Então, vamos aos números. Coluna Mário Marinho
Então, vamos aos números
COLUNA MÁRIO MARINHO
O Brasileirão de 2017 chega ao seu final com péssima fama: foi o pior tecnicamente dos últimos anos, dizem e repetem muitos torcedores. Claro, os corintianos não concordam.
Afinal, o Corinthians soube se aproveitar do primeiro turno, quando muitos dos grandes se dividiram em mais de uma competição. Focado no Brasileirão, o Corinthians terminou o primeiro turno invicto e com gordura acumulada capaz de fazer inveja a qualquer urso polar que passa seis meses em hibernação.
Depois, tratou de administrar.
Mas foi só esse o problema?
Não, não foi.
Com seu time pobre em grandes estrelas, o jovem técnico do Corinthians Fábio Carille, tratou de valorizar a esquematização tática que se baseou no toque de bola, na bola de pé em pé, buscando sempre o gol adversário.
Em São Paulo, o ano futebolístico de 2017 começou colocando o timão como Quarta Força, atrás do Palmeiras, Santos e São Paulo.
Mas, o Timão acabou ficando com o título de campeão paulista.
Se os critérios que determinaram a “Quarta Força” fossem aplicados ao Brasileirão, o Corinthians estaria lá em baixo. Além dos quatro paulistas, com certeza ficariam à sua frente: Grêmio, Cruzeiro, Atlético, Flamengo, Botafogo, talvez o Vasco e, o Timão seria taxado, portanto, de “Décima Força”.
Mas, os favoritos, além de disputarem outras competições, trataram de ajudar o Corinthians.
O São Paulo resolveu reinventar a roda e trouxe o neófito Rogério Ceni para treinador. Deu com os burros n`água e namorou firmemente o seu primeiro rebaixamento. Foi salvo nos últimos jogos.
O milionário Palmeiras começou o ano com o também novato Eduardo Batista como técnico, pulou para Cuca e acabou nas mãos do auxiliar Alberto Valentim.
O Flamengo, que não é tão milionário como o Verdão, mas, como diria o Mineirim, é remediado, começou com o jovem Zé Ricardo, passou por Jayme de Almeida e terminou a temporada com o colombiano Reinaldo Rueda.
O Galo mineiro teve três técnicos: Roger Machado, Rogério Micale e Osvaldo de Oliveira. Fez pífia campanha, mas, ainda torce por uma vaga na Libertadores – depende do Flamengo ser campeão sul-americano.
Assim, aqueles que deveriam ficar à frente do Timão criaram seus próprios problemas e pagaram por eles.
Mas, terá sido o Brasileirão 2017 assim tão ruim?
No ano passado, o campeão foi o Palmeiras que somou 80 pontos (vice, Santos 71). O Corinthians, campeão de 2017, assegurou o título com 72 pontos (vice, o Palmeiras 63).
Diego Souza (Sport), Fred (Atlético) e William Pottker foram os artilheiros de 2016. Cada um marcou 14 gols.
Este ano, os artilheiros foram Jô (Corinthians) e Dourado (Fluminense) com 18 gols cada.
Vejamos a média de público os cinco primeiros colocados nesse quesito, levando-se em consideração o total de jogos em que foram mandantes:
Corinthians, 40.007;
São Paulo, 35.228;
Palmeiras, 29.660;
Bahia, 21.541;
Grêmio, 19.728.
No quesito público, o São Paulo teve uma atuação interessante. Como o time ia mal dentro de campo, seus dirigentes resolveram fazer promoções e baixar o preço dos ingressos para conseguir mais torcedores.
Assim, com ingressos a 20 reais, o São Paulo colocou 60 mil pessoas no Morumbi em seu último jogo, empate com o Bahia, 1 a 1.
Os três maiores públicos pagantes do Brasileirão foram do Tricolor paulista: 61.142 pagantes no jogo contra o Corinthians; 60.485 contra o Bahia e 56.052 contra o Cruzeiro.
O que se deduz de tudo isso, é que o público tanto gostou deste Brasileirão como o do ano passado, já que os números são muito parecidos.
Quem se deu bem, gostou do Brasileirão; quem não se deu bem, não gostou.
A verdade no futebol não obedece a fatos, mas, sim a cores.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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