Leões do IPCA

Eu não sei sobre vocês, mas estou sentindo falta do pessoal que adora comentar o último resultado do IPCA como se fosse o número mais importante da face da Terra. Alguém sabe deles?

37 thoughts on “Leões do IPCA

  1. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) subiu 0,33% em julho, superior à taxa de 0,18% do mesmo período de junho e também aos 0,10% do sétimo mês de 2011, de acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Bem, voltu eu aqui, um dos leões do IPCA (contra um dos leoes dos juros).

    Vejamos, 0,33% mensal daria uma taxa de inflação analizada de quanto mesmo? Isso extrapola o centro da meta, né?

    Isso porque a inflação já era esperada acomeçar a se mover a partir de julho… Realmente ela está se movendo com força… Sobe os juros! Sobe os juros!

  2. Putz eu passei aqui pra saber disso! vão dizer que o problema é a "the worst drought ever recorded" nos USA e que vc não precificou isso, e blá blá blá! Agora, Você deve ter se regojizado, é com a entrevista de um certo "ex-prisidenti", de uma certa estatal, no Valor de hoje, não? Saravá!

  3. Alex,

    Tudo bem que adotemos metas de inflação. Natural que a meta exija a escolha de um índice.

    O que, no entanto, não consigo entender é que a política monetária desconsidere a variação dos componentes do índice.

    Ora, se O IPCA é uma média, é relevante considerar se os núcleos que compõem a média têm variação muito distinta ou não.

    Como fazer política monetária frouxa se o índice de serviços e outros (justamente aqueles que serão afetados pela política monetária) estão muito acima da meta?

    Parece-me que o raciocínio só fecha com desvalorização cambial posterior (para compensar o encarecimento do País vis a vis parceiros internacionais).

    É por aí?

    Abraços

    Rafael

  4. Quem sabe por onde andarão, Alex?

    Talvez em retiro espiritual e juntos aos entusiastas do milagre argentino? Ou, todos partiram em jornada ornitológica para ouvir o canto do Uirapuru que, como sempre lembrava Alexandre Kadunc no "Os Titulares da Notícia", exige silêncio…

    PS para os mais novos: Kadunc foi um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro. Dizem que o nome
    Titulares da Notícia
    veio dos Titulares do Ritmo, um sexteto formado por cegos. Ver aqui

    http://www.youtube.com/watch?v=lFjdfiec_WQ

    "Os Titulares da Notícia" era um programa na rádio Bandeirantes. A vinheta de abertura das edições do programa era feita com o canto do Uirapuru.

    Pode ser ouvida aqui:

    http://www.bastidoresdoradio.com/audio/O_Nosso_Correspondente.mp3

    Mesmo que algum anônimo da objetividade reapareça cretinamente para dizer que este é um blog de economia, recomendo o site Bastidores do Rádio. Há uma coleção considerável: Eli Correa, o "homem sorriso do rádio": oiiiii genteeeee…; Narciso Vernize, o homem do tempo da Jovem Pam; Omar Cardoso, o astrólogo;

    http://www.bastidoresdoradio.com/audios.htm

    Sim. E o espetacular "Radio Camanducaia" do Show do Rádio.

    http://www.bastidoresdoradio.com/audio/Radio_Camanducaia.mp3

  5. Explique para os que não se importam com inflação e perda de poder de compra da moeda e de todos (ricos, pobres, salários, poupanças, etc.) que a previsão era de no mínimo 2 meses de IPCA baixos. Para justificar selic de 8% e mais uma queda de 0,5% o IPCa deveria vir 3 meses baixos. Isto não acontecerá. O pior é que temos alguns preços reprimidos (demagogia eleitoral?).
    A comparação entre acumulados neste ano até maio e junho, entre Meta e índices de inflação é vergonhosa (todos os acumulados de preços estão muito acima da meta). ATENÇÃO: isto no auge da crise do Euro. Vão ter de te engolir (copiando o Zagalo).

  6. Alex e O,

    Algum comentário (ou indicação de artigo tocando no tema) sobre o comportamento do desemprego mesmo com a economia patinando?

    Não seria normal observar o desemprego bem acima da mínima histórica?

    TA

  7. Impressionante.
    Cai o juro; sobe a inflação; cai o PIB com juros "baixos"; aumenta a inadimplência da famílias; o governo desonera setores e produtos…
    Uma verdadeira salada.
    E chamam isso de "economia estável".

  8. Modelo perdeu o gás e nada foi feito. Não tem nenhuma árvore sendo plantada e os frutos das árvores plantadas há anos já foram retirados e comidos. Mas, como dizem entre o ruim e o péssimo o governo tenta o ruim. O BC sem dúvida tenta o ruim, inflação a 5,5% e crescimento e 2% é ruim mas é melhor que inflação de 4,5% e growth de 0%, principalmente com inadimplência na lua. Bobagem quem diz o contrário, esses fanáticos por higiene inflacionária. Mas os números que lembram o FHC e a eleição pra Dilma pode estar fazendo água. Ela vai tentar segurar reajustas do funcionalismo, um arremado de arrocho? olha a sina do FHC! Mas se o falastrão entrar na luta será com um discurso "esquerda", pois agora "nóis pode" e arrocho é o escambau! Se segura malandro que a aterrizagem pode fazer vítimas!
    Maradona

  9. Sem profundidade: a maioria das empresas estava (está?) esperando uma melhora no segundo semestre; demitir tem custo; admitir tem custo; treinar tem custo; os preços no atacado subindo; os acumulados dos índices de preços, todos (100%) acima do acumulado da meta; IPP bombando; juros caindo. Contra a crise do Euro e a instabilidade que a equipe econômica passa.

  10. Salários sendo reajustados em média em 10% no segundo semestre;

    Preço de commodities como Soja, Milho, Trigo disparando no mercado (quebras de safra no Brasil, programas de manutenção de preço do governo e seca nos EUA);

    Medidas fiscais de estimulo, entre outros, para o consumo;

    Dolar informalmente gerenciado numa banda cambial;

    Tudo isso tem sua defasagem, mas colaboram para pressionar a inflação no segundo semestre e, mais uma vez, comprometendo a meta em 2013.

    MF

  11. Nos velhos (!) tempos da banda cambial do Gustavo Franco, a piada nas mesas de câmbio era que o BC seguia o Índice de Preços Aleatórios, como era ironicamente chamado o IPA, que representa 60% do IGP-M e do IGP-DI. Hoje, a recomendação para quem procura qualquer correlação entre inflação e taxa Selic é: vá caçar unicórnios, que é mais garantido.

  12. Se dentro de um cenário de crise internacional, com a economia desaquecendo, o país não aproveitasse para derrubar juros não sei quando o faria.
    O governo não pode aquecer a economia, mas aproveitar o cenário e pagar menos juros não me parece inadequado.

  13. Tinha um que assinava Pombini, mas, como os demais, sumiu com o IPCA15. Engraçado, porque todo argumento dele foi construído sobre o IPCA15 de junho.

    VOLTA POMBINI!

  14. Sério, qual é a discussão?

    O Bc errou em reduzir os juros ao contrario do que esperava o mercado? Não…

    O Bc errou ao continuar reduzindo os juros? Não…

    O IPCA está recuando para o centro da meta? Sim…

    Por favor, parem de dar bola para as expectativas de inflação e olhem para a economia atual…

    O BC tá corretíssimo e o Alex errado, pois se posicionou contrário…

    Cândido

  15. "O IPCA está recuando para o centro da meta? Sim…"

    Todas as demais perguntas se resumem a esta, mas a resposta está errada. Não, o IPCA não está convergindo para o centro da meta.

    "Por favor, parem de dar bola para as expectativas de inflação e olhem para a economia atual… "

    Hã… Parar de olhar expectativas? Eu não sei onde você estudou, mas as expectativas são o cerne do regime de metas… (E, por economia "atual" você quis dizer "actual economy"?)

  16. Se o objetivo for atingir a meta, ou seja promover uma inflação média próxima a 4,5%, salvo algum evento extraordinário que alteraria a meta e não a sua busca, sem dúvida o BC estaria fazendo um trabalho ruim. Para tal, teria que deixar a inflação passear nos 3,5% (como já foi feito) para equilibrar e limpar o carrego.
    Se for buscar uma relação crescimentoXinflação mais benéfica, respeitando a faixa de tolerância para acomodar políticas mais expansionistas qunado a economia cresce abaixo do potencial e políticas mais contracionaistas quando da demanda estar asobreaquecida, então a nota 10! Estamos evoluindo e ainda ouço críticas que sugerem que institucionalmente o BC não pode se livrar das amarras e ganhar um carimbo de maturidade. O BC está fazendo o que se espera dele. Se o ciclo virar vamos ver se ele vai manter a boa condução, não olhar o calendário eletoral para definir política monetária, para aí sim criticar, sem parecer boboca.
    Maradona

  17. Eu concordo que em um cenário de crise internacional o BC deva se dar ao luxo de permitir ligeira flutuação para cima da meta de inflação e aproveitar para cortar juros, mas não diga que o BC ficou mais maduro. Ele deixou de ser independente, isso é evidente e é perigoso.

  18. Prezados,

    no último FOCUS/BC é possível observar as medianas das expectativas do mercado.

    S.m.j., a estimativa para o IPCA fechado em 2012 é 4,92% e para os próximos 12 meses é 5,56%, ambas subindo.

    Mesmo que se considere 4,92% uma convergência para a meta, cabe discutir qual o ATUAL objetivo da autoridade reguladora.

    Mesmo que o rito da política monetária estabeleça como meta o valor fechado no ano, sabemos que o BC mira horizontes fixos, principalmente pela defasagem dos efeitos da política.

    Neste momento, quando discutimos convergência da meta, devemos nos preocupar mais com o valor do IPCA fechado em 2012 ou com o esperado para os próximos 12 meses?

    Abs,
    TDX

  19. Anônimo-26 de julho de 2012 09:41, o governo, então estaria perseguindo uma meta de crescimento?
    E o BC estaria agindo corretamente?
    Como, se as previsões dão inflação acima do crescimento do PIB?

  20. "Ele deixou de ser independente, isso é evidente e é perigoso"
    O BC deixou de ser independente porqe seguiu uma promessa de campanha de trazer os juros para 2%, é isso? Cair os juros é coisa de petista agora? Nos seus atos o BC em momento algum definiu objetivo de juros nominais. Tomou algum risco, mas foi tecnicamente respaldado na atividade e na inadimplência. Teve sorte com a crise do euro? Não acho. O cortes de impostos ajudaram? Sim. Até os austríacos agora estão reclamendo dos cortes de impostos, ficam berrando: -volta com a Cide!.
    Foi bem-sucedido em atenuar o downside do ciclo econômico? Não, pior seria sem os cortes de juros. A inflação para os próximos vários anos está projetada no 5,3%, juros reais abaixo de 4%. Podia ser melhor? Sempre pode.
    A preocupação deve ser se a economia vai crescer 2% ou 5% em 2013, alguém sabe? Os juros reais deveriam ser hoje 6% porque a inflação está ponto-cocô acima da meta? Ninguém sério acha isso. A pergunta é se o investimento volta a crescer, se o câmbio pressiona, se o superavit primário vai ser reduzido etc. Pois dependendo disso tudo a inflação deve ser 4,5% ou 6,5% e os juros devem responder.
    Maradona

  21. Marcos,

    tentarei dar uma ideia geral de forma bem resumida.

    No arcabouço novo-keynesiano (~DSGE), a inflação corrente é função das expectativas em relação à inflação futura (Curva de Phillips NK). Dessa maneira, cabe ao BC o papel de coordenar as expectativas do mercado em relação aos indicadores futuros. Para atingir esse objetivo, o BC deve conquistar a credibilidade dos agentes de mercado e adotar medidas consistentes com seu discurso.

    E aí, vc confia no BC?

    Abs,
    TDX

  22. MAradona, o que disse foi claro. O BC deixou de ser independente, está claramente alinhado com os interesses de Mantega e da filosofia Keynesiana da Dilma. As citações ao PT eu não as fiz.
    Concordo com a queda de juros, mas não se pode dar muito espaço para inflação, e o BC que fique atento.
    PS: o câmbio desvalorizou e a atividade industrial não se recuperou. Que "estranho", não??!!

  23. TDX,

    Faz todo o sentido, sob o ponto de vista teórico, a inflação corrente depender das expectativas de inflação. Afinal, espera-se que empresas e trabalhadores ao definirem respectivamente seus preços e salários, levem em consideração a inflação esperada.

    Mas a questão é: empiricamente isto se observa?

    Existem evidências de que as expectativas (Focus, no caso do Brasil) são importante determinante da inflação corrente?

    Att,
    Marcos

    PS: O que acha Alex?

  24. Marcos:

    O TDX resumiu bem a questão das expectativas. Posto de outra forma, se o BC mantiver as expectativas ancoradas, a Curva de Phillips é estável e, ao longo do tempo, o produto flutua ao redor do potencial e a inflação ao redor da meta (mesmo na presença de inércia!).

    Quanto à relevância empírica do Focus, eu diria que a resposta é positiva. A inclusão das expectativas do Focus nos modelos melhora seu poder preditivo.

    Há uma discussão paralela (o Pastore escreveu a respeito há um tempo, mas não tenho a referência): as expectativas do Focus não são consistentes com expectativas racionais. Mas parecem ser representativas das expectativas dos agentes usadas na sua tomada de decisões no processo de determinação de preços e salários correntes.

    Abs

  25. Alex,

    Obrigado pela resposta, mas ainda acredito que ha uma carencia de evidencia neste assunto.

    Digo isto porque estou escrevendo um artigo a respeito e nenhum, repito nenhum, trabalho garante que as expectativas sejam importante determinante da inflacao corrente.

    A questao aqui é teorica e, como tal, é discutivel. O fato de isso ser condicao para a Curva de Philips ser estavel, nao garante que tal proposicao seja verdade. Precisamos, como vc sempre diz, respeitar Vossa Excelencia, os dados.

    Em relacao ao texto do Pastore, conheco sim. Nao é tao bom quanto a dissertacao do Digo Guillen da PUC, orientada pelo Marcio Garcia, que chega a conclusao semelhante. Isto é, a formacao das expectativas nao é consistente com expectativas racionais, mais com sticky information.

    Att,
    Marcos

  26. Alex e demais,

    Se o Brasil está sofrendo uma queda da demanda externa (crise européia) e uma consequente queda na produção industrial, porque o BC continua a baixar os juros?

    Será que a previsão é a crise piore nos próximos meses de modo a afetar negativamente a economia brasileira?

    Att.

  27. Alex,

    Com economia industrial desaquecida e crise econômica externa, não é o melhor momento para forçar uma queda de juros?

    Você acha correto que um país tenha como um dos objetivos de longo prazo: emitir títulos que serão pagos com a menor taxa de juros e com o maior prazo de vencimento possível?

    Pessoas que sonham com o Brasil, em 2014, ofertando títulos a uma taxa de 2% a.a. e com vencimento em 10 anos, possuem sanidade mental?

    Josias

  28. Josias, dá para entender que sim. Estaria aguardando uma piora do cenário externo. Ai, os aumentos de gastos, as desonerações e isenções fiscais, poderão ser chamadas de "anti-cíclico".
    Em caso de uma piora não tão catastrófica, ou até uma leve melhora nas expectativas, externas, tal estratégia ficaria a nu.
    E com previsões de PIB abaixo da inflação em 2012 e 2013, além do que já ocorreu em 2011, não seria antipatriótico dizer: estagnação.

  29. "Vejamos, 0,33% mensal daria uma taxa de inflação analizada de quanto mesmo? Isso extrapola o centro da meta, né?"

    Cadê aquele rapaz que achava certo "analizar" o índice mensal de inflação? (Eu, para registrar, acho errado, mas é uma questão de coerência dele, não minha).

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