A professora e os leitores. Por José Paulo Cavalcanti Filho
Sexta passada falei de uma professora de alunos especiais, Patrícia Cavalcanti Arruda, e de sua experiência inovadora com a educação de adultos. Os leitores se manifestaram. Seguem alguns comentários.
PEDRO ARRUDA, médico e marido. Luiz Henrique, filho de Zefinha, empregada que nem sabia ler, era então uma criança pequena. Hoje, é graduado em engenharia mecatrônica. Emociona imaginar que atos, palavras e exemplos de Pat, ao ensinar sua mãe, mudaram, através de outras Zefinhas, o destino de alguns Henriques.
ADMALDO MATOS, homem público. Cada um de nós carrega um cemitério dentro de si, onde se vão sepultando parentes, amigos, colegas, conhecidos, em túmulos de saudade. À medida que envelhecemos o cemitério cresce e, em momentos de pandemia, tem-se a sensação de que a morte nos rodeia e espreita, prestes a dar o golpe.
AÉCIO GOMES DE MATOS, pensador. Seu texto me fez pensar na vida passada de trabalho e lutas, numa perspectiva positiva do futuro. Amigos morreram, mas ficou a glória de suas contribuições para uma sociedade melhor. O sentimento que me imobiliza hoje é a falta de perspectiva de futuro. Neste contexto a morte, em mim, não me faz muita diferença.
ALEXANDRE LEMOS, advogado. As lembranças se eternizam no coração dos que foram enriquecidos com o gesto. Cada semente, se o solo é fértil, um dia vai germinar.
ANTÔNIO MAGALHÃES, jornalista. No artigo de ontem, a grandeza das coisas simples.
CARLOS EDUARDO VASCONCELOS, advogado. Tocante. E triste. Ela não mais será uma educadora desconhecida.
CARLOS MESQUITA, ator. Mulheres como Patrícia e Zefinha, guerreiras, são espíritos evoluídos na luz.
CARLOS PRAGANA, pintor. É com exemplos assim que se constrói um país melhor.
CRISTOVAM BUARQUE, ministro da Educação. Me entusiasmei e começamos em prédios e até em canteiros de obras. Esta foi a frustração que fiquei ao ser demitido. O programa, hoje, poderia se chamar Patrícia. Quando telefonou para me demitir, o Presidente Lula disse que queria um ministro para priorizar o ensino superior, que alfabetização e educação era uma tarefa dos municípios. Mas precisava mesmo era de um ministério para Tarso Genro.
EDILSON PEREIRA NOBRE, presidente do TRF5. Belo artigo. Mais belo ainda o exemplo.
EDNA MENDONÇA, médica. Seu artigo de hoje é, na verdade, uma homenagem a todos os professores através de Patrícia.
EDUARDO ARAÚJO, advogado. A finitude da vida é algo que nos inquieta, e, com certeza, a mais bonita lágrima é a da saudade. Ela nasce dos risos que já foram, dos sonhos que não acabam e das lembranças que jamais se apagam. Com delicadeza, fez-nos chorar… e também refletir no quanto somos efêmeros e frágeis diante da vida. Fica a sensação de que tudo termina quando mal começa.
ENNIO CANDOTTI, presidete da SBPC. Patrícia é uma esperança que não morre.
FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES, professor. Um texto que deixará Patrícia extremamente feliz, onde ela está, bem perto da Criação.
GUSTAVO KRAUSE, governador. Emocionante! Viva Patrícia! Viva Zefinha!
IGNEZ BARROS, escritora. O propósito de Patrícia era muito mais que tirar pessoas do analfabetismo, sobretudo trazê-las a um convívio digno com a sociedade, tornando-as visíveis e interligadas. Ela partiu de um olhar particular, preocupando-se com Zefinha, com o filho da Zefinha, e, por extensão, com todas as Zefinhas e Luiz Henriques das proximidades. Um projeto inovador, simples e solidário. A visão dela foi extraordinária, ao criar um método prático que permitisse um conhecimento rápido, uma espécie de passaporte para os saberes elementares. Patrícia, é certo, deixou uma linda germinação.
JOSÉ PASTORE, economista. Ah! Como o Brasil precisa de mais dessas Patrícias! E de mais Cristovãos!
LINETE MEDEIROS, pintora. As lembranças se eternizam no coração dos que foram enriquecidos com o gesto. Se o solo é fértil, um dia vai germinar. Saudades, recheadas de orgulho, no coração daqueles onde a semente terminou.
LÚCIA PELUSO, advogada. Que tenhamos e possamos despertar momentos mágicos, sem deixar morrer a esperança, principalmente na escuridão que atravessamos.
LUZILÁ GONÇALVES, escritora. Esses dias todos, um nó na garganta, ainda não consegui chorar.
MÁRCIO RABELO, advogado. Por que a política, que deveria resolver os problemas do cidadão, termina por complicá-los? Feliz foi nossa querida Patrícia, colega de natação do Clube Português, enquanto cuidou das suas aspirações sem depender da politicalha brasileira! Que Deus a tenha.
MARGARIDA CANTARELLI, desembargadora federal. Seu artigo me comoveu muito. Imagine eu que não tenho mais irmãos de sangue! Os três já partiram. Mas sou feliz porque tenho irmãos do coração.
MISAEL WANDERLEY, médico. Solidarizo-me com a dor sua, de meu professor Pedro Arruda e do meu colega e cirurgião bem atuante com quem me encontro semanalmente no Esperança, Gustavo. Sintam-se abraçados.
OSWALDO MENDES, jornalista. Beleza de história. As tristes esperanças são como o escaravelho que se finge de morto enquanto é noite para renascer fortalecido ao amanhecer.
PAULO HENRIQUE MACIEL, advogado. Quando soube que ela se encantara, ocorreu-me pensar que a indesejada surpreendeu-me com Beto (65), Antônio Augusto (64) e Rock (71). Ela foi uma das pessoas mais doces que conheci. Se Deus existir, que a colha e a mim não condene.
RAFAEL DE MENEZES, juiz. Somos pó, a efemeridade da vida nos revela que aquilo que não passa, que não morre, são as boas ações praticadas em nosso favor e especialmente dos outros; viver é doar-se! A transitoriedade terrena nos convence de que só viveremos bem esta vida se a vivermos para os outros.
ROBERTO DaMATTA, escritor. Bom, belo, brasileiro e triste.
SILVIO MEIRA, gênio. Tristes esperanças, nos tristes tópicos. Tudo, hoje, está triste…
VERA ANDRADE, professora. Há pessoas que passam na nossa vida e deixam um pouco de si, ou levam um pouco de nós. Há outras que não passam.
WALTER MANZI, advogado. Doeu…
XICO BIZERRA, compositor. Como faz falta ao País a existência de algumas Patrícias, a suprir a deficiência estatal na educação, por um lado; e, por outro, não submetendo às humildes pessoas o constrangimento de se declararem analfabetas, frequentando salas de aula inadequadas e inexistentes para pessoas já adultas. Só me veio à mente a alegria que sentiria o Mestre Paulo Freire se dessa história tomasse conhecimento.
– José Paulo Cavalcanti Filho – É advogado e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade. Vive no Recife.