Lula lá, Lula aqui, esquerda, direita. A dança do Brasil leva à insanidade até na imprensa
Caro e generoso leitor, repare na falta de lógica – ou, pior, no excesso de desonestidade intelectual – dos defensores da possibilidade de Lula candidatar-se nas próximas eleições, apesar de condenado em duas instâncias e incurso na Lei da Ficha Limpa: todos eles concordam que Cristiane Brasil não deve assumir o Ministério do Trabalho porque foi condenada em ação trabalhista. Não são umas gracinhas? Para eles, a lei só vale para os inimigos. Saramago escreveu “Ensaio sobre a Cegueira”, essa turma merece o “Ensaio sobre os Cegos Que Não Querem Ver”.
Na Folha de S.Paulo (28), pág. A10, “Lula tenta a velha tática do medo da rua”,
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/eliogaspari/2018/01/1953870-lula-tenta-a-velha-magica-do-medo-da-rua.shtml
Na mesma edição, pág. B2, “Explodem os rojões”,
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2018/01/1953861-explodem-os-rojoes.shtml
Ouvido no Jornal Nacional (26), “Das 12 (não tenho certeza se o número foi esse mesmo, mas não importa) milhões de pessoas etc.”.
Vai ver, a repórter falaria uma milhão de pessoas, não deve saber que a concordância é sempre com milhão, masculino. Na mesma edição, assunto já tratado aqui, a defasagem de 88% da tabela do Imposto de Renda. Já pedindo desculpas pela indelicadeza, o governo é mais ladrão do que assaltantes de banco. E o paradoxal é ser grande o número de ex-diretores da RF que, depois de abandonarem o cargo, se tornam articulistas de jornais e, no maior cinismo, criticam o que não foi feito como se não tivessem sido os responsáveis.
Como consequência do fato de a maioria das pessoas não prestar atenção nos detalhes, a internet é pródiga na veiculação de textos com autoria atribuída a que não os escreveu. É um tal de acreditarem que textos de “Luís Fernando Veríssimo”, com linguagem chula e erros de português foram escritos por Luis Fernando Veríssimo. E com a agravante de que os textos dele estão somente n’O Globo, Estadão e em livros; outra vítima é Arnaldo Jabor, fora da imprensa há tempos, cuida da feitura de um filme e cansou de avisar que se afastaria. No momento, circula um texto que não é de autoria de Marieta Severo, mas creditado a ela, “Os Erros de Luís”. A falsidade já está evidente no título, jamais chamaria Lula de “Luís” e, se o fizesse, teria escrito Luiz, a grafia correta. As falsidades são tantas que foi criado um site para verificar a autenticidade das autorias: www.boatos.org . É ótimo, o problema é que as pessoas fazem poucas consultas, preferem acreditar que alguém famoso escreveu algo que bate com o que pensam.
Quem criou a chamada do programa “Bate da Vez”, da ESPN, foi meio descuidado – ou não assiste a ele –, “Aqui só aparece gente decente”. Aparecem imagens de entrevistas com Eurico Miranda e Vandemburgo Luxerlei…
Que assédio de abuso sexuais são execráveis não se discute, mas a atitude que vem sendo tomada, eliminar as pessoas acusadas e suas obras me parece exagero. Tem gente que fez coisa pior e sua vida é contada em filmes de cinema e séries de TV. Fora a hipocrisia, muitos já sabiam e fingiram que não e agora posam de indignados.
O pessoal que cuida do info da NET é tão cuidadoso como alguns coleguinhas, na série Em Busca de Mozart (Globosat) o grande compositor teve seu sobrenome alterado para Mozard. A NET demonstra dia após dia desprezo total pela qualidade da informação, pois mantém a empresa responsável apesar do número enorme de barbaridades publicados nos infos.
(CACALO KFOURI)
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“Obs.: – Os poucos que me leem sabem que não tenho a menor simpatia por Gilmar Mendes, mas isto é um absurdo, além de ser uma falta de educação inadmissível. É bem provável que os hunos que fizeram o coro sejam bolsonaretes ou assemelhados.”
– Olha a escolha que temos que fazer quando nos atrevemos a dar opinião: o que é preferível entre “falta de educação” e “falta de caráter”?