança pública, em que pé está?

    Alex, vc não acha q a poupança pública é subutilizada como indicador de desempenho das contas públicas?

    Abs,

    Gustavo

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