O quê queísso? Por Eduardo Affonso
O quê queísso?
Por Eduardo Affonso
…”Tia, para com isso que a senhora tá me assustando. Eu podia estar militando no PT, podia estar de mimimi nas redes sociais, mas estou aqui roubando honestamente. Eu quero o carro para fazer outros assaltos, depois vender tudo e comprar droga. Só isso. Não bota ideologia no meio, que eu sou assaltante e traficante, mas não sou bandido”…
Post do autor no Facebook, 28 de dezembro/ 17. Ele jura que não é inspirado
no assalto à deputada Maria do Rosário,
PT-Rio Grande do Sul, ex-ministra dos Direitos Humanos
– O quê queísso? O quê queísso?
– Isso é um assalto, tia. Entrega logo o celular, a carteira, senão leva chumbo.
– Não mesmo! Isso não é um assalto, isso é uma expropriação, uma distribuição de renda, uma socialização dos bens de consumo.
– Não enrola, tia. Larga a chave e vaza!
– Você é uma vítima da sociedade…
– Vítima vai ser a senhora se não calar essa boca e me entregar o carro.
– … uma criança!
– Que porra é essa de me chamar de criança? Tá pensando o quê? Tenho 16 anos, uma filha de 3, e 15 passagens pela polícia. Me respeita!
– Você só está fazendo isso porque a sociedade te rejeita porque você é afrodescendente e pela sua orientação sexual.
– Tá loca? Eu sou branco que nem a senhora. E que papo é esse de orientação sexual? Tá me estranhando?
– Você pode se autodeclarar o que quiser, e eu vou respeitar sua opção racial e sua construção de gênero.
– Tia, eu não sei o que a senhora fumou, mas seu fornecedor parece melhor que o meu. Agora me dá o relógio, as joias…
– Você não merece ser chamado de ladrão, porque só está cobrando a dívida histórica e levando de volta o que te pertence. Tudo isso aqui é seu. Foi comprado – literalmente! – com o seu dinheiro.
– Tia, para com isso que a senhora tá me assustando. Eu podia estar militando no PT, podia estar de mimimi nas redes sociais, mas estou aqui roubando honestamente. Eu quero o carro para fazer outros assaltos, depois vender tudo e comprar droga. Só isso. Não bota ideologia no meio, que eu sou assaltante e traficante, mas não sou bandido.
– Não é bandido? Então fora do meu carro, agora! Eu ia chamar uma ONG, convocar uma manifestação, criar uma rexitegue, fazer coraçãozinho com as mãos e falar “gratidão”, mas vou é acionar a polícia! E devolve minha bolsa de grife, meu cartão de crédito e meu aifone, seu… seu… seu capitalista, fascista, golpista!
– Tá bom, tá bom, eu levo só o carro. E não precisa cuspir, tia!
————————————————-
Eduardo Affonso – é arquiteto. Vive no Rio de Janeiro
SÉCULO 21, A HORA E A VEZ DO POLITICAMENTE CORRETO?
Ficção e suposições decorrentes de meras elucubrações inerentes ao ser humano e sua luta pela sobrevivência. Qualquer semelhança com a realidade aqui ou algures é mera coincidência. (rsrsrs…)
Movidos por um “democrático comportamento educado” fomos ouvindo e timidamente concordando com certas opiniões “politicamente corretas”. Depois, expostos a uma paulatina escalada e adesões ao “politicamente correto”. Fomos assistindo e concordando e, agora… se discordarmos, surpresa não será se formos taxados de “reacionários” e outros pejorativos.
Militâncias “politicamente corretas” vidradas em caçar todos os “contrários às suas causas e interesses”? Acusações verdadeiras e até falsas envolvendo “racismo”, “assédios” e outras “fobias” passaram a impor uma espécie de “autopoliciamento”, digno de ser copiado até pelo regime totalitário da Coréia do Norte?
Esse “autopoliciamento” estimulado pelo “politicamente correto” não reprimiria a capacidade crítica dos indivíduos, ao ponto de até adotarem os discursos de seus potenciais opressores? Portanto, uma sociedade induzida ao “autopoliciamento” não reagiria, mesmo contra mudanças por escusos interesses dos “politicamente corretos”?
Pelo “politicamente correto”, a mídia não estaria agindo de forma medrosa e beirando à covardia, quando tem que informar certos fatos, opinar e criticar? É ridículo ler ou ouvir na mídia certas palavras como “suspeito”, “suposto”, “supostamente”, até mesmo quando um criminoso é preso em flagrante delito e reconhecido que cometeu o crime?
Seria possível distinguir e separar o que seja “politicamente correto saudável” de ações que poderiam constituir um meio para impor um “não saudável” ambiente de “liberdade controlada” e antecedendo um regime autoritário? Enfim, o “politicamente correto não saudável” seria o estratagema para desunir, desarticular e fragilizar uma sociedade, com o intuito de torná-la uma presa ideal para ideologias e objetivos antagônicos a uma ou, até mesmo, um conjunto de Nações?
O comprovado uso da Internet interferindo em eleições dos EUA, Inglaterra, França e outros países também não estaria demonstrando que seria possível espalhar e adubar sementes do “politicamente correto não saudável”?
Facilitado pelo momento oportuno em relação aos EUA, um império se fragilizando, até que ponto o “politicamente correto” poderia ser plantado e manipulado por antagônicos a tudo que o Mundo Ocidental possa representar? Seria pela eurasiana Rússia, em uma busca de supremacia interrompida com o fim da antiga URSS? Pelo Mundo Islâmico, representado pelo “IS” e outros radicais? Pela China, uma potência ocupando cada vez mais espaço na economia e decisões mundiais?
Algo impensável até poucas décadas atrás, o “politicamente correto” estaria influenciando e reformulando valores culturais, morais, éticos, códigos e leis? Cada preconceito seria uma oportunidade a ser explorada? Se necessário, sob o manto da Democracia & Legalidade, instigaria conflitos entre classes sociais, minorias, etnias, credos e opiniões políticas?
Concluindo, pergunto:
( ) 1) Devemos nos manter sempre despertos e atentos em relação aos “politicamente corretos” nos policiando sem tréguas?
( ) 2) Acreditarmos piamente que o “politicamente correto” são bem-vindas ideias e atitudes em prol de um Mundo Melhor?
AHT
28/12/2017 *
* PS: Hoje estou completando 70% de um século. Entre várias atividades recreativas oferecidas pelo hotel onde estou curtindo meu aniversário, optei por uma cavalgada. Para minha surpresa, fui alertado pelo tropeiro para evitar que o meu cavalo se aproximasse dos outros oito cavalos da tropa. Motivo? – Simplesmente porque seria rejeitado. Um cavalo vítima de bulling. — È vero! — Por esse bulling equino e a essa onda do tudo pelo “politicamente correto” que só me resta levar a sério, isso: Rir é um santo e delicioso politicamente incorreto remédio!
Adorei o seu texto “Há dois tipos de palavras”. Uma ótima contribuição!