Vaidade é a areia movediça da razão. Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Vaidade é a areia movediça da razão
(George Sand)
Por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
…Só imagino o que ele diria ao ver o comportamento de alguns juízes. Muita vaidade, arrogância e exibicionismo, tudo aquilo que nunca deveria ser demonstrado numa Corte de Justiça…
Artigo publicado originalmente no Blog de Ricardo Noblat, 9 de junho/ 2017
Numa entrevista para a BBC Brasil o cientista político francês Olivier Dabène, diretor do Observatório Político da América Latina e Caribe (Opalc), da Universidade Sciences Po de Paris, que já lecionou na Universidade de Brasília, declarou que, comparado ao Brasil, o mundo é amador em corrupção.
Ao ler essa declaração, o Leitor ficou envergonhado, como eu fiquei? Confesso que cheguei a ficar indignada, até ler toda a entrevista e dar aos fatos o valor que os fatos têm… Para ser sincera, concluí que o professor Dabène foi até muito amável, usou palavras leves para nos definir: “Temos a impressão de que os políticos brasileiros não aprendem. Eles continuam fazendo a mesma coisa. É uma maneira instintiva de fazer política. É muito difícil mudar o comportamento e suas mentalidades. Eles veem a política como algo que permite o enriquecimento pessoal. Não há uma visão da política como atividade que deva servir aos interesses gerais.”
…eu já tenho o meu favorito: o relator Herman Benjamin. Gostei dele, de seu modo simples de falar, do seu respeito aos fatos e da sua elegância de modos. Admiro sua determinação em não se deixar vergar por vaidade ou arrogância, e por seu modo singelo e firme de não retrucar às pegadinhas de colegas mais nervosos…
Algo a desmentir ou a contrariar? Creio que não. Dou é graças a Deus do professor Dabène não ter comentado o julgamento no TSE. Só imagino o que ele diria ao ver o comportamento de alguns juízes. Muita vaidade, arrogância e exibicionismo, tudo aquilo que nunca deveria ser demonstrado numa Corte de Justiça.
John Adams, o segundo Presidente da República dos EUA (de março de 1797 a março de 1891) disse certa vez que “Os fatos são teimosos; sejam quais forem nossos desejos, ou nossas inclinações, ou os ditames de nossas paixões, isso não conseguirá alterar os fatos ou as evidências”. Verdade absoluta.
Desde o Mensalão, os juízes do STF se tornaram figurinhas fáceis em nossos ‘papos de boteco’. Já os do TSE só agora entram em nossas conversas e eu já tenho o meu favorito: o relator Herman Benjamin. Gostei dele, de seu modo simples de falar, do seu respeito aos fatos e da sua elegância de modos. Admiro sua determinação em não se deixar vergar por vaidade ou arrogância, e por seu modo singelo e firme de não retrucar às pegadinhas de colegas mais nervosos, como Gilmar Mendes, ou mais originais, como o novato Admar Gonzaga que disse que não costuma conferir o saldo de sua conta bancária, que não controla sua movimentação. Felizardo ele, não? Queria eu, sinceramente, não precisar conferir quanto ainda tenho até o início do mês seguinte…
Escrevo na quinta à noite. Não sei, por óbvio, qual será o resultado do julgamento. Estou de dedos cruzados torcendo, com todo empenho, para que o resultado seja o melhor para o bem do Brasil.
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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* – Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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