A mecânica da ilusão

Sempre imaginei que economistas, especialmente
os que se especializaram no estudo do mercado de trabalho, soubessem
identificar uma situação de pleno emprego, mas me enganei. Por incrível que
isto possa soar, ainda há quem acredite numa versão mecânica do fenômeno,
igualando pleno emprego ao esgotamento “físico” do universo de pessoas em idade
ativa, apenas atingido quando praticamente todos (exceto idosos e crianças) na População
em Idade Ativa
(PIA) estiverem empregados. Já pela ótica econômica, a
configuração do pleno emprego é bastante distinta.
A qualquer momento as pessoas em idade ativa se
defrontam com uma decisão nada trivial: participar ou não do mercado de
trabalho. Há, é claro, aqueles para quem trabalhar é um imperativo, sem o que
não conseguiriam sobreviver. Estes, quase por definição, farão parte da População
Economicamente Ativa
(PEA), ou seja, os engajados no mercado de
trabalho, empregados ou buscando emprego.
Para outros, porém, há alternativas ao mercado,
desde estudos até o cuidado com os filhos, sem obviamente esgotar as
possibilidades. Neste caso a decisão de participação depende do balanço entre
custos e benefícios.
Os custos refletem a probabilidade de obtenção
de um emprego. Em períodos de crise, por exemplo, quando a probabilidade é
baixa, espera-se que a PEA se reduza face à PIA, ou, posto de outra forma, que
a taxa
de participação
(a razão entre PEA e PIA) caia. Isto foi observado, por
exemplo, no começo de 2009 (ver gráfico), refletindo a crise internacional.
Fonte: Autor (a partir de dados dessazonalizados do IBGE)
Em particular, como a taxa de desemprego é
calculada com relação àqueles engajados no mercado, tal redução fez com que a
taxa observada de desemprego
aumentasse apenas marginalmente no período, dando a falsa impressão que o
mercado de trabalho teria sofrido pouco na crise. Já a estimativa de desemprego
ajustada a movimentos da taxa de participação revela, ao contrário, uma
elevação de quase dois pontos percentuais no desemprego (ver gráfico),
“mascarada” pela queda da taxa de participação.
Os benefícios, por sua vez, refletem o salário
esperado, isto é, a taxa de participação cresce em linha com salários, como,
aliás, observamos no período mais recente e de forma mais intensa no trimestre
final do ano passado. Isto, por sua vez, tende a “mascarar” a queda da taxa de
desemprego, já que mais pessoas se juntam à PEA, elevando a quantidade ofertada
de mão-de-obra.
Caso a elevação dos salários necessária para
convencer estas pessoas a se engajar no mercado se dê no mesmo ritmo que a
expansão da produtividade os custos unitários do trabalho permanecem
inalterados. Significa que o ritmo de crescimento da demanda por mão-de-obra é
consistente com a expansão da oferta (seja pelo crescimento populacional, seja
pela maior taxa de participação) e também congruente com a inflação na meta.
Isto configura o pleno emprego na ótica econômica.
Se, porém, o aumento da taxa de participação exigir
elevações salariais em excesso ao crescimento da produtividade (portanto
elevação do custo unitário do trabalho), surgirão pressões inflacionárias,
indicando que a economia está operando além do pleno emprego.
A perspectiva econômica do mercado de trabalho,
portanto, sugere que a disponibilidade de mão-de-obra fora da PEA está longe de
ser suficiente para determinar se a economia opera abaixo do pleno emprego. O
crucial é saber se a elevação salarial necessária para convencê-los a se juntar
à PEA é alinhada com o crescimento da produtividade.
Este não parece ser o caso no Brasil de hoje.
Pelo contrário, salários médios nominais têm crescido a taxas superiores a 10%
na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já o crescimento da
produtividade, tomado ao pé da letra, foi negativo em 2012, uma vez que a
expansão do emprego (pouco mais que 2%) superou largamente o crescimento do
PIB.
Mesmo tomando (como acho correto) uma medida de
tendência da produtividade, ao invés da observação pontual do ano passado, a
conclusão não se alteraria: salários crescem acima da produtividade, forte
indicação de uma economia em que o mercado de trabalho está excessivamente
aquecido.
Uma vez analisada a questão sob a perspectiva
econômica, que envolve pessoas tomando decisões à luz de custos e benefícios,
fica difícil escapar à conclusão que, a despeito de possível disponibilidade de
mão-de-obra além da PEA, a economia brasileira opera sim a pleno emprego.
Apenas ignorando os aspectos econômicos do problema, em particular a evolução
dos preços, é que se pode iludir acerca dos obstáculos hoje enfrentados no
mercado de trabalho.

Um problema
de perspectiva
(Publicado 7/fev/2013)

65 thoughts on “A mecânica da ilusão

  1. O calculo economico do governo e totalmente politico, afinal, eleitores empregados ou subempregados rende votos e a petezada tem que continuar mamando nas tetas gordas do governo federal.

  2. “Os benefícios, por sua vez, refletem o salário esperado, isto é, a taxa de participação cresce em linha com salários,..”

    Não tenho certeza. Primeiro temos que, no caso da oferta de trabalho, o efeito-renda e o efeito-substituição caminham em direções diferentes e não podemos assegurar, a priori, que a oferta de trabalho tenha inclinação positiva. Além dessa consideração, de cunho mais teórico, temos que, quando as decisões sobre a oferta de trabalho passam pela família e não pelos indivíduos a situação fica ainda mais cabeluda. Por exemplo, um aumento dos salários do chefe de família pode implicar em que os filhos permaneçam mais tempo no sistema escolar (ou seja, um aumento de salários tem efeito negativo sobre a oferta de trabalho).

    Ou seja, é possível imaginar uma situação próxima do pleno emprego com impactos positivos sobre os salários, gerando, via queda na oferta, um círculo vicioso na qual teus argumentos ficam mais robustos.

  3. "é possível imaginar uma situação próxima do pleno emprego com impactos positivos sobre os salários, gerando, via queda na oferta, um círculo vicioso na qual teus argumentos ficam mais robustos. "

    Sim, era isso que eu ia te responder lendo o primeiro parágrafo, mas você chegou lá antes.

    Abs

  4. " pastore,16/1,acha que a meta mudou para 5,5%. apergunta que faço: o bc ainda se guia por um taylor com 5,5%,ou mudou para a regra dilma?"

    Por enquanto não dá para dizer (não podemos rejeitar nenhuma das hipóteses), mas logo veremos se 5,5% é mesmo a meta.

  5. Eu acho que a meta é ter mais de 50% dos votos em 2014, se a aprovação da Dilma continuar alta ela vai manter a selic em 7,25 e falar na propaganda eleitoral que enfrentou os banqueiros malvados que fazem parte dos conselheiros do Aécio.

    Ainda sobre esse tema, algum comentário sobre o ipca de janeiro Alex ?

  6. "Ainda sobre esse tema, algum comentário sobre o ipca de janeiro Alex ?"

    Ruim. Número alto, ainda mais se considerarmos que adiaram aumentos de ônibus e anteciparam (um pouco) o corte da tarifa de energia. Núcleos carregados e difusão recorde para o mês desde jan-03.

    A tendência está feia e só com medidas pontuais é que vão tourear a inflação para baixo do topo da meta.

  7. "Por enquanto não dá para dizer (não podemos rejeitar nenhuma das hipóteses), mas logo veremos se 5,5% é mesmo a meta."

    Fosse realmente 5,5%, ele já teria agido antes, não? É só ver 2011/2012 e o Focus. Tenho a impressão que só agem a partir de 6%, como ficou claro ao final de 2012 que, janeiro ultrapassaria os 6% no acumulado.

    abs

  8. Se um "novo" BC fosse atuar hoje com o modelo que funcionava até 2009, estaríamos na ante-sala de um aumento de juros, já no próximo copom selic subiria e miraria 10,5% quem sabe ainda este ano.
    Mas como a assimetria e tolerãncia hoje é outra, os juros subirão no segundo semestre para 8,5%/9% provavelmente. E em 2015 voltaremos a ter juros para baixo provavelmente. E sem regra do salário mínimo.
    Tombini errou ao cortar abaixo de 9% e por acreditar na ajuda do Guido. Os dois gulosos agora vão para dieta.
    Maradona

  9. Vão ter que rebolar para manter abaixo do teto da meta. Estou achando que o Presuntinho cor de rosa seria bem qualificado para essa função. Basta chamar uns garotinhos…

    1. nada corroi mais a popularidade do que inflacao… agora nao tem mais espaco para aiumentos reais e aumento do nivel de emprego. dead end.

    2. vai ser engracado ver o bate-cabeca quando eles anunciarem o aumento dos juros. vai ser tao ridiculo quanto a confusao que o mantega aprontou hoje com o cambio a 1,85
      os caras sao muito ruins. me lembrei daquele desenho animado do alienigena tentando pilotar o disco voador…

  10. Se eu bem conheco o Saboia, voce esta prestes a tomar uma porrada fenomenal em troca… Pra aprender a nao entrar no assunto em que nao domina… Deverias ter feito o mesmo que recomendara ao graduando do teu blog: impor-se um voto de silencio…

    Vem com esse argumento barato de mercado de trabalho, mais convencional impossivel, contra um dos maiores especialistas no assunto no Brasil…

    Se tiver duvidas sobre a capacidade do saboia, pergunte ao Pedro Malan…

  11. Alex, fiz meu próprio apanhado sobre o desemprego de uma forma mais abrangente que a V neste artigo, baseado nos índices:
    Critério do IBGE em suas estatísticas: "se um gerente de banco é demitido e passa a fazer malabarismo no semáforo para ganhar a vida, a taxa de desemprego não se altera".
    Acostumamos-nos a ouvir que o desemprego é de 5%, 5,5%. Ora, um valor de 5% é ínfimo, praticamente nulo e totalmente fictício para uma economia regulada, com 40% de carga tributária e com enormes encargos sociais e trabalhistas. Imagine você reunir 100 pessoas de diferentes classes sociais em uma sala, e apenas 5 falarem que estão sem emprego formal? Isso não existe. Mesmo em uma economia livre, sem assistencialismos e sem salário mínimo, isso seria difícil de ocorrer. 20% é de fato uma realidade muito mais plausível para uma economia com o nosso nível de regulação, tributação e encargos.
    A atual taxa de desemprego é 21,4% (V ref. abaixo). Para o desemprego cair muito abaixo disso, só mantendo uma enorme expansão do crédito, ou afrouxando as leis trabalhistas, os encargos sociais e a carga tributária.
    AINDA HÁ O “BOLSA FAMÍLIA”: Para pessoas com poucas qualificações não ha emprego, logo o governo assume este (des)empregado via assistencialismo (coisas do tipo: bolsa família, seguro desemprego, sus, etc) isso cria a falsa ilusão que há geração de renda, mas na realidade não foi geração de renda e sim repasse de gastos do governo Como temos perto de 12 milhões de famílias recebendo o beneficio, já dá pra ter uma ideia de que o desemprego real é bem maior do que índice oficial….
    AINDA HÁ O SEGURO DESEMPREGO: O Brasil teve aproximadamente 8 milhões de pessoas que receberam seguro-desemprego em 2011. já dá pra ter uma ideia de que o desemprego real é bem maior do que índice oficial…. A População Economicamente Ativa caiu entre 2009 e 2011, segundo a PNAD 2011. Caiu de 101 milhões em 2009 para 100 milhões em 2011.
    Somente 44 milhões contribui para a previdência. A diferença de 46 milhões, que não contribuem está, portanto subempregada ou desempregada embora 41 milhões destes constem como empregada pela estatística do IBGE.
    AINDA HÁ O FUNCIONALISMO PÚBLICO: Um sujeito que trabalha no setor público gera desemprego para muitos no setor privado, poderia haver redundância, mas eu somaria esta casta ao índice de desemprego nem que fosse por provocação. É o meu índice de emprego ideologizado. Quem nada produz e ainda atrapalha é o legítimo agente do desemprego. Some-os aí no índice, vai…

  12. A inflação continua subindo… o Tombini não me convenceu com aquela entrevista furada e a coisa vai ficar feia… o que vcs recomendam que eu faça?

    1. Rezar!
    2. Me mudar para a Argentina até abril/2013!
    3. Ficar tranquilo que tá tudo sob controle!

    Estava cá refletindo… mesmo que o BC retome o compromisso sério (não apenas retórico) com a meta de inflação, um simples aumento na selic não seria um sinal crível, capaz de retomar a credibilidade perdida. A sensação que tenho é que estamos lutando contra o tempo… qto mais o BC demora para agir, mais as expectativas se deterioraram e maior será o custo para controlar a inflação. É exagero falar que em breve a escolha será entre recessão e inflação?

  13. Alex, li mais de 3 vezes pra conseguir entender e ainda não consigo acreditar, e olha que tenho treino e não sou economista.

    Que raios que está contecendo com o emprego no BR???

    As vagas boas: engenharia, industria e etc, que pagam bem estão sumindo

    As vagas tipo: poeta do sanduiche (como chamam aquelas meninas do subway) call center, assitente, auxiliar, …, estão bombando

    Estamos trocando 1 emprego bem remunerado por 3 de 800 reais. Na área mais top estamos importando espanhol ou repatriando brasileiro que estudou fora.

    Os núemros não batem com os fatos.
    O que ocorre Alex?

    Preciso trocar o oculos ou a calculadora?

  14. The Anchor,

    não precisa bater no Oreiro, ele mesmo se bate.

    O novo modelo que ele defende já está sendo aplicado pelo Governo. Exceto a recente valorização do real por causa da ação do Bacen de olho na inflação, tudo segue o que ele fala.

    Superavit primário perto de zero, taxas de juros reduzidas, metas frouxas de inflação ("relativamente baixa" é meta frouxa de inflação), os salários estão subindo, etc.

    O problema é que este modelo não está gerando crescimento e nem as taxas de investimento necessárias para o país crescer mais. Aí ele fala de "novo modelo" para alguém achar que o que é feito hoje é diferente do programa desenvolvimentista.

    Como no modelo dele o investimento é função apenas da taxa de juros, esquece que um ambiente institucional estável também afeta a decisão de investimento.

    Achei engraçada esta parte:

    "O objetivo agora não é garantir a solvência intertemporal das contas do governo ou impedir o retorno da alta inflação, até porque a solvência das contas do governo e a estabilidade da taxa de inflação são hoje um dado na economia brasileira."

    Parece que ele acredita que a estabilidade da inflação e das contas públicas é algo dado e acabado e não sofrem influências da política econômica atual.

    Se fosse assim não precisava de malabarismo contábil para o governo cumprir a meta fiscal que ele mesmo definiu e nem segurar preços administrados para evitar um impacto maior na inflação.

  15. brasil tem inflação da russia, metade da india e mais que a china.. não é nem um pouco grave

    "ah mas o brasil não cresce".. melhor ter um leve interrompimento no crescimento por causa de pleno emprego do que de juros bizonhamente altos, etc.

    Só falta o governo investir pesado, o que é uma questao basicamente politica agora.. graças a deus não temos mais bonequinhos NAIRU no comando do país.. !!

  16. "…Parece que ele acredita que a estabilidade da inflação e das contas públicas é algo dado e acabado e não sofrem influências da política econômica atual.

    Se fosse assim não precisava de malabarismo contábil para o governo cumprir a meta fiscal que ele mesmo definiu e nem segurar preços administrados para evitar um impacto maior na inflação…"

    Meus caros,
    Parece que ele não sabe que o descontrole das contas públicas e da inflação já aconteceu no Brasil e em passado muito recente, em termos históricos. Os caras são picaretas a não poder mais!!!! E estão arrebentando com o Brasil!!!
    Saudações

  17. Alex,

    Artigo do Braulio Borges da LCA, hoje no Valor, mostra que a inflacao desacelerou SIM na passagem de 2011 para 2012, considerando mesma forma de calculo do IPCA.

    Em numeros, passou de 6,1% para 5,8%.

    O cara se deu ao trabalho de abrir os dados, diferente de voce, ao que parece diferentemente de voce, que criticou o governo sem se dar ao mesmo trabalho.

    Vamos relembrar para nao dizerem que estou criando espantalho?

    Pois bem, post em "Ganhei a Aposta (10/01/2013)":

    Te perguntei;

    "Como ficaria a inflação do ano passado segundo composição atual do índice? Acelera ou desacelera?"

    Voce respondeu:

    "Use a lógica: se ela cai apenas pela mudança de pesos, com o mesmo conjunto de pesos (seja o antigo, seja o novo) ela se manteria constante…"

    Por que tanta grosseria quando voce nao domina o que diz?

    Att,

  18. "Se tiver duvidas sobre a capacidade do saboia, pergunte ao Pedro Malan…"

    Meu deus, se eu for me basear no artigo do Saboia, ele nao parece entender o conceito de pleno emprego. Se eh isso que passa por expert na UFRJ, imagina o resto…

    "O"

  19. "Só falta o governo investir pesado, o que é uma questao basicamente politica agora.."

    Sim. É uma questao politica. Com o PT no poder, é mais fácil porcos voarem do que o governo investir pesado.

    Também é uma questão existencial. O PT EXISTE para evitar que o erário seja usado para outro fim do que gerar rents para o conjunto dos servidores públicos.

    Imaginar que existe algum cenário com um boom de investimento público em uma administração petista é equivalente a esperar um tigre se tornar vegan.

  20. "Se eh isso que passa por expert na UFRJ, imagina o resto…"

    Para complementar: o resto está tudo no BNDES, MPOG, MDIC(k), Fazenda etc. fazendo os estragos. É só pegar qualquer voo BSB-GIG ou SDU e ver.

  21. "Há quem defenda Taxas de Cambio Multiplas. O que voce acha?"

    Acho que seria um serviço de utilidade pública denunciá-los à carrocinha. Trata-se de um problema de sanidade mental, não de economia.

  22. Ô Alex, monta pra gente um bloco (bloquinho) da "turma"! Colombina, arlequim,pierrô, pirata, sheik, feiticeiro(a), sujo(a), índio, bebê, e outros que julgar mais apropriados.
    Bom carnaval!

  23. "Há quem defenda Taxas de Cambio Multiplas."
    >
    É sério isso? Tipo Venezuela?
    É idéia da tal AKB?
    O que eu não entendo, e não sei se um dia entenderei é porque esse gostinho pela concentração de renda que tem essa turma. Se vestem como uns maltrapilhos para parecerem "do povo", mas adoram uma inflaçãozinha. E um protecionismo cambial que a Fiesp que manda né. E a gerentona fala que quer país de classe média??
    >
    "brasil tem inflação da russia, metade da india e mais que a china.. não é nem um pouco grave"
    >

    "ah mas o brasil não cresce".. melhor ter um leve interrompimento no crescimento por causa de pleno emprego do que de juros bizonhamente altos, etc.

    Só falta o governo investir pesado, o que é uma questao basicamente politica agora.. graças a deus não temos mais bonequinhos NAIRU no comando do país.. !!"

    Isso, façam isso mesmo, em 2014 o dólar a 4 reais e inflação de 2 dígitos. Junto com essa idéia de câmbio múltiplo pode adotar também o tabelamento e o racionamento. Dá para fazer uma app da tabela da Sunab já que até o efeito Orloff tá voltando, chama o Axel Kicillof para dar umas idéias para essa tal de AKB.

  24. "Só falta o governo investir pesado, o que é uma questao basicamente politica agora.. graças a deus não temos mais bonequinhos NAIRU no comando do país.. !!"
    8 de fevereiro de 2013 17:13

    Bem, os bonequinhos NAIRU devem ter deixado um arcabouço de medidas para estabilização. A demarragem deveria ocorrer dentro da estabilidade e não fora dos parâmetros estabelecidos, notadamente, para a expansão de gastos públicos nas três esferas federativas.
    Se não há mais "bonequinhos NAIRU no comando, excelente.
    Mas quem está no comando de alguma coisa agora?

    1. Eu não conheço o Bráulio, mas não deixo de sentir vergonha de seu artigo.

      Escrever sobre a inflação brasileira dos ultimos 3 anos, sem mencionar (1) o impulso fiscal; (2) o abandono do câmbio flutuante; e (3) a expansão de crédito em particular via bancos públicos, não é para qualquer um.

      Com um artigo desses no portfólio, ele é favorito no casting para o remake de Salò. É uma nova escola, a macroeconomia pasoliniana.

  25. O Alex já escreveu que a queda da inflação de 2011 para 2012 pode ser explicada pela mudança de pesos e pela redução de impostos para alguns produtos. A inflação veio caindo até meados do ano passado devido ao efeito defasado do ciclo de aperto monetário ocorrido no início de 2011, e desde então está subindo (e provavelmente continuará) por causa da queda da selic, alta do dólar e outras medidas de estímulo. Se informe um pouco mais antes de atacar gratuitamente o caráter dos outros.

  26. Alexandre,

    Vai admitir que se equivocou nao? Afirmara que a inflacao se reduziu apenas gracas a um artefato estatistico, mas nao foi bem isso que os dados revelaram. E agora Jose?

    Abracao

    Teu camarada

  27. Alex, uma dúvida: assumir que a produtividade subiu nesse ano não implica em um certo labor hoarding?

    Daí surge essa aparente contradição, enquanto o aumento salarial supera a produtividade, sinal de expansão demasiada da demanda, o labor hoarding sugere que ainda há espaço para a expansão da demanda.

    Isso tem a ver com o desequilíbrio de crescimento entre o setor industrial e o de serviços ?

    Aproveitando a oportunidade, para o custo unitário aumentar é o salário nominal ou o real que precisa superar a produtividade?

  28. Pessoal, não sou especialista em Escola Austríaca mas pelo meu pouco conhecimento já sinto cheiro de recessão vindo.. A inadimplência segue elevada, só não é pior por culpa do pleno emprego(Que não vai durar muito)..
    Levando isso em conta, a inflação segue elevada o que forçara a subida dos juros, afetando novos empréstimos e por consequente a entrada de moeda no mercado, dando fim a expansão monetária inflacionária.

    Pondo isso em questão, com um fim da expansão do crédito os preços dos imoveis supervalorizados pel crédito fácil vão ter de cair para se adequar ao poder de compra popular. Um tipico caso de bolha. O fim da expansão do crédito poe fim aos empregos gerados por ela também. Dado isso, com desemprego subindo, p.i.b fraco, as dividas se tornarão impagáveis e calotes nos bancos vão subir(Inadimplência. Empréstimos longos como ''Minha casa Minha vida'' podem colapsar em uma bolha.

    Alguma objeção diferente?

  29. "Afirmara que a inflacao se reduziu apenas gracas a um artefato estatistico, mas nao foi bem isso que os dados revelaram."

    1) Foi o que os dados revelaram sim;
    2) NO meu caso, utilizando a ponderação original, a queda foi nula
    3) No caso do Bráulio, cujos números não revisei, o queda foi de 30 bps;
    4) O BC comemorou uma queda de 66 bps;
    5) Mesmo que o número do Bráulio esteja correto (deve estar, mas como não fui eu quem fez as contas, não posso garantir), a queda da inflação (mais da metade da queda que o BC diz ter obtido) continua sendo um artefato estatístico;
    6) Vocês podem não acreditar, mas eu não passo o Carnaval na frente do computador

  30. "1) assumir que a produtividade subiu nesse ano não implica em um certo labor hoarding?"

    No caso, se houve "labor hoarding", a QUEDA da produtividade seria exagerada pelos dados observados (a empresa produz menos, mas não demite, aparentando queda de produtividade).

    Sim, pode ter acontecido (deve, inclusive ser provável), mas, mesmo se for verdade, estimativas com base na tendência subjacente da produtividade sugerem que a expansão (não-observada) anda pela casa de 1,5% ao ano, contra salários nominais se expandindo perto de 10% ao ano.

    "2) Daí surge essa aparente contradição, enquanto o aumento salarial supera a produtividade, sinal de expansão demasiada da demanda, o labor hoarding sugere que ainda há espaço para a expansão da demanda."

    Não, ao menos que você mostre que a produtividade cresce 10% ao ano. Boa sorte!

    "3) Isso tem a ver com o desequilíbrio de crescimento entre o setor industrial e o de serviços ?"

    Os custos unitários sobem em ambos os setores, mas o setor de serviços (na verdade o não-comercializável) pode repassar para os preços mais do que o setor industrial (não-comercializável), isto é, as margem são comprimidas no setor industrial.

    De forma equivalente o salário real (visto da perspectiva do produtor) sobe mais no setor industrial que no de serviços, de modo que o emprego (e a produção) se expande no setor de serviços à expensa do setor industrial.

    4) Aproveitando a oportunidade, para o custo unitário aumentar é o salário nominal ou o real que precisa superar a produtividade?"

    Depende do fenômeno que você quer explicar. Se for a inflação, o foco deve ser nos salários nominais. Se for a alteração no padrão setorial do emprego, nos salários reais.

  31. Reportagem hoje no Valor mostra que havia, de fato, laour hoarding.

    A produtividade deu um salto apos reducao de vagas de trabalho em dez setores industriais.

    Mais uma evidencia de que a produtividade enquanto medida de eficiencia da economia e' muito pobrinha…

  32. Meus caros,
    Estava tudo indo bem neste blog quando, de repente, aparece alguém nos incentivando a conhecer o Bráulio. O "O" disse que não conhecia, muitos aqui nunca o viram mas a insistência era forte. Alguém queria porque queria nos mostrar o Bráulio! O Alex chegou a explicitar que a queda observada do Bráulio era muito maior (ele não explicitou se voltaria ou não a subir). Impressionante como o carnaval mexe com as pessoas, não?
    Saudações

  33. Essa queda do desemprego de quase 12% em 2003 para 5% em 2012 é medida através da PME, que mede o desemprego em apenas 6 regiões metropolitanas, 20% da população total do país. A PNAD é feita anualmente em setembro e mede a taxa de desemprego no país inteiro. A queda foi muito menor na PNAD, era 9,1% em 2002 e caiu para 6,7% em 2011. A taxa de desemprego segundo a PNAD estava ainda menor em 1995, apenas 6,1%. Não considero a PME o melhor parâmetro.

  34. O que sempre me intriga em relação às analises sobre emprego é que tudo se apresenta como porcentagens.
    Porque não se fala do número de pessoas desocupadas, mesmo que apenas na amostra das grandes regiões metropolitanas.
    Como ao IBGE não interessa divulgar que a renda per capita está estagnada, nenhum economista fala no numero de desocupados.

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