O vento sopra e a política levanta poeira. Na Mira, com o Cacalo
Coisa curiosa, os mesmos argumentos usados pelo pessoal defensor de que Cristiane Brasil deve e pode tomar posse como ministra apesar de ter sido condenada em ação trabalhista são usados pelo outro lado para sustentar a possibilidade de Lula participar das próximas eleições apesar de condenado. Houve um episódio anterior, quando Dilma tentou nomear Lula como chefe da Casa Civil para dar-lhe foro privilegiado, manobra sustada por Gilmar Mendes. À época, os governistas de então usaram o argumento alegado pelos de hoje, a nomeação de um ministro é prerrogativa exclusiva da Presidência. Como se vê, as justificativas dependem do lado para o qual o vento sopra. O único fato que fica patente é que nenhum dos lados se preocupa com o o tal do princípio da moralidade, somente com suas visões parciais, simpatias e antipatias.
Quem está muito feliz com o auê em torno de Lula é Aécio Neves, todos se esqueceram dele, imprensa e Justiça. E, como não é burro – é otras cositas más, más nas duas línguas –, fica se fingindo de morto.
Será que há limites para a baixeza dos defensores de que um condenado pela Justiça possa concorrer à Presidência da República? No momento, no Rio, divulgam cartazes com foto de Sergio Moro e Aécio Neves tirada em um evento da revista IstoÉ alegando que é prova da parcialidade do juiz. Por quê, então, não publicam também fotos de Lula, seu patrocinado Fernando Haddad e Paulo Maluf, sorridentes, apertando as mãos uns dos outros, com Haddad recebendo tapinhas carinhosos do hoje prisioneiro na Papuda?
Hipocrisia, ao que parece, não tem limites entre os defensores do indefensável.
(CACALO KFOURI)
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