As balas perdidas encontram crianças aqui no Rio. Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

As balas perdidas encontram crianças aqui no Rio

Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa 

Estamos perdendo nossas crianças e não me refiro apenas às vítimas fatais de tiroteios. Refiro-me também ao desprezo que temos pelo nosso futuro

Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 
na Veja online, 9 de fevereiro de 2018
Há quem diga que o carioca está desligado de seu sofrimento. Não está não. Quem está desligado de nosso sofrimento é o Governo Federal que não assumiu ainda as rédeas desta cidade. O Rio não pode continuar nas mãos deste desgoverno que promete tanto e nada faz.
Sofremos diariamente com notícias terríveis. Estamos perdendo nossas crianças e não me refiro apenas às vítimas fatais de tiroteios entre policiais e bandidos, bandidos e bandidos e policiais e policiais.
Refiro-me também ao desprezo que temos pelo nosso futuro. Como assim? Bem, em minha opinião, ao não demonstrar, com vigor, aos jovens, que não queremos continuar a viver sob o terror em que estamos vivendo.
Temos que mostrar-lhes que não estamos nada satisfeitos com essa situação. Temos que lhes fazer ver que eles são o que temos de mais importante e que suas vidas são nosso maior valor.
Neste mês de fevereiro perdemos duas crianças e estamos com outra internada em estado grave, as três vítimas de tiros. A TV noticia as mortes e nos mantém a par do estado do pequenino internado, mas em seguida nos mostra a cidade em pleno batuque, sambando como se não houvesse vítimas a prantear.
Será que estamos com o coração tão leve a ponto de sambar e cantar, livres, leves e soltos?
Sei que muitas pessoas acham que o Carnaval alivia o sofrimento, permite que o povo desabafe. Acham que a festa anima e dá nova vida à cidade. Eu me pergunto o seguinte: não era melhor primeiro retomar o controle de nossa cidade e só então festejar o Carnaval? Ou será que acham que durante o Carnaval os bandidos viram anjos?
O governador Pezão, que foi vice-governador do presidiário Sergio Cabral, não teve tempo para ler o projeto do Governo Federal para a retomada da Segurança Pública aqui em nossa cidade pois tinha uma reunião em Brasília com outros governadores para assuntos de interesse geral do Brasil. Será que eram assuntos mais importantes que a tenebrosa situação do Rio de Janeiro?
O que não adianta é fingir que não estamos em perigo. É perigo e é grave, medonho, pois está roubando nosso maior tesouro, as crianças.
Perdemos, desde 2007, 44 crianças vítimas de tiroteios, segundo a ONG Rio de Paz. Em 2017 foram dez as vítimas.

… Será que estamos com o coração tão leve a ponto de sambar e cantar, livres, leves e soltos?

E agora, no início de 2018, já temos três vítimas:
Jeremias, de 13 anos, não estava na escola porque a instituição estava fechada por ordem da polícia. Morreu baleado.
Emiliy, de 3 anos, saía de uma lanchonete acompanhada dos pais. Morreu.
E nós estamos em estado de vigília pedindo a Deus pela recuperação de João Pedro, de 4 anos, que está numa UTI em estado grave. Foi vítima de um tiroteio.
Confesso que já ando com medo de ler os jornais, ou ligar a TV ou o rádio, e ficar sabendo de mais crianças vítimas de tiroteios.
E peço um favor: não digam que o Rio não sofre com essa situação. Sofre, sim. E muito.
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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.

https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa

1 thought on “As balas perdidas encontram crianças aqui no Rio. Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

  1. Está circulando na Internet:

    “VOCÊ ESTUDOU HISTÓRIA DO BRASIL?

    Certamente em nenhuma escola te ensinaram o que se segue.

    SEIS CONSTITUIÇÕES FEDERAIS
    1891
    1934
    1937
    1946
    1967
    1988

    9 MOEDAS
    Réis: até 1941
    Cruzeiro: 1942
    Cruzeiro Novo: 1967
    Cruzeiro: 1970
    Cruzado: 1986
    Cruzado Novo: 1989
    Cruzeiro: 1990
    Cruzeiro Real: 1993
    Real: 1994

    SEIS VEZES CONGRESSO FECHADO
    1891
    1930 – 34
    1937 – 46
    1966
    1968 – 69
    1977

    SEIS GOLPES DE ESTADO
    1889
    1930 – 34
    1937 – 45
    1945
    1955
    1964 – 85

    UM PLEBISCITO IGNORADO
    Venda de armas: 2005

    13 PRESIDENTES QUE NÃO CONCLUÍRAM O MANDATO
    Deodoro: 1891
    Afonso Penha: 1909
    Rodrigues Alves: 1918
    Washington Luís: 1930
    Júlio Prestes: 1930
    Vargas: 1945 e 1954
    Carlos Luz: 1955
    Jânio Quadros: 1961
    João Goulart: 1964
    Costa e Silva: 1969
    Tancredo Neves: 1985
    Collor: 1992
    Dilma: 2016

    31 PRESIDENTES NÃO ELEITOS DIRETAMENTE (também considerando posse de interinos)
    Deodoro: 1889*
    Floriano Peixoto: 1891*
    Prudente: 1894*
    Campos Sales: 1898*
    Rodrigues Alves: 1902*
    Afonso Penha: 1906*
    Nilo Peçanha: 1909*
    Fonseca: 1910*
    Venceslau: 1914*
    Rodrigues Alves: 1918*
    Delfim Moreira: 1918*
    Epitácio: 1919*
    Arthur: 1922*
    Washington Luis: 1926*
    Júlio Prestes: 1930*
    Vargas: 1930
    José Linhares: 1945
    Café Filho: 1954
    Carlos Luz: 1955
    Nereu Ramos: 1955
    Ranieri Mazilli: 1961
    João Goulart: 1961
    Castelo Branco: 1964
    Costa e Silva: 1967
    Médici: 1969
    Geisel: 1974
    Figueiredo: 1979
    Tancredo Neves: 1985
    José Sarney: 1985
    Itamar Franco: 1992
    Michel Temer: 2016
    *Presidentes do Período da República Velha marcado pelas fraudes eleitorais e o coronelismo.

    31 REVOLTAS E GUERRILHAS
    Golpe Republicano: 1889
    Primeira Revolta de Boa Vista: 1892-1894
    Revolta da Armada: 1892-1894
    Revolução Federalista: 1893-1895
    Revolta de Canudos: 1893-1897
    República de Curani: 1895-1900
    Revolução Acreana: 1898-1903
    Revolta da Vacina: 1904
    Segunda Revolta de Boa Vista: 1907-1909
    Revolta da Chibata: 1910
    Guerra do Contestado: 1912-1916
    Sedição de Juazeiro: 1914
    Greves Operárias: 1917-1919
    Levante Sertanejo: 1919-1930
    Revolta dos Dezoito do Forte: 1922
    Revolução Libertadora: 1923
    Coluna Prestes: 1923-1925
    Revolta Paulista: 1924
    Revolta de Princesa: 1930
    Revolução de 1930: 1930
    Revolução Constitucionalista: 1932
    Revolta Mineira: 1935-1936
    Intentona Comunista: 1935
    Caldeirão de Santa Cruz do Deserto: 1937
    Revolta das Barcas: 1959
    Regime Militar: 1964
    Luta Armada: 1965-1972
    Guerrilha de Três Passos: 1965
    Guerrilha do Caparaó: 1967
    Guerrilha do Araguaia: 1967-1974
    Revolta dos Perdidos: 1976

    Como pode tanta gente realmente acreditar que o país sempre foi tranquilão e só agora que está com algum distúrbio?

    Vivemos em um país que sempre foi manipulado pelos “doutores da lei”. Temos uma elite política doutrinada a deixar de lado seus pares, o povo. A vontade que emana é deles próprios!

    ———————————

    Não levemos nada disso a sério, viu?
    No máximo, apenas para refletirmos um pouco, tá?

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