O que é o centro na política? Cuidado com o pântano. Por César Maia
O QUE É O CENTRO NA POLÍTICA? CUIDADO COM O PÂNTANO!
Cesar Maia
… o prefeito de São Paulo, numa entrevista, afirmava que para derrotar Lula e Bolsonaro era necessária uma FRENTE de CENTRO. Com isso, esse seu conceito se aproximava da crítica de Lenin a Kautsky, que tratou o CENTRO como sinônimo de PÂNTANO.
Publicado originalmente no Ex-Blog de Cesar Maia, 6 de novembro de 2017
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Lenin, na sua Carta n. 5, nas Cartas de Longe, em 8 de abril de 1917, ainda no exílio na Suíça, criticava Kautsky, “principal teórico da Segunda Internacional e o mais proeminente representante do “CENTRO”, do “PÂNTANO”, tendência que agora é observada em todos os países, oscilando entre ‘direita e esquerda’…
2. A Democracia Cristã do Chile, no final dos anos 60, explicava que o seu CENTRO não era o meio caminho entre esquerda e direita, mas uma terceira instância que ficava num outro plano poligonal. E ao aproximar-se do modelo iugoslavo de autogestão, procurou demonstrar isso.
3. Na Europa do pós-guerra, os partidos deixaram de usar expressão CENTRO em seus nomes próprios. Talvez a Guerra Fria explique. Mais recentemente, o CDU, da Alemanha, e o PP, da Espanha, passaram a usar a expressão CENTRO como cenário de suas reuniões políticas, mostrando que se afastaram da direita. Na Espanha e na Alemanha há razões de sobra para isso na radicalização político-partidária.
4. Recentemente, o prefeito de São Paulo, numa entrevista, afirmava que para derrotar Lula e Bolsonaro era necessária uma FRENTE de CENTRO. Com isso, esse seu conceito se aproximava da crítica de Lenin a Kautsky, que tratou o CENTRO como sinônimo de PÂNTANO.
5. Nos debates constituintes 1987-1988, a força das teses dos constituintes em torno da esquerda assustou os constituintes em torno da direita e o presidente Sarney. Com isso, foi formado um bloco que, para ajudar a agregar votos, foi chamado de CENTRO. A imprensa adotou o apelido que a oposição passou a chamá-los: CENTRÃO. Até hoje CENTRÃO passou a ser um termo pejorativo que explicaria a agregação inorgânica de parlamentares.
6. O Democratas, que discute hoje um documento em direção a uma Convenção que incorpore deputados de outros partidos, busca caracterizar esta incorporação com outra denominação partidária. Naturalmente, foram levantadas adjetivações em torno da expressão CENTRO. Mas tiveram o cuidado de explicar que a expressão CENTRO se refere às relações de agregação do partido com os eleitores e a sociedade. Em grande medida, repete o conceito da Democracia Cristã chilena dos anos 60. Sendo assim, não se trataria de um meio caminho entre a direita e a esquerda, mas uma terceira instância poligonal.
7. O fato é que na percepção dos eleitores, o que de fato adjetiva uma denominação partidária é a sua prática. Aproveitando que estamos na semana dos 100 anos da revolução russa, repitamos uma conhecida frase de Lenin: A prática é o critério da verdade.
8. Desde as eleições de 2002, no Brasil, que todos os partidos -a começar pelo PT- afirmaram e demonstraram suas aproximações ao “CENTRO”. E o que se viu e o que se vê é todos -ou praticamente todos- mergulhados no PÂNTANO, o mesmo da critica de Lenin a Kautsky.
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• Cesar Maia, do DEM/RJ, ex-prefeito do Rio de Janeiro. Especialista em marketing político.
DEPENDEMOS DESSAS SIGLAS PARTIDÁRIAS?
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Partido pai do PSDB e padrinho do PT,
Manipula com maestria a todos e
Delibera só o que lhe interessar, enche seus cofres e
Banca a compra de votos no plenário e até (censurado).
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Partido Decorador:
Sem testosterona suficiente pra endurecer e encarar,
Decora “O” discurso, mas na hora do vamos ver…
Bandeia pra trás do muro e fala com tom de macho alfa.
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Partido que urra nos discursos, proseia, proseia, negocia – e
Trabalhar, necas!, mas gosta da grana e trepa nas viuvinhas!
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PS:
– E o resto dos partidos?
– O resto é o resto, apenas mão de obra barata para a Grande Quadrilha.