Brasil é o único entre os emergentes sem universidades ‘top’
Brasil é o único entre os emergentes sem universidades ‘top’
VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
O Brasil avança na economia, mas tem um longo caminho a percorrer na educação. O país é o único dos BRICs a não ter nenhuma instituição de ensino superior entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos no mundo todo. É o que mostra o novo ranking divulgado nesta quinta-feira pela THE (Times Higher Education), principal referência no campo das avaliações de universidades no mundo, que é baseada em Londres.
A Rússia aparece com a Universidade Lomonosov, de Moscou, na 33ª posição. A China tem cinco universidades no ranking (duas em Hong Kong e uma em Taiwan). A melhor é a Tsinghua, de Pequim, no 35º lugar. O Instituto Indiano de Ciência está na 91ª colocação.
Foram ouvidos 13.388 acadêmicos de 131 países para chegar à lista das universidades com melhor reputação São estudiosos com, em média, mais de 16 anos de trabalho em instituições de ensino superior e 50 trabalhos científicos publicados.
Na liderança, mais uma vez, aparece a americana Harvard, que também lidera o ranking geral da THE divulgado em setembro de 2010 e que a Folha publicou com exclusividade no Brasil. A diferença entre os rankings é que o geral leva em conta 13 critérios –relação estudante/professor, quantidades de alunos e professores estrangeiros, número de trabalhos científicos publicados, ênfase em pesquisa etc.
O índice de reputação, divulgado pela primeira vez pela THE, considera apenas a imagem que as instituições têm entre os acadêmicos. Foi pedido que apontassem, entre mais de 6.000, até dez universidades como as melhores do mundo em seus campos específicos.
A matéria completa pode ser lida aqui
VEJA O RANKING COMPLETO
Ranking | Instituição | País |
---|---|---|
1 | Universidade Harvard | EUA |
2 | Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) | EUA |
3 | Universidade de Cambridge | Reino Unido |
4 | Universidade da Califórnia, Berkeley | EUA |
5 | Universidade Stanford | EUA |
6 | Universidade de Oxford | Reino Unido |
7 | Universidade Princeton | EUA |
8 | Universidade de Tóquio | Japão |
9 | Universidade Yale | EUA |
10 | Instituto de Tecnologia da Califórnia | EUA |
11 | Imperial College de Londres | Reino Unido |
12 | Universidade da Califórnia, Los Angeles | EUA |
13 | Universidade de Michigan | EUA |
14 | Universidade Johns Hopkins | EUA |
15 | Universidade de Chicago | EUA |
16 | Universidade Cornell | EUA |
17 | Universidade de Toronto | Canadá |
18 | Universidade de Kyoto | Japão |
19 | Universidade College London | Reino Unido |
19 | Universidade de Massachusetts | EUA |
21 | Universidade de Illinois em Urbana-Champaign | EUA |
22 | Universidade da Pensilvânia | EUA |
23 | Universidade Colúmbia | EUA |
24 | Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique | Suíça |
25 | Universidade de Wisconsin | EUA |
26 | Universidade de Washington | EUA |
27 | Universidade Nacional de Cingapura | Cingapura |
28 | Universidade Carnegie Mellon | EUA |
29 | Universidade McGill | Canadá |
30 | Universidade da Califórnia, em San Diego | EUA |
31 | Universidade da Colúmbia Britânica | Canadá |
31 | Universidade do Texas, em Austin | EUA |
33 | Universidade Lomonosov, em Moscou | Rússia |
34 | Universidade da Califórnia, em San Francisco | EUA |
35 | Universidade Tsinghua | China |
36 | Universidade Duke | EUA |
37 | London School of Economics and Political Science | Reino Unido |
38 | Universidade da Califórnia, em Davis | EUA |
39 | Instituto de Tecnologia da Geórgia | EUA |
40 | Universidade Northwestern | EUA |
41 | Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill | EUA |
42 | Universidade de Hong Kong | Hong Kong** |
43 | Universidade de Pequim | China |
43 | Universidade de Minnesota | EUA |
45 | Universidade de Edinburgo | Reino Unido |
45 | Universidade de Melbourne | Austrália |
47 | Universidade Purdue | EUA |
48 | Universidade de Munique | Alemanha |
49 | Universidade de Tecnologia de Delft | Holanda |
50 | Universidade Osaka | Japão |
51-60* | Universidade Nacional Australiana | Austrália |
Instituto Karolinska | Suécia | |
Universidade de Nova York | EUA | |
Universidade Estadual de Ohio | EUA | |
Universidade Nacional de Seul | Coreia do Sul | |
Universidade Tohoku | Japão | |
Instituto Tecnológico de Tóquio | Japão | |
Universidade da Califórnia, Santa Bárbara | EUA | |
Universidade de Pittsburgh | EUA | |
Universidade de Sydney | Austrália | |
61-70 | Universidade Boston | EUA |
Escola Politécnica | França | |
King’s College de Londres | Reino Unido | |
Universidade Estadual da Pensilvânia | EUA | |
Universidade Técnica de Munique | Alemanha | |
Universidade da Flórida | EUA | |
Universidade de Manchester | Reino Unido | |
Universidade de Maryland, College Park | EUA | |
Universidade de Zurique | Suíça | |
Universidade Uppsala | Suécia | |
71-80 | Escola Politécnica Federal de Lausanne | Suíça |
Universidade Humboldt de Berlim | Alemanha | |
Universidade Lund | Suécia | |
Universidade Estadual de Michigan | EUA | |
Universidade Estadual de Nova Jersey, Rutgers | EUA | |
Universidade do Arizona | EUA | |
Universidade do Colorado | EUA | |
Universidade do Sul da Califórnia | EUA | |
Universidade Utrecht | Holanda | |
Universidade Washington, Saint Louis | EUA | |
81-90 | Universidade Católica de Leuven | Bélgica |
Universidade Indiana | EUA | |
Universidade Leiden | Holanda | |
Universidade National de Taiwan | Taiwan* | |
Universidade Ruprecht Karl de Heidelberg | Alemanha | |
Universidade Texas A&M | EUA | |
Universidade de Amsterdã | Holanda | |
Universidade de Bristol | Reino Unido | |
Universidade de Leeds | Reino Unido | |
Universidade de Queensland | Austrália | |
91-100 | Universidade Hong Kong de Ciência e Tecnologia | Hong Kong** |
Instituto Indiano de Ciência | Índia | |
Instituto de Ciência e Tecnologia Avançada da Coreia | Coreia do Sul | |
London School de Higiene e Medicina Tropical | Reino Unido | |
Universidade Tecnológica de Nanyang | Cingapura | |
Universidade de Helsinque | Finlândia | |
Universidade de Paris, Pantheon-Sorbonne | França | |
Universidade de Sheffield | Reino Unido | |
Universidade de Viena | Áustria | |
Universidade de Waterloo | Canadá | |
Fonte: Times Higher Education |
* A partir da 51ª posição, como as diferenças são pequenas, os autores do ranking decidiram agrupar as universidades em grupos de 10, listados em ordem alfabética
** Hong Kong é uma região administrativa especial da China
* Taiwan é, oficialmente, uma província da China embora funcione de fato como entidade política autônoma
** Hong Kong é uma região administrativa especial da China
* Taiwan é, oficialmente, uma província da China embora funcione de fato como entidade política autônoma
Tem um lado bom nessa noticia, quem sabe os professores da USP nao comecam a baixar a bola, e desistem da ideia de que sao genio super-humanos.
Dilma e Mercadante anunciaram os cortes de recursos no MCT.
Comentário de Helena Nader, que comanda a SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência)
“"Isso se eles não vierem com ainda mais cortes pela frente", diz Nader. "TIRO O CHAPÉU para o governo do presidente Lula. Mas a presidente eleita [Dilma Rouseff], que viu de perto a expansão da ciência, não poderia fazer esses cortes." (FSP, 05/01/2011)
Comentário do professor Roberto Romano
Arrulhos acadêmicos e cortes do orçamento.
A presidente da SBPC "tira o chapéu" para o presidente Luiz Inácio da Silva. Pois que apresente o mesmo chapéu agora, na calçada, aos passantes, em busca de esmolas. Quem tira chapéu para governante, no Brasil, acaba sendo considerado "objeto adquirido", ou seja, não é mais preciso cooptar. A lição de verdadeiro realismo seria continuar, durante o "governo" anterior, a crítica serena dos desmandos, a apresentação de sugestões para a melhoria do setor de C&T, o exame rigoroso dos dispêndios administrativos, etc. Mas a via da bajulação foi a preferida. O resultado está aí. Entre os gastos do "governo" anterior e os cortes de agora, a coerência é perfeita. Quem faz ciência não tem o direito de ignorar os elementos da equação. E mais, tenho certeza: os arrulhos atuais da SBPC serão silenciados, se a presidente da res publica oferecer um cargo, alguns tostões, e quejandos aos bons militantes do organismo científico. Pois tal é a história da universidade brasileira. Reitero o que disse à Revista Caros Amigos (eu não mudei, ela sim): o instrumento mais flexível do universo é a espinha dos intelectuais brasileiros.
E passem bem, porque mereceram os cortes. Quem não merece os realistas do governo e dos campi é o povo que paga impostos. Quod erat demonstrandum.
Ok, o ranking é válido como referência, claro!
A USP só tem destaque no Brasil e na AL, claro!
Todos os BRICs têm pelo menos uma universidade melhor que a USP.
As tops dos EUA deixam a USP corada.
A USP não produz inovação quase nenhuma.
Mas tem algum viés aí… Os EUA não têm 72 universidades melhores que a USP.
"Os EUA não têm 72 universidades melhores que a USP."
Se bobear tem mais que isso…
"Se bobear tem mais que isso…"
No ranking deve ter mesmo. 72 aparecem entre as 200 primeiras. Deve ter mais uma dúzina até a posição 232 da USP.
Na prática, duvido muito.
Mas tem várias coisas esquisitas… Não é possível que a Holanda (10) tenha mais que de universidades Top 200 que a França (4).
É como aquele ranking de presidentes que colocava Deodoro como o segundo que mais fez o Brasil crescer. O dado pode ser verdadeiro, mas não dá pra engolir.
"O", você realmente preferia ser Professor na Universidade de Drexel do que na USP?
sinceramente, alguem ficou surpreso com a notícia?
[ ]'s
JCW
"Os EUA não têm 72 universidades melhores que a USP."
Claro que tem. Visite qualquer uma das 72 listadas e a comparação com a USP se torna ridícula.
E a França?? Não achei nenhuma entre as top 50! Qual seria a melhor colocada (Escola Politecnica?)Os esquerdistas de lá devem estar culpando o Sarkozy pelo mal desempenho. ehehe
A USP tem seus problemas sim, mas ainda é disparada a melhor que existe nesta josta de país. Até poucos anos atrás figurava entre as 100 melhores, mas no país do apedeuta educação não serve para nada.Aliás não é apenas nesse indicador que o país despencou nesses 8 últimos anos, apesar dos gastos absurdos de propaganda espalhando mentiras como nunca antes nesse país!
O Brasil avança na economia, mas tem um longo caminho a percorrer na educação — inicio do artigo.
Ta ta. Me pergunto se o pais avanca na economia (assim como o resto dos brics e demais emergentes) porque o tal primeiro mundo esta caindo devagar e sempre ou se avanca mesmo por meritos proprios. Preenchendo vacuo deixado pelos outros.
Creio que o filme Idiocracy do Mike Judge acertou na mosca… as vezes o padrao cai tanto que quem era um jumento se torna um genio numa outra era…
Sai do topico educacao mesmo, mas espero que tenham entendido a mensagem.
Love
Tem um ditado que fala que "O Aluno é que faz a faculdade".
No começo do segundo ano da faculdade, tranquei matrícula e fui para a França num cargueiro do Lloyd. Não. Não fui “lavando o porão”. Paguei na época o equivalente a metade do preço de um bilhete de avião. Na época o Lloyd vendia os lugares vagos em cabines destinadas à tripulação. A que me deram era uma suíte com sala de estar! A trajeto Santos/Le Havre durou uma semana. Uma das minhas melhores lembranças.
As refeições eram feitas na sala dos oficiais. Em conversas com o piloto ele disse inocentemente que o navio era tão moderno que muitos dos aparatos tecnológicos do navio simplesmente não eram utilizados pelos os oficiais. Não sabiam como operá-los.
Em conversa recente com um amigo professor na Poli, ele comentou desconsoladamente que de fato a destinação dos recursos para a pesquisa havia aumentado, mas que o problema de difícil solução era encontrar professores e alunos capacitados para bem gastar ou utilizar os recursos. Ele disse literalmente: “não conseguimos gastar os recursos”.
Enfim, não estamos destinados a nada. Não somos geneticamente incapacitados para fazer ciência e tecnologia. Mas pesquisa em C&T precisa de planejamento e investimentos permanentes de médio e longo prazos. E, principalmente, que as universidades públicas abandonem o paradigma do “clube de amigos” e comecem a por para fora os inúteis, valorizando e premiando o mérito.
Há pesquisa em C&T de excelência no Brasil. Mas esse conjunto caracteriza, infelizmente, um desvio no padrão.
Uma história para o que pode ser o transcurso do tempo na pesquisa de C&T.
O solo brasileiro é ácido e a correção da acidez para efeito de aumentar a produtividade implica em custos na utilização de um insumo velho conhecido: calcário. Sei que há uns vinte ou mais anos um grupo de pesquisadores estudava uma bactéria que se reproduzia em meio ácido com o objetivo de identificar o gene característico. Isso feito, o experimento seguiria no sentido de testar a possibilidade de modificação genética de uma variedade [acho que era cana-de-açúcar ou milho] mais adaptada ao nosso solo e, assim, eliminar ou reduzir para os produtores o custo da correção do solo. Não sei no que deu.
"Claro que tem. Visite qualquer uma das 72 listadas e a comparação com a USP se torna ridícula."
Ah, vá, seu baba-ovo de gringo… E vc conhece as 72?
Aliás, vc conhece a USP? Pq só ouvir falar mal da FFLCH pelo Reinaldo Azevedo não conta…
"Até poucos anos atrás figurava entre as 100 melhores, mas no país do apedeuta educação não serve para nada"
Cuidado com o que diz, que o "apedeuta" (na verdade, os "aPSDBeutas") da USP é outro…
Surpreendente é a ausência quase total das Universidades Francesas e a supremacia total das Universidades Anglófonas e Germânicas. Mesmo as Universidades de Hong Kong são de origem Inglesa. Descobri o nome do meu ex-professor de estruturas no ITA, SJCampos, SP, K. L. C. LEGG – University College London – como professor em HONG KONG. Mesmo acontece em Taiwan e na China: Uma amálgama de professores Anglófonos. Universidade é isso: não é XENOFOBIA, provincianismo, é uma amálgama universal. Nunca senti tanto isso como quando matriculei minha filha na BU (Boston University – 61ª da lista). Infelizmente o SAT dela não a titulou para Harvard (somente SAT acima de 1400 que ela não obteve). O ano escolar na BU começa com uma verdadeira Revoada de nacionalidades vindas do mundo todo. Alunos e professores. Isso realmente faz V sentir outra dimensão para a obtenção de conhecimento. TEMOS ISSO? TEMOS ESSA INTERCAMBIABILIDADE E ESSA PLURALIDADE?
Em qualquer uma dessas 72 universidades, voce encontra varios professores que ou receberam um premio Nobel ou têm sérias chances de ganhar algum dia.
Voce pega uma Universidade da California em Santa Barbara, por exemplo, e os caras tem 5 premios Nobel. UC Irvine tem 3. Ate' a universidade do estado do Arizona tem premio nobel. Na USP não existem nem premios Nobel um ninguem com possibilidades de ganhar um.
Desculpe o off-topic, mas o que acham disso:
Focus muda para BC não ficar refém de visão financeira
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110309/not_imp689445,0.php
Infelizmente a realidade é essa que a lista mostra. Nossos mestres e doutores acham que para produzir conhecimento e colaborar para a inovação basta acrescentar "linhas" ao currículo Lattes.
Tive e tenho professor que "peida na esquina" e já corre para "atualizar" o Lattes. Infelizmente, a plataforma Lattes virou uma "curva de rio". E pior, no Brasil, a produção, grosso modo, se mede assim: Lattes.
Ler o cv Lattes dos "acadêmicos" de USP, FGV, Unesp, Unicamp, PUC-Rio, UFRJ, UFSC e tantas outras UF's é cômico, principalmente, quando você observa os eventos que esses fulanos participam. Tem gente que coloca até reunião de condomínio e festa de aniversário da cunhada!
Li, como sempre, os comentários dos colegas. Faço aqui uma colocação:
Prezado Paulo Araújo,
Não beba antes de escrever no Blog, por favor. Lendo o seu comentário, a única mensagem que subtraí foi: "o que é que o c… tem a ver com a calça?".
Saudações,
Eduardo.
Nossa p quanta discussão inútel, parece que o Brasil só possui esta universidade.A discussão deveria ser um pq apenas a USP figura como rankeada, dois como trazer outras universidadesa para o ranking e três como melhorar a posição da USP. Sou aluno da Ciencias Economicas da USP e digo o nível da dicussão deveria ser outro, pelo menos para um uspiano, e os Professores, hummm…eles são foda mesmo!!!!
"Cuidado com o que diz, que o "apedeuta" (na verdade, os "aPSDBeutas") da USP é outro…"
Mas a USP, apesar de ser uma bosta, ainda eh a melhor do Brasil com imensa vantagem sobre a segunda melhor que eh a Unicamp.
Agora, se voce nao quiser dar credito ao PSDB, vc pode dar as elites paulistas que fundaram e fundearam essas instituicoes.
Trazendo discussão velha para post novo…
Alguém queria comparar o desempenho recente do Brasil em relação aos países da América Latina, mas como os dados da PWT vão até 2007, então peguei a seguinte série disponível no "World Economic Outlook Database October 2010" do FMI e fiz alguns gráficos comparando o desempenho do Brasil em relação aos BRICs, outros emergentes e países da América Latina e Caribe.
Gross domestic product based on purchasing-power-parity (PPP) share of world total (1980:2010) Fonte FMI
(para alguns países, os dados mais recentes incluem projeção do FMI)
Imagine se SP e a USP cair nas mãos dos petralhas e seus asseclas aí não sobrará pedra sobre pedra, no entanto outros Mercadantes obterão doutorado, faça-me o favor. A USP tem várias ilhas de excelência, o "pobrema" são certas escolas de humanas que são um lixo e jogam a qualidade da universidade como um todo para baixo.Mas bom mesmo é arrumar uma bolsa do Prouni e estudar nas Uninove, Uniban e Anhembi-Morumbi da vida, afinal universidade é para todos, bando de otários.
E quanto à pós? Será que o IMPA não figuraria bem em algum ranking? ]
E os cursos do ITA, estariam bem classificados?
E a pós da EPGE, qual o nível dela comparativamente?
Será que analisar a USP como um todo é válido?
Se pegássemos só os cursos da Poli, da FEA e de algumas outra unidades, como estaria a USP?
Sei lá….não gosto de listas…são necessárias, mas são inerentemente enviesadas.
Ronaldo
Meus caros,
Só um pequeno comentário (e uma provicação) sobre este post. Não sei se é problema não contarmos com uma universidade entre as cem melhores. Digo isto porque temos um país imenso e muitas universidades por aí. Ou seja, nossos recursos estão distribuídos entre um grande conjunto de instituições (por exemplo, se juntassemos USP e UNICAMP, provavelmente teríamos uma universidade entre as cem melhores). Não tenho opinião formada sobre nenhum destes tópicos (se vale a pena juntar ou não os recursos, se universidades são vetores de desenvolvimento regional, etc), mas este ponto deve ser levantado nesta discussão.
Saudações.
"Anônimo disse…
Nossa p quanta discussão inútel, parece que o Brasil só possui esta universidade.A discussão deveria ser um pq apenas a USP figura como rankeada, dois como trazer outras universidadesa para o ranking e três como melhorar a posição da USP. Sou aluno da Ciencias Economicas da USP e digo o nível da dicussão deveria ser outro, pelo menos para um uspiano, e os Professores, hummm…eles são foda mesmo!!!!"
Ou você é aluno de graduação e tá deslumbrado, ou acabou de passar entre os 20 ou 30 primeiros da ANPEC e acreditou no papo dos professores de que vocês são os gênios da raça que vão fazer doutorado no MIT, Yale, Harvard…
Baixa bola filhão, baixa a bola.
Quantos ex-alunos da USP foram pra essas universidades tops nos últimos 5 anos? Quantos ex-alunos da USP dão aula nessas universidades? Quantos jovens-doutores da USP se formaram nessas universidades?
"Mas a USP, apesar de ser uma bosta, ainda eh a melhor do Brasil com imensa vantagem sobre a segunda melhor que eh a Unicamp.
Agora, se voce nao quiser dar credito ao PSDB, vc pode dar as elites paulistas que fundaram e fundearam essas instituicoes."
Concordo com quase tudo, mas acho que o PSDB (ou pelo menos os últimos governadores paulistas) não é tão entusiasta da USP.
Só apontei o PSDB, pois o cara que citei havia falado algo sobre decadência da USP e mencionado algo como "apedeuta da educação", supostamente se referindo ao Lula. Para o bem ou para o mal, Lula não tem nada que ver com a USP…
"A USP tem várias ilhas de excelência, o "pobrema" são certas escolas de humanas que são um lixo e jogam a qualidade da universidade como um todo para baixo."
A partir de que dado o senhor tirou essa conclusão?
O problema de alunos da USP irem para universidades top ou não, não se dá pela falta de qualidade do ensino aqui, e sim pela falta de uma política pública de financiamento que direcione nossos alunos para estudarem fora com bolsas de estudo dignas, não as esmolas atuais. Aliás um viés estupido anti-americamo instalou-se por aqui bloqueando convênios com as universidades americanas e privilegiando universidades européias, que são boas, mas não melhores do que as americanas.
Eduardo
Eu devo ter levado menos do que dez minutos para escrever o comentário anterior. Por que comento? Porque gosto e porque isso me diverte. Estranho, né?
Sem desmerecer os demais, o melhor comentarista no blog para os últimos posts é de longe Rogério Ferreira com os seus gráficos “fotográficos”.
“Não beba antes de escrever no Blog, por favor. Lendo o seu comentário, a única mensagem que subtraí foi: "o que é que o c… tem a ver com a calça?".
Vamos lá
A historia do navio é velha e repetitiva
Pode-se pensar um navio mercante como um equipamento tecnologicamente sofisticado. Mas de que vale toda essa sofisticação se os operadores do equipamento não estão preparados para operá-lo? Para o que isso remete? Para a velha história da baixa qualificação da mão de obra.
A história do professor da Poli, apesar de recente, é velha e repetitiva.
Pode-se pensar a universidade no seu papel fundamental de fazer C&T. Mas de que adianta inundar essas universidades de recursos se os seus professores e alunos não sabem ou não querem fazer pesquisa de C&T? Para o que isso remete? Para a velha história da baixa qualificação da mão de obra.
Há exceções? Sim. Mas elas são desvio no padrão.
A história do grupo de pesquisadores com a bactéria.
Uma pesquisa desse porte é necessariamente demorada, mas é estratégica para riqueza de uma nação que tem a agricultura como uma das suas mais importantes atividades. Esse tipo de pesquisa costuma levar muitos anos para ser concluída e carrega o risco de não chegar a lugar nenhum. Mas isso é do jogo.
O que não deveria ser do jogo são, por exemplo, as restrições orçamentárias e burocráticas que, por exemplo, impedem que esses pesquisadores importem material adequado ao tipo de pesquisa. Para o que isso remete? Para a velha história de professores e alunos brilhantes que com o tempo vão ficando de saco cheio.
Converse com algum pesquisador, professor ou aluno, dessa área e pergunte qual é o sentimento de ver anos de trabalho jogado no lixo porque algum burocrata de merda barrou a importação de algum componente porque decidiu que a indústria nacional tinha similar. Aí, a porra do similar que o pesquisador foi obrigado a adquirir no Brasil veio, por exemplo, contaminado.
Salvo as honrosas exceções de sempre, o Lattes é encheção de linguiça diretamente relacionada com as tais bolsas de produtividade do CNPq. No Lattes vemos operar o milagre da multiplicação dos artigos e participação em bancas e congressos porque os critérios de avaliação dos bolsistas são meramente quantitativos.
De minha parte, não tenho mais saco para essa discussão.
Prefiro mil vezes que um cara como o Rogério Ferreira continue me surpreendendo com fatos que desconhecia.
Obrigado, Rogério. Seus gráficos são fantásticos e valem muito mais que mil palavras, se me permite o jargão.
Esse tipo de pesquisa costuma levar muitos anos para ser concluída e carrega o risco de NÃO chegar a lugar nenhum.
Melhor
Esse tipo de pesquisa costuma levar muitos anos para ser concluída e carrega o risco de chegar a lugar nenhum
O buraco é mais embaixo. O problema é muito pior na educação fundamental e ensino médio!!!
"O problema de alunos da USP irem para universidades top ou não, não se dá pela falta de qualidade do ensino aqui, e sim pela falta de uma política pública de financiamento que direcione nossos alunos para estudarem fora com bolsas de estudo dignas, não as esmolas atuais. Aliás um viés estupido anti-americamo instalou-se por aqui bloqueando convênios com as universidades americanas e privilegiando universidades européias, que são boas, mas não melhores do que as americanas"
Essa tese não cola, pois alunos da USP continuam indo fazer doutorado fora, só que em Universidades de menor prestígios que as Top Five (o que não singifica que são faculdades ruins, longe disso).
Segundo, se a qualidade aqui é tão boa, me mostra as publicações dos professores da USP em jornais A (mais A de verdade: Econometrica, AER, JPE.. nada de Journal de Pós-Keynesiano). Deve ter uma meia dúzia, nos últimos 30 anos.
A universidade da Cidade do Cabo ( Africa do sul) é tb muito melhor que a USP. A verdade é que o ensino superior no Brasil é uma m**da.
Sobre a discussão, vale MUITO a leitura desta entrevista de professor do Dpto de Biologia Celular da UnB: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=71975
Já que estamos falando do nível educacional no Brasil, informo que a a Associação Keynesiana Brasileira está fazendo a chamada de trabalhos para o seu IV encontro.
Uma das sessões especiais será “Difusão do Keynesianismo no Brasil: homenagem a Fernando Cardim de Carvalho”.
E a Comissão Científica é composta por: Fernando Ferrari Filho (UFRGS), Marco Flavio Resende (UFMG) e Paulo Gala (FGV-SP).
E assim a ciência avança…
Por falar em formação acadêmica, qual é a sua Rogerio Ferreira?
Abs
"Oh"
Países como China e Coréia tem política de estado para mandar alunos estudarem no exterior e financiam seus alunos em programas de pós-graduação. O Brasil não tem essa política e nenhuma política de educação. Quanto à pesquisa aplicada, com esses "progressistas" de esquerda que tomaram conta de nossas universidades não há a menor chance disso ocorrer. Aliás o país não investe em P&D históricamente, basta ver o número ridículo de patentes requeridas por ano aqui.
"Já que estamos falando do nível educacional no Brasil, informo que a a Associação Keynesiana Brasileira está fazendo a chamada de trabalhos para o seu IV encontro."
Daqui a alguns anos, quando tiver ainda menos a perder, convidarei o "O" para ser co-autor de um artigo que, enviado ao Encontro e abusando de termos como não-ergodicidade (algum desses caras estudou Processos Estocásticos), paradoxo da parcimônia (cardinalidade do contínuo, do Imposturas Intelectuais), incerteza não probabílistica (they haven heard about Wald) replicasse o que o Sokal fez com o Social Text.
Topa particpar desse Hoax futuro, "O"?
"Países como China e Coréia tem política de estado para mandar alunos estudarem no exterior e financiam seus alunos em programas de pós-".
Cara, voce nao tem a mínima idéia do que voce esta falando. Eu nao sei todos os detalhes sobre a política chinesa, mas sei como fato que a Coreia do Sul nunca teve uma política de subsidiar doutorados no exterior.
"O Brasil não tem essa política e nenhuma política de educação. "
Com todo respeito, falaste bobagem. O Brasil tem uma política de bolsas de doutorado no exterior das mais generosas do mundo, incluindo aí países muito mais ricos do Brasil.
"O"
"Com todo respeito, falaste bobagem. O Brasil tem uma política de bolsas de doutorado no exterior das mais generosas do mundo, incluindo aí países muito mais ricos do Brasil."
Eu não tenho nenhum conhecimento sistemático a respeito, mas, como bolsista, posso dizer que o Brasil é bastante generoso. Fui bolsista da CAPES (já faz 20 anos) e, além de pagar a universidade, a bolsar era USD 1,6 mil/mês (mais seguro saúde), que, na época cobria bem as despesas. Pelo que me lembro era das melhores bolsas.
A minha formação acadêmica? A pergunta que me faço sempre é se eu, caso tivesse um doutorado em economia, seria capaz de produzir trabalhos acadêmicos que provocassem e merecessem os seguintes comentários:
http://maovisivel.blogspot.com/2009/12/o-sobre-gala.html
http://maovisivel.blogspot.com/2009/12/o-sobre-desindustrializacao.html
http://maovisivel.blogspot.com/2009/12/comentarios-sobre-o-artigo-existe.html
Quando eu tive minha bolsa no exterior, nao havia diferenca alguma em meu poder de compra e dos meus colegas europeus ou americanos. Dizer que o CNPq e a CAPES nao provem as bolsas para o doutorado no exterior eh chamar o estado do Para de continente gelado.
Agora, nada mais apropriado que em uma discussao sobre a qualidade de nossa educacao que um mentecapto apareca dizendo que brasileiros nao fazem doutorado no exterior por falta de bolsa ao contrario de coreanos.
Eu fico agravado com isso. Nos vivemos em um mundo em que imbecilidade eh punida bem menos do que o necessario para manter os imbecis quietos.
Ha muito que o Brasil poderia aprender da India nessa area. Os IITs foram uma ideia excelente e relativamente bem executada(numero, organizacao, seletividade, relacionamento com o exterior, criacao de uma comunidade internacional e a relacao com a diaspora indiana, etc)
A India nao esta entre os lideres mundiais, mas em varias areas de ciencia e principalmente de tecnologia progrediu muito (absoluta e relativamente), em grande parte gracas ao capital humano dos IITs.
Seria o caso de se criar uns 4 ou BITs, bem financiados, com cultura, processos e organizacao unica.
O Pais ja fez isso pelo menos duas vezes nos ultimos 100 anos. A criacao da propria USP e do ITA/CTA sao exemplos.
O idiota que gosta de atacar os outros e chama-los de mentecapto, quantos doutores são formados pela China e a Coreia em universidades americanas? Quantas patentes a China e a Coréia requerem e registram por ano, o idiota? Ou você considera doutorado aquela palhaçada do Mercadante na unicamp(em minúscula mesmo)?
“O idiota que gosta de atacar os outros e chama-los de mentecapto, quantos doutores são formados pela China e a Coreia em universidades americanas?”
Caro anônimo ‘mentecapto’,
A sua entrada no debate tornou o debate burro. Sabe por quê? Porque você fala do que não sabe, e faz isso despudoradamente. Se você soubesse o mínimo sobre financiamento de doutorado, saberia que não existe na Coréia do Sul uma entidade como o CNPq ou a CAPES que arque com os custos do doutorado no exterior, e que os coreanos que fazem doutorado nos EUA pagam seus próprios custos se endividando ou ganhando bolsas das universidades americanas.
Como disse, gente com a sua atitude são retrato do país de apedeutas. Você acha que sabe de um assunto com o qual nunca teve contato algum (e provavelmente não sabe muito de nada), e se sente à vontade para dar palpites. E vem com essa pérola que você soltou, como se o Brasil não tivesse uma das políticas mais generosas do mundo de apoio aos doutorandos no exterior.
Quando eu tive minha bolsa no exterior, nao havia diferenca alguma em meu poder de compra e dos meus colegas europeus ou americanos. Dizer que o CNPq e a CAPES nao provem as bolsas para o doutorado no exterior eh chamar o estado do Para de continente gelado.
Agora, nada mais apropriado que em uma discussao sobre a qualidade de nossa educacao que um mentecapto apareca dizendo que brasileiros nao fazem doutorado no exterior por falta de bolsa ao contrario de coreanos.
Eu fico agravado com isso. Nos vivemos em um mundo em que imbecilidade eh punida bem menos do que o necessario para manter os imbecis quietos.
Repetindo o "O", acho que o sujeito que criticou as políticas de bolsa da CAPES/CNPQ não tem a mínima idéia do que esta falando. Resta apenas uma observação que creio ser importante, nos últimos a política da CAPES/CNPQ é fornecer menos bolsas para doutorado fora do país, isto porque imaginam que a pós-graduação brasileira em muitas áreas se consolidou, só fazendo sentido dar bolsas fora para áreas que não têm pós consolidada aqui. De todo modo, para doutorados sanduíches há uma grande oferta de bolsas.
E diga-se de passagem, a política é correta. Acho que falta mais verba para prender nossos alunos de graduação nos laboratórios do que para formar doutores no exterior. Mesmo porque um mestrando forte com experiência de pesquisa e publicações tem grande chance de conseguir a bolsa de doutorado direto da universidade estrangeira. Uma boa parte dos brasileiros indo hoje em dia para Princeton, Chicago, Harvard etc vai sem o CNPq/CAPES.
"Meus caros,
Só um pequeno comentário (e uma provicação) sobre este post. Não sei se é problema não contarmos com uma universidade entre as cem melhores. Digo isto porque temos um país imenso e muitas universidades por aí. Ou seja, nossos recursos estão distribuídos entre um grande conjunto de instituições (por exemplo, se juntassemos USP e UNICAMP, provavelmente teríamos uma universidade entre as cem melhores). Não tenho opinião formada sobre nenhum destes tópicos (se vale a pena juntar ou não os recursos, se universidades são vetores de desenvolvimento regional, etc), mas este ponto deve ser levantado nesta discussão.
Saudações."
É um ponto relevante, mas não serve como desculpa. Se tem dúvidas, entre nas páginas da wiki (en) e compare o "academic staff" da USP com o de outras universidades. Poucas Unis americanas têm tanta gente em seu corpo docente quanto a USP.
Mesmo o IIT não tem tanta gente assim.
Uma outra observação, bem menos relevante, é que esse ranking é de reputação. O ranking geral está disponível no site deles e não muda o cenário para o Brasil…
Poucas têm tantos alunos também.
Harvard tem 21 mil, Yale, 11 mil, Oxford 20 mil…
Só na Fuvest entram 10 mil por ano. Tem ainda a pós.
Em 2010, as transferências do Estado para a USP foram de R$ 3,3 bi (tem ainda alguns cursos pagos, verbas de pesquisa e outras receitas pequenas). Harvard em 2009 teve US$ 27,4 bi. Oxford $3 bi de libras.
Respondendo as perguntas do Parreira, das 9:09:
1) "Será que o IMPA não figuraria bem em algum ranking?"
Fiz o doutorado no IMPA, que é absolutamente uma singularidade: um departamento de matemática de nível internacional em pleno Rio de Janeiro.
Mas é só comparar os currículos dos pesquisadores para ver que na média o IMPA *não* ficaria na elite dos departamentos de matemática americanos ou franceses.
Em termos de produção "bruta", de artigos publicados por pesquisador por ano, o desempenho do IMPA é até comparável ao dos melhores departamentos internacionais. Mas a grande maioria dos pesquisadores do IMPA só publica artigos em journals "meramente" bons ou muito bons, e não nos tops de linha (digamos, Annals of Mathematics, Inventiones Mathematicae, Acta Mathematica, IHES, e JAMS).
Tendo dito isso, o IMPA fica muito bem no contexto internacional; não dá vexame, ao contrário da totalidade das universidades brasileiras.
Como um todo, eu chutaria que o IMPA ficaria entre os 50 mas certamente não entre os 20 melhores departamentos de matemática do mundo.
Obs: Entre os cerca de 40 pesquisadores do IMPA há um grupo pequeno, de cerca de 5 pesquisadores, que consegue publicar com alguma regularidade nos journals tops; estes sim poderiam perfeitamente trabalhar num departamento top internacional. O Artur Avila em particular é um fenômeno, pode trabalhar literamente onde quiser (já recusou convites de Yale e Princeton), e quase certamente vai ganhar a medalha Fields — o análogo matemático do prêmio Nobel — em 2014 ou 2018.
2) "E os cursos do ITA, estariam bem classificados?"
Não sou da área, mas tenho algum contato com engenharia, inclusive com ex-alunos do ITA. Tenho certeza de que em termos de pesquisa, infraestrutura, corpo docente etc o ITA está há anos-luz de uma Caltech ou MIT da vida. Ele tem bons alunos, mas o nível científico é bem baixo para padrões internacionais.
3) "E a pós da EPGE, qual o nível dela comparativamente?"
Os melhores alunos da EPGE do Rio vão para departamentos tops americanos. Hoje em dia, ao contrário do que acontecia há 20 anos, a EPGE (e a economia da PUC-Rio… e imagino que a economia da USP) já tem uma minoria *pequena* mas não-trivial de pesquisadores que já conseguiram publicar pelo menos um artigo num top internacional (e.g., American Economic Review ou Econometrica) da vida. Mas na média a pesquisa produzida na EPGE é muito fraca quando comparada à pesquisa produzida nos melhores departamentos de economia americanos.
Chuto que na média a EPGE do Rio está no mesmo nível de um departamento de aconomia americano beem medíocre. Sei lá, talvez a EPGE ficasse na 75ma posição entre os departamentos de economia americanos… o que vcs acham, "O" e Alex?
[ ],
Matemático
Este ranking não deve ser considerado, pois ele parte de um conceito errado de educação.
O ranking é baseado num conceito de educação que não leva em conta que a verdadeira educação é "um processo de formação do pensamento crítico, de desenvolvimento da criatividade e da força de mudança, de consolidação da capacidade de se indignar moralmente, de refletir sobre a vida social e de compreender reflexivamente as múltiplas tradições que nos geraram."[Vladimir Safatle]
E por isto mesmo o Brasil não deveria seguir o exemplo da Coreia do Sul e "imitar o modelo de um país que, no fundo, nem sequer conhece o que é pesquisa em ciências humanas e não tem sequer uma universidade como polo real de influência em várias áreas do saber."[Vladimir Safatle]
Um viva ao "Grande Líder"!
Sobre a classificação das escolas de economia do Brasil comparadas ao resto do mundo, eu conheço estes dois sites que, de acordo com seus critérios, fazem comparações entre vários departamentos de economia do mundo:
https://econtop.uvt.nl/rankingsandbox.php
http://ideas.repec.org/top/top.inst.all.html
De acordo com o ranking da Tilburg University, a EPGE, quando comparada aos departamentos de economia dos EUA, ficaria na 70ª posição,mas no ranking Repec a classificação se altera bastante bastante (mas como já foi dito aqui, muitos pesquisadores brasileiros não está inscritos no Ideas Repec).
Anônimo das 14:03 (matemático):
Perfeito. Finalmente, alguém com algum bom senso para dizer que, mesmo sendo um centro de excelência na AL, o IMPA está longe de ser estelar, quando comparado com os Deptos Top dos EUA (ao que parece, de fato, o wunderkid naive que V. menciona é espetacular).
Quanto à EPGE, talvez o melhor Depto de Economia (?) do país (segundo critérios padrão), abusando do ufanismo, ela seria algo como Top 100. Embora de vez em quando saia uma Ecta de lá, sua pesquisa tende a ser de baixíssimo impacto. De fato, assim como há uns matemáticos que migraram para a Economia em, digamos, Vigo e que, de quando em quando, publicam na Ecta, assim os fazem os matemáticos — as áreas aplicadas da EPGE são patéticas — da EPGE (quase todos Impa-boys. Governança, a gente se vê por aí). É bom? Sim. è algo que deveríamos estimular no Brasil? Não sei. 31 anos depois do Myerson ter nos ensinado uma língua, a menos de uma aplicação relevante, pouco me interressa leilões ótimos com distribuição que não sejam absolutamente coninuas (a propósito: Araújo é o único que fez algo relevante e de impacto na área no Brasil. My criticism does not apply to him).
A questão é: por que é difícil montar centros de excelência no Brasil. Respostas: (i) recursos. Um cara como, digamos, o Acemoglu ganha algumas centenas de milhares de dólares por ano. Manter talentos na academia é caro e, por enquanto, não há mecanismos (públicos ou privados) formais e estáveis para se atrair e fixar tais talentos. Em ciências duras, a questão é ainda mais dramática. Além de remunerar o pesquisador, deve haver recursos para financiar laboratórios, centros de pesquisa e etc (ii) há um problema sério de coordenação. Ficaria mais fácil trazer de volta talentos se houvesse uma quantidade razoável de pessoas talentosas e produtivas no Brasil. Não há. Os poucos ativos (a) não conseguiriam posições estelares fora e (b) tem um enorme home bias. É difícil fazer política de atração de talentos contando com home bias, concordam? A questão é: como resolver tais problemas de coordenação sem recursos? Mesmo com recursos, como se resolve problemas de coordenação? (Economistas, por saberem rosca sobre seleção de equilíbrios, sabem muito pouco sobre isso. Mr. Keynes, que fez todas as perguntas certas e deu todas as respostas erradas, segundo David Levine, sugeriria uma redução de juros (risos…))
PS.: Talvez CAPES e CNPQ pudessem fazer algo, não fossem completamente capturadas por um status-quo mediocre (alô, alô, Ministro Mercadante).
PS.1: E viva a UNICAMP e a USP, com sua intelligentsia teletubbie! Excelência "Vampeta-Style": elas fingem que são de primeira linha e nós fingimos que acreditamos.
Eu acho que não é nem uma questão de salário. Os salários brasileiros já são altos, e os Acemoglus do mundo recebem uma fração pequena de sua renda dos salários.
O problema é de localização. A vasta maioria dos pesquisadores não-brasileiros preferem morar em, digamos, University Park no interior da Pennsylvannia ou Urbana-Champaign no meio do milharal em Illinois a morar no Rio ou em São Paulo, recebendo o mesmo salário em paridade de poder de compra.
Anonimo das 17:55:
Bacana o seu comentário. De acordo com um dos rankings citados no comentário do Rogério Ferreira, a EPGE ficaria em 70ma colocação entre os departamentos americanos. Então parece que os nossos chutes (75ma e 100ma posição) estão "in the ballpark".
Quanto ao IMPA, ele claramente é "estelar" quando comparado com qualquer departamento de exatas de qualquer universidade brasileira. Para padrões internacionais, ele é muito bom (um dos 40 melhores, talvez), mas não está entre os top 20.
Atingir um nível desses num país com a cultura acadêmica brasileira é uma façanha incrível. Graças à sua liderança inteligente (e aqui o principal nome é o do Jacob Palis) ele conseguiu ser o contrário do que são quase todas as universidades brasileiras: eficiente, flexível, sem burocracia nenhuma, aberto para a competição/colaboração com o exterior, meritocrático, e impessoal. Um exemplo a ser seguido.
A questão de recursos se resolve com boa administração, flexibilidade, cooperação com o setor privado, e busca de doações. O IMPA também serve como exemplo neste quesito: criou um mestrado pago em finanças, colabora com várias empresas, e nos últimos anos vem captando agressivamente doações de instituições e pessoas físicas privadas no Brasil e no esterior.
Hoje em dia o IMPA é uma instituição relativamente rica: paga excelentes salários, tem excelente infraestrutura, e oferece zilhões de (bem-remuneradas) posições para visitantes e post-docs. Um dos resultados de tudo isto é que ele tem conseguido cada vez mais atrair bons pesquisadores e alunos estrangeiros.
(Enquanto isso… na USP tem uns cretinos querendo processar o reitor por ter batizado salões da universidade com os nomes de ex-alunos que doaram alguns milhões, aiaiai.)
Bem, é isso aí. Me desculpem por mais um comentário longo.
Matemático
O Brasil eh um pais cartorial e os brasileiros nao querem acabar com isso. Querem mesmo eh entrar para a panela mais proxima. Educao para que? Esse eh o maior obstaculo para conseguirmos melhorar as universidades brasileiras.
Ciro Obama Gomes
Eu nao acho que e o salario ou o poder de compra, apenas
E diria que a falta de massa critica de pesquisadores e alunos e recursos e um problema serio.
Eu acho que vcs deixaram passar um comentário relevante:
"O buraco é mais embaixo. O problema é muito pior na educação fundamental e ensino médio!!!"
Qq país pode ter uma instituição de ponta em alguma área. O difícil é fazer com que a escola ensine as quatro operações, português e – sonho meu – o básico de inglês.
Na boa, se você tira o componente do ufanismo, não fica muita racionalidade no investimento em centros de ponta no Brasil. Existem exceções, mas exceções são isso mesmo: exceções. Para cada IMPA existem dúzias de tentativas fracassadas que naufragaram sem deixar rastro.
Enfim, não precisamos de rocket science (literalmente e figurativamente). Dá para fazer uma país bem decente com Teoria das Vantagens Comparativas e o conceito de custo de oportunidade.
"O problema é de localização. A vasta maioria dos pesquisadores não-brasileiros preferem morar em, digamos, University Park no interior da Pennsylvannia ou Urbana-Champaign no meio do milharal em Illinois a morar no Rio ou em São Paulo, recebendo o mesmo salário em paridade de poder de compra."
Isso não significaria que os salários precisam ser aumentados para se tornarem internacionalmente competitivos?
Um outro problema, relacionado com isso, é a predominância do ensino superior público e a burocracia da carreira.
Se Acemoglu, Sargent ou Becker demonstrassem interesse em trabalhar, por exemplo, na UFPB ou na UEM, essas universidades não poderiam lhes oferecer um salário melhor que o dos professores de lá. Aliás, não poderia nem oferecer um salário, eles é que teriam de prestar concurso.
Não vejo nenhum problema na Epge ser top 100 e não top 30, ou o impa ser top 40 mas não top 20. É obviamente dificílimo ter centros de ótima qualidade em várias áreas.
Tanto Epge quanto Impa fazem muitíssimo bem o seu trabalho: dialogar com departamentos de ponta, entender e importar (ao menos parcialmente) o que é feito lá fora. O que me preocupa é a média. Grave não é a pesquisa da Epge ter baixo impacto em relação a Chicago (por que o pessoal implica tanto com o Paulo Klinger?). Grave é um ótimo aluno passar no vestibular da UFF e aprender que o plano real não teve nada a ver com o controle da inflação no Brasil (que diminuiu graças a uma certa deflação mundial em 1994). Essa bizarrice e várias outras são correntes na uff, na ufrj, na unicamp e, aposto, na maioria dos departamentos brasileiros.
Quando vamos para ensino médio… básico… a coisa fica muito mais feia. Pouco importa ter uma das melhores Escolas de Alfabetização do mundo; eu ficaria feliz com o mínimo.
Em termos de bem-estar, o que interessa não é melhorar o ranking da epge ou do impa ou do ita, mas garantir que os alunos possam confiar minimamente nas informações passadas por seus professores em todas as escolas/faculdades. Estamos MUITO longe disso.
abs
"Em termos de bem-estar, o que interessa não é melhorar o ranking da epge ou do impa ou do ita, mas garantir que os alunos possam confiar minimamente nas informações passadas por seus professores em todas as escolas/faculdades."
Não, o que importa é formar alunos capazes de filtrar minimamente as informações que recebem.
Por isso não é tão absurdo pensar numa educação como "um processo de formação do pensamento crítico, de desenvolvimento da criatividade e da força de mudança, de consolidação da capacidade de se indignar moralmente, de refletir sobre a vida social e de compreender reflexivamente as múltiplas tradições que nos geraram".
Opa!
O que está em discussão aqui é a situação da educação no país e as opções de política educacional.
Não vamos massacrar justamente quem se destaca. O fato da USP não aparecer no ranking não tira os seus méritos, pois dos 117 cursos de pós graduação com nota 7 na CAPES, 35 pertencem à USP.
Se a USP figurasse no ranking ou a EPGE ou o IMPA fossem TOP 20, a situação da educação no país não melhoraria.
A discussão não é sobre algumas instituições apenas, mas sobre todo o quadro da educação no país. Mas parece que queremos reduzir todos à mediocridade.
E sobre o a educação e o "pensamento crítico", a passagem do Safatle só mostra que o "pensamento crítico" dele não faz a crítica mais importante: a autocrítica.
"Os salários brasileiros já são altos, e os Acemoglus do mundo recebem uma fração pequena de sua renda dos salários."
Preferi não participar deste debate porque sou parte interessada. Mas não resisti ao comentário acima. A maior parte das Universidades brasileiras é ligada ao setor público. Estas universidades são responsáveis por quase toda a pesquisa realizada no país (eu sei que na área de economia isto não é verdade, mas estou falando em termos gerais). Não creio ser viável, pelo menos a médio prazo, mudar esta realidade, não sei nem se é desejável. Desta forma, a busca por maior qualidade na academia brasileira passa necessariamente pela a maneira como as universidades públicas funcionam.
É aí que entra o comentário que citei. Por que as universidades públicas não podem buscar financimento fora do orçamento público? Por que não complementar o rendimento dos professores com recursos obtidos fora da universidade? Pela minha experiência seria possível garantir uma renda bem maior aos professores, além de melhores condições de ensino e pesquisa.
Hoje um professor entra em uma universidade federal (muitas vezes em um concurso com mais vagas do que candidatos), depois de três anos ganha estabilidade e tem a carreira toda determinada por regras relacionadas a tempo de serviço. Caso ele faça uma pesquisa que atraia o interesse privado ele terá um custo enorme para obter renda de uma eventual parceria, se ele for até o fim da burocracia conseguirá a renda, mas esta será limitada por diversas normas e sempre existirá a ameaça de ter seu projeto suspenso a qualquer momento devido a uma nova interpretação de algum dispositivo legal. Não raro a burocracia toma mais tempo que a própria pesquisa. Nestas condições não é de se admirar que poucos professores se dediquem com afinco as atividades de pesquisa.
Poderia passar o resto da noite escrevendo sobre este assunto. Não acredito que o quadro desolador da academia brasileira possa mudar enquanto as universidades forem repartições públicas. Pesquisa não deve ser sacerdócio nem diletantismo, tem de ser uma atividade profissional e, portanto, tem de gerar renda para quem realiza a atividade. Um modelo de organizações sociais ou mesmo de empresas estatais seria o primeiro passo para criar uma academia sólida no Brasil.
Abraço,
Roberto
Eu estava olhando o site do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e vendo quais as instituições fizeram a opção pelo modelo de Organização Social (OS). E podem ser vistas aqui:
http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/741.html?execview=
O IMPA é uma das Unidades de Pesquisa vinculadas ao MCT que fizeram a opção por se tornar OS. Eu não sei dizer, mas aparentemente os impactos não foram negativos.
E também não sei dizer o impacto sobre as outras unidades, mas seria interessante comparar quem optou e quem não optou.
Eu lembro que a proposta de Organização Social surgiu e foi divulgada na "Reforma Administrativa" do Bresser Pereira. Mas foi duramente atacada dentro das Universidades Federais, pois um dos temores era ser contratado pela CLT ou que o contrato da OS com o governo fosse cancelado da noite para o dia.
Quando você opta por se tornar OS e celebra o contrato com o Governo, você constitui uma pessoa jurídica sem fins lucrativos, e fica livre das amarras do setor público, seja na gestão de recursos ou em parcerias com o setor privado. Mas a nova OS tem que se comprometer com as metas estabelecidas no contrato, ou seja, tem que gerar resultados.
Difícil é vencer o corporativismo (e princípios como o da isonomia) e o medo do mercado dentro das Universidades Públicas (e discursos como o da "mercantilização do ensino" ou que a "universidade é o espaço da reflexão" ou que "o que é produzido com recursos públicos não pode ser apropriado pela iniciativa privada").
"Não, o que importa é formar alunos capazes de filtrar minimamente as informações que recebem."
Bobagem. É óbvio que ninguém quer formar idiotas acríticos, mas é necessário que os professores sejam minimamente honestos e qualificados. É impossível para um bom aluno da ufrj, que precisa estagiar desde cedo e não tem perfil acadêmico, filtrar todas as idiotices que vai ouvir. Esses caras são bons picaretas: falam bem, usam estatísticas de maneira enganosa, se escondem sob um manto de "pensamento alternativo, crítico, social".
– Crianças, quem descobriu o Brasil foi Pedro Alvares Cabral.
– Opa, double check. Alguém olha aí na wikipédia.
abs
Bons comentários são os da Mônica de Bolle, da Galanto. É professora de macroeconomia na PUC Rio. Deve ser uma ótima professora. Alguém a teve já?
Caros, se a Coréia do Sul não tem política de enviar alunos para fazer doutorado na Europa e nos EUA isso só comprova que eles (e nos EUA, pelo menos, têm muitos coreanos nas universidades) estão muito melhor preparados para ingressar. E esse preparo já vem dos níveis de ensino fundamental e médio. Nós temos universidades e cursos razoáveis, mas os alunos, em geral, tem uma preparação muito fraca. Como disse anteriormente, o buraco é mais embaixo…
“Caros, se a Coréia do Sul não tem política de enviar alunos para fazer doutorado na Europa e nos EUA isso só comprova que eles (e nos EUA, pelo menos, têm muitos coreanos nas universidades) estão muito melhor preparados para ingressar. E esse preparo já vem dos níveis de ensino fundamental e médio.”
Isso mesmo. O modelo da Coréia do Sul se baseia na excelência no ensino básico e médio e na conformidade com padrões mínimos e homogêneos.
Este é o exato oposto do modelo brasileiro em que os ricos e os filhos do Lula e da Marta Suplicy podem sair do sistema e ter educação de qualidade superior em um sistema paralelo privado.
Eu mesmo pago uma escola caríssima para que minhas crianças tenham a melhor educação que o dinheiro pode comprar. Mas eu sou de direita. Agora sujeito que se diz de esquerda matriculando os filhos em escola particular é esquerdista de mentirinha.
"Este é o exato oposto do modelo brasileiro em que os ricos e os filhos do Lula e da Marta Suplicy podem sair do sistema e ter educação de qualidade superior em um sistema paralelo privado. "
ué, os filhos do molusco e os suplinhas não são tb ricos?
"Enfim, não precisamos de rocket science (literalmente e figurativamente). Dá para fazer uma país bem decente com Teoria das Vantagens Comparativas e o conceito de custo de oportunidade."
Vou discordar dessa linha de raciocínio do Leonardo Monastério. Não são os muito poucos institutos de ponta que oneram ou desequilibram o ensino no Brasil, em termos de investimentos em ensino superior vs. ensino básico. Pelo menos se estivermos falando de institutos ligados ao MEC e ao MCT. Mas mesmo se alargarmos o conceito para incluir eventuais departamentos de ponta em universidades, ou mesmo uma universidade inteira, é importante levar em conta que sem os "da ponta", boa parte dos que desfrutam de um ensino básico de qualidade não têm para onde ir – e acabam escolhendo o aeroporto. Veja-se o caso dos professores e acadêmicos latino-americanos que vêm de países com melhores índices escolares que o nosso.
Nao. Nao existe petista rico. Ricus sao os outros.
"Agora sujeito que se diz de esquerda matriculando os filhos em escola particular é esquerdista de mentirinha."
O, não entendi a lógica por detrás desta aparente crítica. Digo aparente por que ela me parece mais uma boutade, que, aliás, já li e ouvi várias vezes. Mas, reitero, não é algo que me pareça ter muito sentido.
Alguém pode citar a passagem de Stálin afirmando que verdadeiros esquerdistas não podem pagar pelo ensino dos filhos?
Qual o ultimo professor da USP a publicar na econometrica?
"Qual o ultimo professor da USP a publicar na econometrica?"
Eleutério Prado?
João Paulo,
Eu defino esquerda como preferência por menos desigualdade e distância social.
Esta é minha definição (outros definiriam esquerda como tributar o trabalho para subsidiar o Grupo Bertin, eles se chamam petistas).
No Brasil, escola particular existe praticamente por um único motivo: garantir que aqueles que possam pagar tenham uma educação melhor e sejam segregados daqueles que não podem pagar.
Note que isto é diferente por exemplo dos EUA, onde existe uma demanda por escolas privadas por motivos religiosos ou de currículo. Como sabemos, no Brasil, as escolas religiosas tendem a ser relativamente seculares, e o currículo é unificado.
Políticos progressistas nos EUA às vezes sinalizam sua posição política colocando seus filhos na escola pública – Jimmy Carter quando presidente tinha uma filha na escola pública de Washington, DC. No Brasil seria completamente impensável imaginar uma criança de um Mercadante (tem prole este bigode?) ou de um Matarazzo Suplicy colocando os pés em uma escola pública a não ser no dia de votar.
O,
Obrigado pela resposta. Ela me parece insatisfatória, mas sua referência aos EUA é ilustrativa. Afinal, você passa por cima do ponto essencial: a escola pública norte-americana é infinitamente melhor do que a nossa, inclusive na questão da abrangência. No Brasil, mesmo no seu auge, a escola pública não recebia uma parcela considerável das crianças.
As pessoas não têm que necessariamente ser monges, como se tivessem alguma culpa a expiar e como se o sofrimento pessoal levasse a algum tipo de redenção . Não incide em nenhum handicap moral um sujeito que ache que devamos ter uma boa escola pública na qual todos possam mandar seus filhos nela estudar sem discriminação de qualquer tipo, ou seja, que almeje (no caso brasileiro) um ideal, e que envie seus filhos para uma boa escola privada por simples ausência de alternativa. O Jimmy Carter enviou seus filhos para escolas públicas porque o custo entre manter a imagem pública (que uma pessoa comum não tem) afinada com suas convicções era muito pequeno, quase desprezível, sobretudo nos anos 50 e 60. Permito-me duvidar que ele tomasse a mesma atitude se vivesse no Brasil de hoje.
O sujeito de esquerda não defende a escola pública e ponto final. Ele defende uma BOA escola pública.
Meus caros,
"O sujeito de esquerda não defende a escola pública e ponto final. Ele defende uma BOA escola pública."
Gostaria de saber (sempre pensando no caso brasileiro) quais foram as políticas educacionais propostas pelo PT (quando na oposição) ou implementadas pelo governo petista que levassem a uma melhoria da educação básica pública brasileira.
Agora, como bem disse o "O", tributar trabalhadores para subsidiar os muito ricos, eles sempre propuseram isto er implementaram com gosto no governo.
Saudações
Na verdade o argumento do "O" é uma versão soft de coisas como "se você gosta tanto de mendigo ou sem terra, por que não leva um pra casa"?
Mais do que serem demandas por pontos específicos, as questões da esquerda são demandas por soluções sociais para problemas específicos. Não há por que alguém assumir individualmente um custo, ainda mais que o benefício social será inifitesimal.
Florestan Fernandes, que poderia pagar e ainda contava com a ajuda de muitas pessoas importantes, inclusive o presidente da República, morreu de tanto esperar na fila do hospital do servidor público… Qual foi o benefício social desse enorme custo?
"O sujeito de esquerda não defende a escola pública e ponto final. Ele defende uma BOA escola pública."
E o sujeito de direita defende uma MÁ escola pública?
Oi Alex,
Não necessariamente. Mas a direita não tende a se comover muito quando a escola pública vai pro buraco.
Anônimo das 11:33,
Eu acho que não fez muito mesmo (até porque a educação básica é da alçada dos estados e municípios), mas pelo menos propôs e provou uma medida civilizadora, que é um piso salarial nacional para os professores.
Nem a esquerda João. A questão educacional passou tempos sem ser discutida pela esquerda. Mesmo quando a escola pública foi devidamente demolida no Brasil, as poucas vozes que se ouviram criticando o problema não vieram de lá, mas da direita, com destaque para o trabalho pioneiro do Langoni.
As escolas publicas americanas são realmente tão boas?
Oi Alex,
Falo por conhecer de orelhada, mas como não quero entrar no mérito de quem acertou e quem errou, acho que dá para o gasto. É preciso separar os acadêmicos dos partidos políticos. A gente poderia lembrar do PSDB, que tinha um projeto que tinha origem em acadêmicos (Paulo Renato, por exemplo). Mas os tucanos não se identificariam como de direita, e certamente não vieram da direita.
De qualquer forma, também nos anos 80, o PDT, com seus "Brizolões", tinha um diagnóstico e uma proposta. Ainda que sem a mesma centralidade programática, eu poderia lembrar a interface entre orçamento participativo implementado pelo Olívio Dutra, do PT, e o investimento nas escolas municipais.
Se a isso juntarmos as propostas (gostemos delas ou não) dos sindicatos de professores da mesma época até hoje, temos uma expressiva demonstração de preocupação com a reversão do quadro da escola pública no campo da esquerda, preocupação que passa por acadêmicos (Darcy Ribeiro, por exemplo), movimentos sindicais, até chegar nos partidos. Tenho sérias dúvidas que tal movimento (excluindo, por motivos óbvios, os sindicatos) é detectável na direita brasileira, mesmo que nela incluamos o PSDB dos anos 90 para cá.
Ah, sim, vc poderia, por favor, passar essa referência do Langoni, só para me economizar tempo?
"As escolas publicas americanas são realmente tão boas?"
Sim e se voce pensar bem eh ate absurdo que voce faca essa pergunta, tamanho o dominio dos americanos nas atividades culturais e intelectuais globalmente — isso em um pais em que bem mais do que 95% das criancas frequentam escola publica.
Mas que proposta de educação cada setor da esquerda defende?
Pois o setor ligado ao PT e aos sindicatos sempre foram contra as proposta de prioridade na educação básica e medidas de avaliação de desempenho. E a uma maior participação do setor privado na educação, principalmente no ensino superior.
Eram chamadas de propostas "neoliberais do Banco Mundial" nos anos 90.
Basta procurar no Google "Banco Mundial educação" ou "propostas do banco mundial para a educação" e você verá inúmeros textos e artigos insanos que faltavam dizer que seguir a cartilha do Banco Mundial era o mesmo que fazer um pacto com o diabo.
Bem, se tívéssemos implementados todas as propostas do Banco Mundial nos anos 90, estaríamos assistindo neste momento o despontar de uma geração que saberia ler, escrever e fazer contas muito melhor que esta que efetivamente está despontando.
Falar de educação é fácil, difícil é ter coerência no que se fala.
"vc poderia, por favor, passar essa referência do Langoni, só para me economizar tempo?"
Claro.
Distribuição da renda e desenvolvimento econômico do Brasil
Você pode achá-lo aqui:
ttp://books.google.com.br/books?id=mLAl1DO7T_EC&printsec=frontcover&dq=carlos+langoni&source=bl&ots=Jl_fTSAXe2&sig=1r9qbJAR-EW1ufz3rE3IWSAFoq0&hl=pt-BR&ei=-V-BTevgFIuXtweo-Ji-BA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=15&ved=0CGQQ6AEwDg#v=onepage&q&f=false
"Se a isso juntarmos as propostas (gostemos delas ou não) dos sindicatos de professores da mesma época até hoje, temos uma expressiva demonstração de preocupação com a reversão do quadro da escola pública no campo da esquerda,"
Aí também não. Se há uma coisa com que estas propostas não se preocupam é com a reversão do quadro da escola pública.
'Na verdade o argumento do "O" é uma versão soft de coisas como "se você gosta tanto de mendigo ou sem terra, por que não leva um pra casa"?'
Nao, nao eh.
Levar um mendigo para casa nao resolve problema algum, fazer uma escolha por morar em uma casa menor que gasta menos energia e ocupa menos espaco resolve. Eu esperaria que pessoas de esquerda de verdade entendem isso e ajustam suas escolhas de acordo.
O principal problema da escola publica no Brasil eh o exodo da classe media. Dizer que eh a favor da escola publica ser BOA e matricular o filho na escola particular eh nao so a saida facil mas tambem aquela que cristaliza a desigualdade social.
Mas nao eh somente a escola publica, mas todos os outros espacos de convivencia social. Vide o exemplo dos Suplicy, que criaram os filhos em escola particular e clubes altamente exclusivos. Como que alguem pode se dizer de esquerda enquanto em toda sua vida privada voce tentou se excluir e ser desigual/diferenciado?
So no Brasil mesmo, onde ser de esquerda eh ser favoravel a tributar o trabalhador para subsidiar o Grupo Bertin…
Mais sobre a escola americana: se voce tiver alguma duvida, compare a qualidade do texto e a substancia de um New York Times, por exemplo, com qualquer jornal brasileiro.
Primeiro, concordo que os Suplicy são de esquerda apenas na aparência. Marta certamente. O Eduardo parece ser um tonto com vergonha de ser rico.
Sobre isso:
"O principal problema da escola publica no Brasil eh o exodo da classe media. Dizer que eh a favor da escola publica ser BOA e matricular o filho na escola particular eh nao so a saida facil mas tambem aquela que cristaliza a desigualdade social."
Eu entendo o ponto, mas é um pouco demais exigir que pais prejudiquem o futuro dos filhos por coerência ideológica.
Uma coisa é o desejo por uma escola pública boa. Outra, o fato de que a escola pública, em geral, é muito pior que a privada.
Cria-se uma espécie de dilema do prisioneio. Por que o cara de esquerda vai colocar o filho em desvantagem se o cara de direita ou sem ideologia não está disposto a fazer o mesmo?
A qualidade do texto do New York Times não é evidência. O americano médio lê o NT? Não sei, é só uma pergunta mesmo . . porque pode haver (e isso é uma hipótese de alguém que não conhece o sistema educacional americano) uma distancia muito grande entre os 5 % de alunos mais bem formados e o resto, esses 5 % iriam para as TOP 100 . . .
Você esta aplicando o modelo brasileiro para os EUA. O típico aluno americano nas universidades top 100 (ou top 10 se voce quiser) vem da escola publica. Escolas privadas sao uma minoria muito menor nos EUA do que no Brasil.
Mesmo que sua premissa estivesse correta e os jorbai representassem apenas o nível intelectual dos top 5% de cada pais, existe um abismo de qualidade favorecendo as publicações americanas (feita predominantemente por e para ex-alunos de escolas publicas) e as brasileiras (essas sim provavelmente feitas por e para a classe media que paga escola particular).
Concordo com "O". Se os esquerdistas colocassem seus filhos em escolas públicas, teriam que monitorar mais de perto a qualidade da escola. Esse monitoramento maior ajudaria a melhorar a gestão da escola, beneficiando todos os alunos. O meio que já existe para isso são as associações de pais. Lógico que é mais fácil tirar seu filho da escola pública que empreender esforços para melhorá-la. É apenas incoerente quando se fala em defesa de ensino público e da desigualdade. Desigualdade de ensino se reduz colocando alunos bons em contato com os maus e provendo incentivos adequados para que os bons continuem bons.
O problema da idéia é a coordenação. Talvez os partidos políticos pudessem assumir esse papel, orientando os filiados a fazerem política via associações de pais, lutando pela qualidade da educação pública.
Mas convenhamos, é mais fácil e bem mais estimulante criticar as taxas de juros, os banqueiros, o FMI e a globalização!
Abs
K
A esquerda organizada politicamente defende seus amigos: sindicatos que não apóiam meritocracia no ensino, os professores universitários com aposentadorias com menos de 50 anos e uma vidinha de "pequenos burgueses" reclamando da falta de maior apoio. Em suma cagam para o ensino fundamental público. O sistema de contas tem relação com isso inclusive ("entre melhorar a vida dos 5 filhos ou mandar 1 deles pra Harvard e manter os outros 4 analfetos funcionais? O de esuqerda quer fechar Harvard!").
A base "intelectual" da esquerda está encastelada nas universidades públicas, parada num pós-marxismo cristalizado na guerra fria com botton do Che. Até porque dá trabalho abandonar idéias antigas que já os fizeram pegar muita mulher (ou homem).
Os pragmáticos de direita querem ensino público fundamental de qualidade (a melhor que os nossos bilhões podem comprar), ensino superior pago. Depois de 1 década assim, vamos pensar em cotas raciais ou outro tipo de apoio às "minorias". Já o que defende a direita politicamente organizada… não sei. Tem que falar antes com o Coelhinho da Páscoa.
Fernando A.
"Se os esquerdistas colocassem seus filhos em escolas públicas, teriam que monitorar mais de perto a qualidade da escola. Esse monitoramento maior ajudaria a melhorar a gestão da escola, beneficiando todos os alunos."
E por que os pais esquerdistas em geral teriam algum poder para melhorar a escola do que os outros pais?
Se houvesse alguma chance de uma escola pública minimamente similar à privada, vocês acham que eles não a prefeririam em vez de dar mil reais por mês por filho para uma escola de dondocas? Os caras são esquerdistas mas não são burros…
Aliás, se isso é uma estratégia para que os filhos de esquerdistas fiquem pobres e burros, não vai sair pela culatra… Os moleques vão ficar revoltados com os pais que ferraram com a educação deles e virar tipo a Sarah Palin ou o Olavo de Carvalho, ou seja, direitistas burros…
"Se a isso juntarmos as propostas (gostemos delas ou não) dos sindicatos de professores da mesma época até hoje, temos uma expressiva demonstração de preocupação com a reversão do quadro da escola pública no campo da esquerda,"
Ninguém está menos preocupado com a melhoria do ensino nas escolas públicas do que os sindicatos de professores do ensino público. Se não concordar participe de uma assembléia de qualquer um destes sindicatos, inclusive do ensino superior…
Obrigado, Alex.
http://vejabrasil.abril.com.br/rio-de-janeiro/editorial/m2356/nossa-pequena-harvard
Sobre o IMPA.