Q: Thank you very much. Before we sign off, could I just take the opportunity to ask you what you think the prospects are for the attempts in Europe to create a common currency area? Are you optimistic about their success?

A: I think it’s a big gamble and I’m not optimistic. Unfortunately, the Common Market does not have the features that are required for a common currency area. A common currency area is a very good thing under some circumstances, but not necessarily under others. The United States is a common currency area. Australia is also a common currency area. The characteristics that make Australia and the United States favourable for a common currency are that the populations all speak the same language or some approximation to it; there’s free movement of people from one part of the country to the other part, so there’s considerable mobility; and there’s a good deal of flexibility in prices and to some extent in wages. Finally, there’s a central government which is large relative to the local state governments so that if some special circumstances affect one part of the country adversely, there will be flows of funds from the centre which will tend to offset that.

If you look at the situation in the Common Market, it has none of those features. You have countries with people all of whom speak different languages. There’s very little mobility of people from one part of the Common Market to another. The local governments are very large compared to the central government in Brussels. Prices and wages are subject to all sorts of restrictions and control.

The exchange rates between different currencies provided a mechanism for adjusting to shocks and economic events which affected different countries differently. In establishing the common currency area, the Euro, the separate countries are essentially throwing away this adjustment mechanism. What will substitute for it?

Perhaps they will be lucky. It may be that events, as they turn out in the next 10 or 20 years, will be common to all the countries; there will be no shocks, no economic developments that affect the different parts of the Euro area asymmetrically. In that case, they’ll get along fine and perhaps the separate countries will gradually loosen up their arrangements, get rid of some of their restrictions and open up so that they’re more adaptable, more flexible.

On the other hand, the more likely possibility is that there will be asymmetric shocks hitting the different countries. That will mean that the only adjustment mechanism they have to meet that with is fiscal and unemployment: pressure on wages, pressure on prices. They have no way out. With a currency board, there is always the ultimate alternative that you can break the currency board. Hong Kong can dismantle its currency board tomorrow if it wants to. It doesn’t want to and I don’t think it will. But it could. But with the Euro, there is no escape mechanism.

Suppose things go badly and Italy is in trouble, how does Italy get out of the Euro system? It no longer has a lira after whatever it is – 2000 or 2001 – so it’s a very big gamble. I wish the Euro area well; it will be in the self-interest of Australia and the United States that the Euro area be successful. But I’m very much concerned that there’s a lot of uncertainty in prospect.

* * *

Quem disse isto?

Milton Friedman, em 17/Jul/1998 (dica do Afonso Bevilaqua)

you

44 thoughts on “Profético

  1. Por outro lado, os macroeconomistas de Chocago e Minnesota hoje em dia, se coerentes em suas analises com os seus modelos, diriam exatamente o oposto: como preços são flexíveis no longo prazo, política monetária e cambial seriam irrelevantes.

  2. O primeiro anônimo a comentar não conseguiu reconhecer que a análise do Friedman é em sua essência, cheiro e aparência macroeconomia keynesiana do salt water. Vivemos realmente no país dos mercadantes.

  3. Friedman falou muitas outras coisas interessantes. Lembro logo o que ele disse há tempos atrás e desde então nunca deixou de defender a tese de que o sistema bancário não pode ser fracionário – tem que ser 100% Money , tal como Fisher (o Irving) falava em 1920. Acho graça daqueles que falam em instabilidade da demanda por moeda e olham pro Friedman como se fosse um pregador de regras descabeladas. Em segunda lembrança, falava com ênfase sobre o endividamento público: se excessivo, monetiza (dispensemos a polêmica tosca sobre excessivo). Política fiscal não poderia ser efetivada ao sabor dos ”choques” na economia; tem que ser na dimensão e interesse específicos dos contribuintes. Se queremos escolas púbicas, impostos. Em terceira lembrança, falava sobre o absurdo de se controlar preços ou juros e nada de desarmarem seu artigo de 1967: o papel da política monetária. Claro, o essencial de sua fala era o livre mercado, porque só este sistema de livre mercado pode garantir o que mais almejamos: a liberdade individual. Hoje, sabemos com a clareza do tempo histórico que os comunas pecam exatamente por negligenciarem o essencial: a liberdade individual que o socialismo ou o planejamento estatal sufocam. De qualquer forma, bom lembrar algumas passagens do Friedman, porque, ainda me lembro com decepção o que o bebum do Mario Henrique Simonsen disse à Veja, tempos atrás, sobre Friedman, Marx e Hayek : ”não poderiam ser levados a sério no estágio atual do conhecimento cientifico”. Eles, principalmente Friedman, para os desavisados, parecem ser uma caricatura da loucura ou da ingenuidade. Mas como você demonstra, Friedman ainda está verdadeiramente presente.

  4. "O" Mané, vc, como já foi dito aqui é um marxista enrustido. Falar que Friedman é salt water é dose (vc já andou tomando umas porradas aqui por conta de suas análises quanto a diferença dos fresh e salt water, lembra?). O Krugman comparado ao Friedman é leninista. Abraços.
    PS. Deixa de ser galo mutuca e mostra esta cara de garoto mimado

  5. Eu concordo com o "O" (a predileção do Friedman por taxas flutuantes decorre diretamente de uma visão sobre rigidez de preços e salários), mas desconfio que foram as escolas de salt water que foram mais para o lado dele do que o contrário.

  6. O "O" sugere que o merdandante e' ruim, contra o que protesto veementemente!

    Ruim e' o Burrini. O outro e' muito pessimo.

    O pessoal da Europa andou fazendo bobagens imensas baseadas em achismos. Agora a onca chegou para beber agua. A escolha de chutar a bola pra frente ja' nao funcionou. Daqui por diante e' simplesmente uma questao de escolher a menira de empobrecimento: via deflacao, via inflacao ou via imposto sobre fortunas/haircut. Cada escolha tem como inerente a classe social que vai parar atras da horta.

    Abracao

  7. Mas Alex, o pensamento do Friedman sobre o euro hoje seria considerado heretico em qualquer escola fresh water. Entao se o salt water se moveu em direcao ao Friedman, o fresh water se moveu para longe de Friedman mais ainda.

    Ao anonimo 18 de novembro de 2011 14:22: eu lembro sim aquilo que disse que Sims nao era fresh water. Pois bem, ele saiu chutado de Minnesota, e deixou bem claro depois de receber o Nobel a que escola ele se filia hoje em dia. Preciso enviar o link?

    "O"

  8. Não sei se vcs viram a entrevista de Ciro Gomes à Folha, ele chega a defender a política de substituição de importações, segundo ele, sem ineficiencias. Será mesmo que ele acredita nessa coisa? Quando agente menos espera aparece mais um órfão da CEPAL.

  9. Mas preços e salários são flexíveis?
    Quem em sã consciência iria aceitar um corte de salários ou aposentadorias da magnitude necessárias para trazer competividade para os países em crise? Friedman foi visionário na sua análise, gostem ou não.

  10. "Mas Alex, o pensamento do Friedman sobre o euro hoje seria considerado heretico em qualquer escola fresh water. Entao se o salt water se moveu em direcao ao Friedman, o fresh water se moveu para longe de Friedman mais ainda."

    É isso aí.

  11. "Quem em sã consciência iria aceitar um corte de salários ou aposentadorias da magnitude necessárias para trazer competividade para os países em crise? Friedman foi visionário na sua análise, gostem ou não."

    rsrsrs…

    Friedman foi tudo menos visionario. A hipotese que os salarios nao sao flexiveis para baixo eh o feijao com arroz da macroeconomia keynesiana, aquela que nao eh ensinada no fresh water mais.

    "O"

  12. Que papo é esse de "fresh water" a favor do Euro antes da sua introdução!? O Becker sempre disse que não daria certo, só começou a se questionar depois de alguns anos de sucesso.

  13. "O Krugman é um cara de comércio que resolveu falar de macro no NYT."

    Pô, o cara tem dois dos papers mais citados sobre macro aberta e taxas de câmbio (A Model of Balance of Payments Crises e Target Zones and Exchnage Rate Dynamics), assim como um dos pioneiros sobre Zero Lower Bound.

  14. Esta coisa do Krugman e macro já está meio velha, o Mankiw meio que pingou os i's em 2009:

    http://gregmankiw.blogspot.com/2009/01/krugman-on-equilibrium-macro.html

    O desafio da macro moderna é explicar fenômenos macro a partir de configurações de equilíbrio dinâmico, de preferência sem regras "ad-hoc" de formação de expectativas. Antes da crise poderíamos dizer com expectativas racionais, eu prefiro assim, mas não entrar em dois vespeiros de uma vez.

    O modelo IS-LM não perdeu espaço por ser keynesiano, perdeu porque não explicou a realidade e apareceram outros melhores. Se os atuais modelos vão sair de cena não vai ser porque são "fresh-water" ou clássicos, vai ser porque outros mais apropriados vão aparecer. Até que um novo fenômeno apareça e traga uma nova leva de modelos, nada demais nisso. Correndo o risco de ser brega: aprendemos com o passado, não vivemos nele. Aliás, a parte da choradeira do Kruhman onde ele fala que não devíamos ter esquecido as antigas lições de macro me parece correta, embora ele podia falar como homem ao invés de ficar chorando. Já falei aqui que eu ensino modelo IS-LM. Fui aluno do Simonsen (bêbado era muito mais lúcido que 90% dos economistas que conheço, incluindo salt e fresh water) e estudei na EPGE em uma época onde estas coisas eram levadas a sério.

    Não conheço tão bem o pessoal de Chicago (falo de conversar, não de ler os papers), quanto ao pessoal de Minnesota tem uma certa maldade no ar. O ponto deles não é sobre como conduzir a política monetária em períodos de crise (exceção ao Kocherlakota por motivos óbvios). Quando muito criticam os modelo de preços rígidos como base para política monetária e defendem uma regra de Friedman. Regra que, como vemos neste post, não precisava ser tão rígida nem para o próprio. Uma regra geral deve valer em condições gerais, condições especiais exigem medidas especiais. O ponto deste pessoal é que não conhecemos o suficiente de economia monetária, mais pesquisa precisa ser feita, os atuais modelos são muito ruins. Isto fica claro nos textos do Wright sobre assunto que já linkei aqui outras vezes. Se alguém for olhar o paper do Kehoe sobre a crise (também já linkei aqui) vai ver que no final do dia ele está dizendo cuidado para que as medidas de curto prazo não atrapalhem o longo prazo. Só isto, é pouco? É, mas é o máximo que quem eles podem dizer. Talvez seja o máximo que os economistas possam dizer, basta ver o Mankiw e o Krugman batendo cabeça sobre o que fazer nos EUA, nenhum pode ser chamado fresh-water. Nada de novo no front, aparentemente mesmo Keynes concordaria com a afirmação do Kehoe (http://gregmankiw.blogspot.com/2011/11/what-would-keynes-have-said-about.html).

  15. "Pô, o cara tem dois dos papers mais citados sobre macro aberta e taxas de câmbio (A Model of Balance of Payments Crises e Target Zones and Exchnage Rate Dynamics), assim como um dos pioneiros sobre Zero Lower Bound."

    Citação por quem lê o NYT não vale.

  16. Ganhar um Nobel de Economia é para poucos. O krugman ganhou. Merece respeito (pode-se até discoradar de partes, mas não ignorar a importância).

  17. “Que papo é esse de "fresh water" a favor do Euro antes da sua introdução!? O Becker sempre disse que não daria certo, só começou a se questionar depois de alguns anos de sucesso.”

    E desde quando o Becker é um “fresh water macroeconomist”? Não sei o que ele disse sobre o euro, mas se ele se opôs ou foi pessimista sobre a moeda única na Europa, ele deveria estar seguindo algum argumento keynesiano, afinal nos anos 90 e hoje, a agenda dos pouquíssimos “fresh water macroeconomists” (exemplo: o falecido Alan Stockman) que se ocupam com regimes cambiais é provar – CONTRA TODA A EVIDÊNCIA – que regimes cambiais são irrelevantes (afinal se isso não for verdade, os modelos que eles constroem com preços flexíveis são inúteis).

  18. Kehoe é um lunático. A agenda dele agora é provar que fricções financeiras não são importantes para o ciclo de negócios. Pelo menos não está mais tentando provar que a Suíça e a Nova Zelândia estão vivendo uma Grande Depressão, então podemos dizer que ele está se tornando menos lunático com a idade (ou pelo menos, que sua loucura não é monótona).

  19. Outro dia mesmo eu li uma apresentação do Kehoe com o Chari, em que eles calculam o impacto de fricções no crédito baseados na premissa que se a firma A deixa passar um investimento devido à falta de acesso ao crédito, o efeito no investimento total é apenas o investimento ‘perdido’ da firma A – isto é, não existe nenhuma complementaridade estratégica (strategic complementarity) nas decisões de investimento.

  20. "#218 e #742 do ranking de papers mais citados pelo Ideas"

    O Ideas não controla por leitores do NYT.

    Quase que escrevi citações no NYT, mas não foi o que escrevi. Boa tentativa.

  21. Rapaz… Tou vendo que macroeconomia não chega perto de exatas nem um pouco… nem os entendidos chegam a um consenso, escolas de renome entrando em divergências cabeludas… Visualizei um daqueles esterótipos de professor de humanas caetaneando: "A humanidade enquanto seres financeiros…"

  22. "Hmmm…. Não. Agora você está tentando…"

    Tentando, eu? Sempre.

    "The pleasure is to play, it makes no difference what you say"

    Lembra desta?

  23. O que esse PIOVEZAN ta querendo dizer? Cite alguma ciência onde não existam divergências. Note apenas que divergências teóricas não significam divagações eternas e sem propósito.

  24. A discussão sobre qual modelo reproduz de maneira fiel ou não a crise do euro, e que de quebra pode estimar corretamente o cenário da suposta "marolinha" sobre o Brasil, é mera "divergência teórica"? Então tá, rs. Conheço várias ciências (exatas e biológicas) que discutem, sim, questões pontuais, não o cerne delas mesmas, muito menos de forma habitual (apesar da prerrogativa de tal discussão sempre existir para qualquer ciência). Mas como macro é ciência social, me parece abrir espaço para que esse tipo de discussão seja mais comum.

  25. É divergência teórica. Particularmente sobre velocidade no ajuste de preços, também pega um pouco na questão da formação de expectativas. Na realidade, salt-water, fresh-water e o Krugman estão falando de especificações diferente do mesmo modelo. Como teria dito Friedman: somos todos keynesianos.

    Fiz um comentário longo a este respeito. Por problema de rede não chegou ou então eu cometi algum erro e o blogueiro foi gentil o suficiente para não me expor. De toda forma meu ponto era: salt e fresh water não são tão diferentes como querem fazer parecer, o Krugman está um pouco mais distante, mas nada que não seja conciliável com o restante.

    Agora correntes radicais do tipo está tudo errado, porém não consideradas pela academia, existem em todas as ciências. Até na física. Na biologia (não é exata, mas você citou) tem gente que jura que a 6 mil anos Deus fez o mundo exatamente como ele é hoje…

  26. "Cite alguma ciência onde não existam divergências."

    A boa e velha escola austríaca.

    Tá bom pessoal, esse papo de "fresh water" e "salt water" já devia ter acabado desde a crise de 2008. Só um lunático acreditaria ainda que bancos centrais são importantes, a moeda deve ser monopólio do governo e regulamentações financeiras devem existir depois de tudo o que aconteceu.

    Esses "salt waters" são as últimas viúvas do muro de Berlim, que passaram a inventar "falhas de mercado" para afogar suas máguas socialistas.

    Att.,

    Vienna Man

  27. Que tipo de droga o "anônimo" das 15:35 anda usando ? Deixa eu ver se entendi – i) A escola austríaca foi alçada à categoria de "ciência" deixando de ser uma corrente de pensamento. ii) Dentre os austríacos não há nenhuma divergência. iii) Se deve levar muito a sério o que os austríacos dizem.

  28. Anônimo de 19:35… escola austríaca nunca foi corrente de pensamento. No máximo, é uma corrente de instinto que procura emular o pensamento do Hayek ou da Ayn Rand.

    Pode ser também que os austrianos sejam, na verdade, quermesseiros tentando desmoralizar o pensamento liberal.

  29. Muito interessante o debate. Mas o fato que a crise esta' ai' e so' o que a tchurma "epecialissada" tem a dizer e' que o BCE deveria ser o "lender of last resort" para paises que gastaram (e continuam gastando) alem da conta.

    Onde e' que este "pensamento economico" se encontra: neo-isso, paleo-aquilo, keynesiano ou safardano?

    Abracao

  30. O problema é que não dá para diferenciar os verdadeiros jovens austrianos do Brasil dos trolls. Mas sustento que esse cara não pode ter mais de 18 anos.

  31. Duas coisas são óbvias e indiscutíveis em relação ao Krugman:
    1) Ele foi um brilhante economista acadêmico, realmente digno de um Nobel.
    2) Hoje ele não passa de um democrata radical e idiota.

    A

  32. “Though I strongly sympathise with the desire to complete
    the economic unification ofWestern Europe by completely freeing
    the flow ofmoney between them, I have grave doubts about
    the desirability ofdoing so by creating a new European currency
    managed by any sort of supra-national authority. Quite apart
    from the extreme unlikelihood that the member countries
    would agree on the policy to be pursued in practice by a
    common monetary authority (and the practical inevitability of
    some countries getting a worse currency than they have now),
    it seems highly unlikely, even in the most favourable circumstances,
    that it would be administered better than the present
    national currencies. Moreover, in many respects a single
    international currency is not better but worse than a national
    currency ifit is not better run. It would leave a country with a
    financially more sophisticated public not even the chance of
    escaping from the consequences of the crude prejudices
    governing the decisions of the others. The advantage of an
    international authority should be mainly to protect a member
    state from the harmful measures of others, not to force it to
    join in their follies.”

    F. Hayek (1974, pag. 24) em “Denationalisation
    of Money”
    http://mises.org/books/denationalisation.pdf

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