preconceito racial

Autodeclaração racial vazia. Por Meraldo Zisman

Autodeclaração racial vazia

(Forma grave de corrupção)

 Por Meraldo Zisman

…Em pleno século XXI, quando o conceito de raça superior não encontra mais respaldo científico, teimam em aplicar esse suposto conceito de cotas raciais.  Desde 1945 que diferenças insignificantes não esclarecem o conceito de raça…

Parece-me que foi inventada mais uma mentira politicamente correta para preconceito.
Lembro: investir contra o sintoma só faz adensar a vinculação que o causa. Vamos aos fatos.
O curso de Medicina é um dos mais procurados no Brasil. Destaque midiático aconteceu na considerada terceira melhor escola do país, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). As vagas especiais ofertadas perfazem 50% do total.
Detectou-se que um aluno de pele branca e cabelos claros auto-determinou-se preto, mulato, mestiço, etc. ou qualquer uma dessas colorações. Detectada a fraude, a reitoria da universidade pretende começar em breve um processo de divulgação do ocorrido em escolas públicas, além de fazer alertas para que alunos não cometam mais “a autodeclaração racial vazia”, termo criado pelo estabelecimento federal.
Promete a direção uma medida para evitar “enganos” dos candidatos, além da autodeclaração voluntária: exigir, dos postulantes a uma vaga por cotas raciais, uma carta formal na qual o candidato relate elementos que o levam a se reconhecer socialmente como negro, pardo ou índio. Não entendo como, em um país onde a miscigenação é a regra, é possível adotar um conceito biologicamente enganoso como ‘raça’.
 Em pleno século XXI, quando o conceito de raça superior não encontra mais respaldo científico, teimam em aplicar esse suposto conceito de cotas raciais.  Desde 1945 que diferenças insignificantes não esclarecem o conceito de raça.  Um criador de Equino sabe que, na maioria das vezes, o cruzamento entre cavalos e asnos gera indivíduos inférteis. Pertinente voltar a esclarecer que estamos no século XXI. Vou repetir o que diz a ciência e qualquer criador de cavalos sabe:
Crias dos cruzamentos entre Equus caballus e Equus asinus são sempre inférteis. Equus caballus cavalo (macho) ou égua (fêmea). Equus asinus jumento (macho) ou jumenta (fêmea): Jumento + égua = burro (macho) ou mula (fêmea). Cavalo + jumenta = bardoto (macho ou fêmea). Todos os resultados dos cruzamentos são inférteis.
A miscigenação racial no homo sapiens (Humano) não é causa de infertilidade. No caso da maioria dos mamíferos, o importante é ter um ancestral comum, mesmo que os geradores sejam diferentes na aparência: cruzar um cão Buldogue com um Pastor Alemão (apesar das aparentes diferenças), gera filhotes que, quando atingem a idade fértil, novos filhotes produzirão. Desde 2010 a ciência sabe que o homem sapiens tem DNA de outras espécies humanas. E que a origem do primata homo foi na África.
Enquanto não entendermos que a escravidão, extinta há mais de um século no Brasil, é um fator intrínseco da nossa formação, não poderemos melhorar a nossa condição psico-econômico-social e a violência persistirá. É preciso reinterpretar a história do Brasil tomando a escravidão como um dos mais importantes elementos que nos marca como Sociedade.
… Quando é que vamos entender que quando melhorarmos o ensino fundamental não vamos mais necessitar da expressão “autodeclaração racial vazia” ou dessas tais cotas raciais. A hipocrisia é uma das formas mais graves de corrupção.  
É óbvio que não podemos nos pautar apenas pela autodeclaração da raça.
Fato similar ocorre no censo (IBGE), da população nacional. O cidadão é quem autodeclara a sua cor cutânea. Cor da pele não é subjetiva, depende da quantidade de melanina, que é o pigmento cutâneo, e não do que a pessoa acha.
 E tem mais. Esclareço. Recordo.
Segundo a norma existente, ao responder o censo populacional você é quem diz qual a sua cor ou raça: negro, índio, mestiço, branco. Isso é uma maneira de não encarar a nossa realidade de sermos uma nação que acredita ser um país que teve uma escravidão branda e esquecer a cordialidade brasileira.
O termo negro é tão preconceituoso quanto as interpretações sociológicas datadas da década de 1930 ou 1940 quando o racismo imperava no Mundo. Nossa miscigenação é de tal ordem que conheço negros contrários à política de cotas raciais por entenderem que ela estimula o racismo. O Dia Nacional da Consciência Negra? Consciência tem cor?
Quando é que vamos entender que quando melhorarmos o ensino fundamental não vamos mais necessitar da expressão “autodeclaração racial vazia” ou dessas tais cotas raciais. A hipocrisia é uma das formas mais graves de corrupção.

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23/02/2011. Credito: Cecilia de Sa Pereira/DP/D.A Press. Recife/PE. Vida Urbana. Materia sobre a visita do presidente nacional da Associacao dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, o brigadeiro Helio Goncalves a sede dos Diarios Associados PE. O brigadeiro esteve acompanhado pelos senhores Eudes Souza Leao e Meraldo Zisman (NA FOTO).

Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha). Vive no Recife (PE).

 

1 thought on “Autodeclaração racial vazia. Por Meraldo Zisman

  1. Curioso essa história de que raça não existe. Quando se trata de criticar o sistema de cotas, subitamente, a raça deixa de existir, e uma série de estudos científicos são invocados para provar isso. Porém, num jogo de futebol, de repente, não mais que de repente, o conceito de raça volta a existir na hora de ofender um jogador negro, ou mestiço, ou o que queiram. Na loja de departamentos, na hora em que o segurança persegue e humilha uma mulher que, por ser negra, só pode estar roubando, a raça volta a existir. Sinto muito muito, mas não colou. Se cientificamente falando, raça não existe, culturalmente ela existe, sim. O racismo está aí para provar.

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