Advertir não é acertar. Por Meraldo Zisman
Advertir não é acertar
Meraldo Zisman
Advirto: Regimes autoritários e corruptos só cedem o poder mediante acordos de transição capazes de dissolver a mácula da desforra deixada pelas disputas entre pessoas do mesmo ofício.
O político tem compromisso com o imediatismo e a sua visão de futuro é voltada apenas à próxima eleição, salvo as exceções de praxe. São poucos os que pensam nas gerações futuras e recebem a alcunha de estadistas. Vale a pena relembrar o significado desse vocábulo: Estadista: [De estado + -ista.] Substantivo de dois gêneros. Pessoa de atuação notável nos negócios políticos e na administração de um país; homem ou mulher de Estado (Dicionário Aurélio).
A expressão ‘Os fins justificam os meios’ é – erroneamente – atribuída ao historiador Nicolau Maquiavel (1469-1527). O que ele escreveu, no seu celebrado livro O Príncipe, capítulo XVIII, foi o seguinte: “Nas ações de todos os homens, em especial dos príncipes, onde não existe tribunal a que recorrer, o que importa é o sucesso das mesmas. Procure, pois, um príncipe, vencer e manter o Estado: os meios serão sempre julgados honrosos e por todos louvados, porque o vulgo sempre se deixa levar pelas aparências e pelos resultados, e no mundo não existe senão o vulgo”.
Todos os opressores só desistem do poder quando sentem que perderam o controle da situação, incluindo Hitler, que adotou a “Solução Final” dos judeus, passando por Stalin que se manteve o poder por tanto tempo. O regime soviético só foi extinto quando se conseguiu o apaziguamento após as delações (premiadas ou não) que acoimaram os crimes cometidos no seu mandato por Nikita Kruschof (1894-1971). O regime finalmente foi extinto por Mikhail Gorbachof, último condutor da União Soviética entre os anos de 1985 e 1991. Advirto: Regimes autoritários e corruptos só cedem o poder mediante acordos de transição capazes de dissolver a mácula da desforra deixada pelas disputas entre pessoas do mesmo ofício.
A ambição do Homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, age sem pensar no mal que daí a algum tempo pode resultar de sua ação.
Gestos de grandeza são raríssimos na História e não podemos viver de exceção. Estamos assistindo hoje no Brasil, entre declarações/atitudes/ noticias/ de afogadilho, uma enorme tragédia, por termos esquecido de que os nossos partidos políticos são dúbios de genoma, alguns continuam apoiadores do governo mandante, outros não, prontos a pular fora ou ficarem mais de acordo com seus interesses.
Tomando o passado recente lembro: Na Rússia a queda do comunismo resultou em Putin e na Itália a Operação Mãos Limpas findou em Berlusconi.
Advertir não é acertar e nem muito menos pessimismo.
É o exercício da experiência.
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Meraldo Zisman – Médico, psicoterapeuta. Foi um dos primeiros neonatologistas brasileiros. Consultante Honorário da Universidade de Oxford (Grã-Bretanha)
QUE ARTIGO MARAVILHOSO!!! VALEU A PUBLICAÇÃO!!!
COMO BRASILEIRA/PORTUGUESA, AGRADEÇO.