Sugestão do Renato

Estava esquecendo, mas o Renato (comentário ao post anterior às 15:14 de 3/out) lembrou que está na época do bolão do Nobel.

A área de comentários está aberta. Quem quiser uma dica, segue um link (via Greg Mankiw)

35 thoughts on “Sugestão do Renato

  1. Não sei quem vai ganhar. O Nobel de economia em geral vai para trabalhos teóricos – em comparação, o de física vai para trabalhos práticos. Quase ninguém ganhou Nobel por trabalho em relatividade e gravitação – nem o Einstein. Mas tem muito Nobel por experimentos especializados que não são muito lembrados por não especialista.

    O Nobel de economia devia ir para alguém que previu e explicou a crise de falta de demanda nos países ricos. Tipo Nouriel, Shiller, talvez até o Krugman dessa vez pelos papers sobre liquidity trap. Seria quase um prêmio póstumo para o Keynes. Mas duvido. Vão encontrar algum trabalho teórico para premiar, nem precisa estar correto.

  2. Bengt Holsmstrom: incentivos, modelos com liquidez endogena.

    Talvez dividido com o Jean Tirole.

    Correndo por fora, Douglas Diamond pelo modelo de Diamond & Dybvig de corridas bancarias (para o Dybvig tb?)

  3. É hora de parar com esses keynesianos-comunistas que vem atormentando a acedemia e os mercados nos últimos anos!

    É mais do que hora de dar ao grande Von Mises o mérito que ele tanto mereceu em vida.

    Att.
    Vienna Man

  4. Kocherlakota: cool name, pentelhar o O e mostrar para o Adailton que existem críticos do FED no FED.

    Ohanian: por daqui a 30 anos mostrar que a crise de 2008 foi devida a um choque de produtividade.

    Mankiw: apesar de comunista recebe a indicação por deixar o Krugman puto.

    Roubini: por já ter anunciado uma próxima crise que acontecerá entre este ano e 2050.

    Sargent: porque o Lucas ganhou, o Prescott ganhou e ele não tem culpa da crise ter estourado antes dele ganhar.

  5. Aloísio Mercadante por teorizar o neodesenvolvimentismo e Leda Paulani por revelar de uma vez por todas que esse neodesenvolvimentismo é só o velho neoliberalismo disfarçado!

  6. Alex, me tira uma dúvida, por favor?

    A popularidade da presidente Dilma se elevou, tal como mostra a pesquisa divulgada semana passada.

    A primeira vista, essa elevação não parece fazer muito sentido, dado que o contexto atual é de aceleração inflacionária. Mas, se levarmos em consideração o movimento do atual governo de "fazer uma faxina" na corrupção, então o recente número ganha contornos mais aceitáveis.

    Será que a sociedade brasileira se importa mais com o tema da corrupção do que com o da inflação no momento de avaliação de seu governo?

    Att,

    RM

  7. Os meus preferidos:

    Novos Keynesianos: Mankiw, Blanchard, Kiyotaki, Calvo.

    Novos Clássicos: Barro, Sargent.

    Cresciemnto: Paul Romer.

    Modelagem de Fricções no mercado Financeiro em Modelos Macro: Kiyotaki (de novo!), Gertler, Bernanke, Moore.

    Macroeconometria: Sims, Johansen.

  8. O de física, do alto de minha enorme e arrogante sapiência de engenheiro, acertei: deram por experimentos sobre expansão do universo, mas não sobre a teoria que explica e prevê a expansão, apesar de ser algo de muito maior impacto – pelo menos visto por quem não é super especialista.

    Economia, talvez acerte também: vão dar para alguma teoria abstrusa que explica tudo sobre nada, se estiver certa, ou até para alguma teoria que nem errada está. Deviam dar para alguém que explicou a economia de hoje direitinho, porque tem muita gente sem entender nada que se beneficiaria da explicação, mas não vão dar não.

    Chute sociológico: a preferência pela teoria na economia, e a preferência pelos experimentos na física, são dois lados da mesma moeda, que é a superespecialização da academia, a profissionalização num sentido estreito da ciência. E posso falar com completo desconhecimento de causa, afinal sociologia eu conheço ainda menos que economia, porque moro num país livre. Quem não gostar da minha arrogância pode ir para Cuba ou para a Pérsia, onde os blogs são censurados 😉

  9. "Bengt Holsmstrom: incentivos, modelos com liquidez endogena."

    Modelos com liquidez endógena? You know very little of what you talk about, no?

  10. Eu sei que o Oc não concorda comigo mas pra mim o Lee Ohanian é merecedor do Nobel (compartilhado com o Harold Cole). É um ótimo economista.

  11. E daí que ele publicou? Eu não estou no negócio de publicar papers. Ele está e eu posso dizer que muitos papers dele são simplesmente errados, quem perder tempo lendo-os sai sabendo menos do que se não ler. A leitura dele da Grande Depressão é lunática, para dizer o mínimo.

  12. “O Kocherlakota é um grande economista e, no devido tempo, pode vir a ganhar um Nobel. Definitivamente não agora. O trabalho dele me interessa, entre outras coisas, porque estou investindo na literatura de política fiscal especificamente na possibilidade dos wedges ótimos serem diferentes de zero.”

    Concordo que ele tem pesquisa bem interessante.

    “Quanto ao Ohanian, não compartilho da tua avaliação. Acho que ele teve uma sacada interessante que chamou atenção de um bocado de gente boa.”

    Eu acho que o Ohanian é um fabulista e o trabalho dele sobre a Grande Depressão não passa de propaganda, é irrelevante, e em muitos pontos errados. Sua contribuição para o conhecimento econômico é menor do que a feita pelo meu cachorro no quintal de casa hoje de manhã, que é zero, mas pelo menos não aumentou o quantum de ignorância no mundo.

    O artigo recente dele no JET em que ele joga a culpa da Grande Depressão nas intervenções no mercado de trabalho do Hoover seria maligno, se não fosse um atentado à inteligência tão escancarado. Existe há muito um consenso que vai de Friedman a Temin que – em termos gerais – afirma que a Grande Depressão aconteceu porque o conhecimento econômico pré-keynesiano eram inadequados para lidar com o problema do viés deflacionário causado pelas dívidas e reparações da Grande Guerra e a operação do padrão-ouro. A historinha que o Ohanian conta é irrelevante e desvia a atenção do que é importante. Por exemplo, tanto em seus artigos sobre a Grande Depressão ou sobre as finanças públicas inglesas depois da Segunda Guerra, não existe menção alguma aos balance sheet do setor privado e público, não existem bancos, não existe comércio exterior etc.

    Por essas e outras, que ele e sua escola viraram motivo de piada e vergonha da profissão agora que não dá para negar que vivemos em um mundo em que os balance sheet são importantes, intermediação financeira tem efeitos reais etc.

    “ Não se trata "apenas" de um paper, trata-se de uma seção da AER (naquelas edições de maio, mas vá lá), uma ou duas edições da RED e um livro editado pelo Kehoe e pelo Prescott (vai dizer que é um velho gagá e blah, blah, blah mas ganhou um Nobel por explicar as forças que geram o ciclo econômico…). Não é pouca coisa mas definitivamente também não vale um Nobel.”

    Eu acho que é um sinal dos tempos que ele tenha publicado tanta bobagem em jornais de qualidade e que ele é um pôster boy para o Macro Dark Ages. Quanto ao livro editado pelo Kehoe e Prescott, vale a pena ler a resenha devastadora do Peter Temin no JEL. Não é de surpreender, mas o capítulo sobre a Inglaterra (por Cole e Ohanian) é um dos piores.

  13. Li o comentário e segui a dica de leitura do "O" Anonimo e fiquei com uma dúvida: será que alguns dos indicados acima como candidatos ao Nobel não seriam melhores candidatos ao Ignobel? Só para evitar confusão, lembro aos companheiros comentaristas que o Ignobel de 2011 já foi entregue. São prêmios diferentes, não confundam as coisas.

  14. O Ignobel poderia ir para o Krugman por dizer que devemos voltar ao IS-LM e simultaneamente defender política monetária expansionista como alternativa em uma economia em armadilha de liquidez.

  15. "A resenha do Temin foi destruída pelo Kehoe."

    Referência?

    Gostaria de saber o que o Kehoe disse para responder à observação do Temin que os idiotas que prepararam o artigo sobre a França erraram na conversão do Franco para o Dólar (ou Libra), e o erro não foi pego pelo processo de revisão no Review of Economic Dynamics, nem pelos editores do livro…

  16. "O Ignobel poderia ir para o Krugman por dizer que devemos voltar ao IS-LM e simultaneamente defender política monetária expansionista como alternativa em uma economia em armadilha de liquidez."

    Eu concordo com cada uma das observacoes. IS/LM nao eh um modelo pior para entender flutuacoes macroeconomicas do que o modelo basico de RBC.

    Para entender a crise atual, nao ha como negar que IS/LM eh estritamente superior a qualquer modelo em que flutuacoes de produtividade sao centrais para explicar flutuacoes economicas.

    Quanto a politica expansiva, o Krugman tambem esta certo, afinal o que ele esta falando nao eh nada revolucionario, eh o que qualquer economista deveria saber, e quem nao sabia em 2007, soh nao entendeu agora se for autista.

  17. Referência:

    http://www.econ.umn.edu/~tkehoe/papers/TeminReply.pdf

    Abstract:
    Three of the arguments made by Temin (2008) in his review of Great Depressions of the
    Twentieth Century are demonstrably wrong: that the treatment of the data in the volume
    is cursory; that the definition of great depressions is too general and, in particular, groups
    slow growth experiences in Latin America in the 1980s with far more severe great
    depressions in Europe in the 1930s; and that the book is an advertisement for the real
    business cycle methodology. Without these three arguments — which are the results of
    obvious conceptual and arithmetical errors, including copying the wrong column of data
    from a source — his review says little more than that he does not think it appropriate to
    apply our dynamic general equilibrium methodology to the study of great depressions,
    and he does not like the conclusion that we draw: that a successful model of a great
    depression needs to be able to account for the effects of government policy on
    productivity.

  18. Não estou comparando os modelo IS-LM e os modelos RBC/DSGE nem estou dizendo que os QEs foram errados. Estou dizendo que modelos IS-LM não justificam o uso de política monetária para tirar uma economia da recessão quando esta economia encontra-se em armadilha da liquidez. Só isto.

    Aliás gosto do argumento do Krugman que inflação pode redistribuir renda em favor dos devedores e que esta redistribuição pode ajudar a economia americana a sair da crise. Entretanto o modelo IS-LM não oferece suporte a este argumento (e.g. é possível que este efeito seja apagado pelo efeito negativo da inflação nos salários reais).
    Estritamente falando o modelo IS-LM não trata de distribuição de renda e trata de forma extremamente pobre (mais pobre do que os modelos RBC/DSGE) a questão das expectativas. Ambos os fatores são cruciais para entender a crise atual.

    A conclusão intelectualmente honesta é que nenhum dos dois modelos se presta a explicar a crise. O resto é proselitismo do Krugman e cia ltda.

  19. Eu li a resposta do Kehoe. Então o Temin parece que andou trocando as colunas da tabela… Mas o Temin está certo no principal: (1) dizer que NZ ou Suíça estão vivendo uma grande depressão é estúpido, somente demonstra os problemas com a definição de depressão usada pelo Kehoe; (2) apesar de nominalmente tratar da grande Depressão, o volume não tem nada a dizer sobre a Grande Depressão – que não durou 10 anos nos EUA; (3) o volume é sim uma tentativa de propaganda de uma agenda de pesquisa, como o Temin disse e o Kehoe meio que desonestamente negou como se o uso do filtro HP definisse o que é RBC ou não; (4) é o fim da picada tratar a grande depressão sem mencionar a dimensão internacional; (5) e sim, alguns dos artigos sao indefensáveis (ex: Cole e Ohanian sobre a Inglaterra) ou o artigo sobre a França.

  20. "Então o Temin parece que andou trocando as colunas da tabela…"

    É… parece que o Temin não acha importante checar os dados de um trabalho antes de criticá-lo… nem mesmo checar as próprias contas.
    é o caso de perguntar como os editores do JEL deixam passar erros banais como os cometidos pelo Temin.

    De resto são as opiniões dele, repeti-las não as tornam menos opiniões.

  21. O,

    O Ohanian tem o respeito da profissão. Ele é um pesquisador, não que nem o PK, que virou cientista político.

    Li que você postou um comentário na entrada num blog do Stephen Williamson. Concordo com ele: IS-LM é muito imperfeito e deve ser tirado das disciplinas de Macroeconomia intermediária. E não venha dizer que o Williamson é também um picareta. Ele é um economista muito sério e seu livro Macroeconomics é uma obra de arte. Você o leu?

  22. “O Ohanian tem o respeito da profissão. Ele é um pesquisador, não que nem o PK, que virou cientista político.”

    O Ohanian tem tenure e várias publicações, mas isso é mais um motivo para condenar a profissão do que algo que eu como economista me orgulharia. Quanto ao respeito da profissão, acho que é bem menos do que você pensa. O trabalho dele tem influência zero em instituições de policy making e mesmo na academia, que é propensa à imobilidade, tem caído em desuso.

    “Li que você postou um comentário na entrada num blog do Stephen Williamson. Concordo com ele: IS-LM é muito imperfeito e deve ser tirado das disciplinas de Macroeconomia intermediária. E não venha dizer que o Williamson é também um picareta. Ele é um economista muito sério e seu livro Macroeconomics é uma obra de arte. Você o leu?”

    Não conheço o livro dele. Pode até ser que seja sério, mas até agora, o Stephen Williamson é um B-lister que fez sua carreira em um nicho e põe o pé pelas mãos quase toda vez que tenta falar sobre assunto fora de sua limitada área de conforto.

  23. O cara que escreveu isso ganhou o Nobel? "Recursive Models of Dynamic Linear Economies"? Como economistas acho que vocês deviam ter vergonha. Como professor de sistemas lineares, estou com vergonha alheia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter