PERSONAGENS DAS COPAS DO MUNDO – XI

1978: Jorge Mendonça, o craque esquecido.

COLUNA MÁRIO MARINHO

Foi uma cena bizarra e o craque Jorge Mendonça não merecia ter participado dela.

Aconteceu no jogo contra a Espanha, jogo duro, o segundo do Brasil na Copa da Argentina.

No segundo tempo, o técnico Cláudio Coutinho chamou Jorge Mendonça para substituir Zico. O craque do Palmeiras começou o aquecimento que foi se prolongando; o tempo passando e ele ali, aquecendo. Foram 22 minutos de aquecimento até que ele entrou, quando faltavam apenas 7 minutos para terminar o jogo.

Neste jogo, que terminou 0 a 0, o zagueiro Amaral salvou o Brasil em duas oportunidades, quando tirou a bola de cima da linha do gol, bola que já havia vencido o goleiro Leão.

O Brasil foi dirigido pelo inexperiente Cláudio Coutinho que, anos mais tarde se transformaria num excelente treinador, até morrer, ainda jovem, quando praticava mergulho submarino.

A convocação e as escalações do Brasil foram sempre muito polêmicas.

Intelectual, bem falante, Coutinho chegou à Seleção cheio de novas expressões (em inglês que ele dominava, além do francês) e de novas teorias que na prática não deram certo.

Dos 22 jogadores que levou para a Argentina, utilizou 17 e apenas quatro disputaram todos os jogos completos: Leão, Oscar, Amaral e Batista.

Jorge Mendonça disputou posição com Zico e chegou a colocá-lo no banco.

Conheça um pouco mais sobre este craque.

Jorge Mendonça – Jorge Pinto Mendonça

(* Silva Jardim-RJ, 06/06/1954; + Campinas-SP, 17/02/2006)

Posição – Atacante

Jogos – 11 (7 vitórias, 4 empates), 2 gols

Copas disputadas – 1978

Títulos pela Seleção – Nenhum

Clubes em que jogou – Bangu-RJ, 1972 a 1973; Náutico-PE, 1973 a 1976; Palmeiras-SP, 1976 a 1980; Vasco da Gama-RJ, 1980; Guarani-SP, 1980 a 1982; Ponte Preta-SP, 1983 a 1985; Cruzeiro-MG, 1985; Rio Branco-ES, 1986; Colorado-PR, 1987 a 1988; Ponte Preta-SP, 1988 a 1989; Paulista-SP, 1989 a 1990.

Jogador clássico, revelado pelo mesmo Bangu que revelou Domingos e o filho Ademir da Guia, chegou ao Palmeiras quando o Verdão iniciava um período de transição, com o fim da segunda Academia. Luís Pereira e Leivinha tinham ido para o Atlético de Madri; Dudu e Ademir estavam parando. Mendonça ainda chegou a jogar com Ademir e fez o gol do título paulista de 1976 (depois, o Palmeiras mergulhou num longo jejum que só foi quebrado em 1993).

Por conta das boas atuações no Palmeiras, Mendonça foi convocado para a Seleção de 1978. Em princípio, como reserva de Zico, mas depois firmou-se como titular. Nessa Copa, protagonizou cena inusitada: chamado para o aquecimento pelo técnico Coutinho, passou todo o segundo tempo se aquecendo e só foi entrar quando faltavam sete minutos para o jogo acabar.

Saindo do Palmeiras, Jorge Mendonça passou por uma infinidade de clubes. A vida irregular e, principalmente, a bebida acabaram por levá-lo à falência. Conseguiu se reaprumar e trabalhava nas categorias de base do Guarani quando sofreu um enfarte e morreu.

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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.

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