O principal gargalo
“Foi um ano de PIB mais
fraco, abaixo das nossas expectativas. Mas com trajetória positiva de
aceleração e que vai continuar”, disse o Ministro da Fazenda.
“Segundo Mantega, a expectativa do governo para o crescimento do PIB em 2013 é
de 3% a 4%”.
fraco, abaixo das nossas expectativas. Mas com trajetória positiva de
aceleração e que vai continuar”, disse o Ministro da Fazenda.
“Segundo Mantega, a expectativa do governo para o crescimento do PIB em 2013 é
de 3% a 4%”.
2013?! Não, não é um erro de digitação, mas sim a
entrevista de Mantega há um ano, comentando os resultados do “pibinho” de 2012
e, para não perder a viagem, prevendo – errado como sempre – um desempenho
muito melhor no ano que passou. Agora sabemos que o crescimento em 2013 atingiu
modestos 2,3%, sem dúvida melhor do que 1% registrado em 2012, mas igualmente
distante dos 3,5% (a média entre 3% e 4%) prometidos à época.
entrevista de Mantega há um ano, comentando os resultados do “pibinho” de 2012
e, para não perder a viagem, prevendo – errado como sempre – um desempenho
muito melhor no ano que passou. Agora sabemos que o crescimento em 2013 atingiu
modestos 2,3%, sem dúvida melhor do que 1% registrado em 2012, mas igualmente
distante dos 3,5% (a média entre 3% e 4%) prometidos à época.
Aparentemente imune a
qualquer experiência de aprendizado, contudo, o ministro repete a mesma
ladainha, apelando inclusive para o mesmo argumento: o comportamento do último
trimestre do ano, tanto agora como então algo superior ao esperado pelo
mercado.
qualquer experiência de aprendizado, contudo, o ministro repete a mesma
ladainha, apelando inclusive para o mesmo argumento: o comportamento do último
trimestre do ano, tanto agora como então algo superior ao esperado pelo
mercado.
A verdade, porém, é que
o desempenho medíocre de 2013 revela mais das fraquezas do nosso modelo de
crescimento do que o ministro e sue trupe têm condições de entender. Não há
como manter um ritmo decente de desenvolvimento baseado no consumo crescente,
seja das famílias, seja do governo.
o desempenho medíocre de 2013 revela mais das fraquezas do nosso modelo de
crescimento do que o ministro e sue trupe têm condições de entender. Não há
como manter um ritmo decente de desenvolvimento baseado no consumo crescente,
seja das famílias, seja do governo.
Apesar da expansão mais
vigorosa do investimento, o principal motor da demanda no ano passado foi o
consumo, cuja contribuição explica praticamente dois terços do aumento do PIB
de 2013. Em consequência, a poupança do país encolheu ainda mais, de 14,6% para
13,9% do PIB, insuficiente para financiar até o modesto nível de investimento
(18,4% do PIB) registrado no período.
vigorosa do investimento, o principal motor da demanda no ano passado foi o
consumo, cuja contribuição explica praticamente dois terços do aumento do PIB
de 2013. Em consequência, a poupança do país encolheu ainda mais, de 14,6% para
13,9% do PIB, insuficiente para financiar até o modesto nível de investimento
(18,4% do PIB) registrado no período.
A contrapartida do
baixo investimento é o aumento não menos medíocre da produtividade. Tomada a
valor de face, esta teria crescido 1,5% no ano passado, já que o produto
aumentou 2,3% e o emprego 0,7%. Ocorre que, se crermos nisso, também seríamos
obrigados a acreditar que em 2012 (quando o produto aumentou 1% e o emprego
2,2%) a produtividade teria caído 1,1%, o que me parece um absurdo.
baixo investimento é o aumento não menos medíocre da produtividade. Tomada a
valor de face, esta teria crescido 1,5% no ano passado, já que o produto
aumentou 2,3% e o emprego 0,7%. Ocorre que, se crermos nisso, também seríamos
obrigados a acreditar que em 2012 (quando o produto aumentou 1% e o emprego
2,2%) a produtividade teria caído 1,1%, o que me parece um absurdo.
“Limpando”, porém,
estas flutuações, estimo que o produto por trabalhador tenha crescido a uma
velocidade média ao redor de 0,7% a 0,8% ao ano no período mais recente,
desempenho para lá de insatisfatório. Assim, se tomarmos a média do crescimento
dos últimos 3 anos (2,1% a.a.), a contribuição do aumento da produtividade é
minúscula, apenas 0,4% a.a., vindo o
restante (1,7% a.a.) da expansão do emprego. Trata-se, pois, de crescimento
baseado na “força bruta”, cujos limites se tornam visíveis à medida que se
esgota o estoque de trabalhadores desempregados.
estas flutuações, estimo que o produto por trabalhador tenha crescido a uma
velocidade média ao redor de 0,7% a 0,8% ao ano no período mais recente,
desempenho para lá de insatisfatório. Assim, se tomarmos a média do crescimento
dos últimos 3 anos (2,1% a.a.), a contribuição do aumento da produtividade é
minúscula, apenas 0,4% a.a., vindo o
restante (1,7% a.a.) da expansão do emprego. Trata-se, pois, de crescimento
baseado na “força bruta”, cujos limites se tornam visíveis à medida que se
esgota o estoque de trabalhadores desempregados.
As perspectivas,
portanto, não são particularmente animadoras. O consenso de mercado aponta para
uma expansão da ordem de 1,7% em 2014. Mesmo notando que nos últimos dois anos o
crescimento foi menor que o esperado pelos analistas, parece ser uma projeção bastante
razoável. Já a previsão (sempre mais otimista) do ministro, a saber, uma taxa
de crescimento maior em 2014 do que em 2013, requer uma aceleração que parece
além da capacidade do país, fundamentalmente por conta dos gargalos de
mão-de-obra, infraestrutura e produtividade.
portanto, não são particularmente animadoras. O consenso de mercado aponta para
uma expansão da ordem de 1,7% em 2014. Mesmo notando que nos últimos dois anos o
crescimento foi menor que o esperado pelos analistas, parece ser uma projeção bastante
razoável. Já a previsão (sempre mais otimista) do ministro, a saber, uma taxa
de crescimento maior em 2014 do que em 2013, requer uma aceleração que parece
além da capacidade do país, fundamentalmente por conta dos gargalos de
mão-de-obra, infraestrutura e produtividade.
Já passou o momento de
mudarmos nosso modelo de crescimento. Este funcionou bem enquanto a economia
dispunha de folga considerável de recursos, isto é, desemprego e capacidade
ociosa elevados, que podiam ser mobilizados rapidamente pelo estímulo à
demanda.
mudarmos nosso modelo de crescimento. Este funcionou bem enquanto a economia
dispunha de folga considerável de recursos, isto é, desemprego e capacidade
ociosa elevados, que podiam ser mobilizados rapidamente pelo estímulo à
demanda.
Sem estas condições,
porém, o crescimento requer mais do que isto. São necessárias reformas que
destravem o crescimento da produtividade, um clima de negócios que incentive o
investimento (e não a busca de favores governamentais) e o aumento da poupança,
pela redução do gasto público. O principal gargalo neste contexto é a falta de
capacidade intelectual e gerencial no governo que permita esta imprescindível
correção de curso; é isto, mais que qualquer outro fator, que nos condena a uma
triste seqüência de “pibinhos”.
porém, o crescimento requer mais do que isto. São necessárias reformas que
destravem o crescimento da produtividade, um clima de negócios que incentive o
investimento (e não a busca de favores governamentais) e o aumento da poupança,
pela redução do gasto público. O principal gargalo neste contexto é a falta de
capacidade intelectual e gerencial no governo que permita esta imprescindível
correção de curso; é isto, mais que qualquer outro fator, que nos condena a uma
triste seqüência de “pibinhos”.
Não sobrou nenhum… |
(Publicado 5/Mar/2014)
Alexandre, aumentar a produtividade é algo rapido de conseguir?
Alex: "O principal gargalo neste contexto é a falta de capacidade intelectual e gerencial no governo…" Conclusão impecável!
Como esse tipo de capacidade não está disponível no entorno do lulopetismo+dilmismo, tampouco cairá do céu, então…???
Tem que chamar o "Asno" Vernengo e o Sicsú. Com estes dois emplacamos um pibaço!
Alex:
Como "limpa" as séries para chegar a 0.7/0.8% de aumento da produtividade ? Qual é sua metodologia e dados ?
Abs.
"Como "limpa" as séries …"?
Com o Teorena de L’Aconchambré, fundamentado no Princípio da Não Aderência, o qual estabelece que se a realidade não adere ao modelo, deve-se mudar a realidade.
Metodologia amplamente usada pelos economistas, principalmente os chapa-branca.
Embora o governo negue, parece-me claro que vigora a idéia de que não conter a demanda é melhor para o emprego do que o contrário.
Em determinado globo news painel, lá estavam Beluzzo, Gianetti e o Pessoa. A discussão corria e o Beluzzo em cima do muro, criticando o mundo, mas sem ter coragem de defender o que se passou por aqui.
No último minuto do show, ele virou para o Pessoa e questionou: você quer sacrificar os empregos?
Covardia, falou isso no último momento, sem dar chances de defesa.
Também não sei se mudaria muito. O pensamento heterodoxo é muito mais simples e convidativo. A vida é curta para se aprender a valorizar a ortodoxia!
Rafael
Alex,
Depois daquele artigo – "Quem nos navega é o mar", vc escreveu outro sobre comércio exterior?
O nosso atual problema bessa área ainda é ligado a falta de competitividade? Os problemas q vc aponta na nossa economia tem contribuído para agravar esses problemas ou como dizem os heterodoxos – é tudo culpa da crise?
Abs
A minha pergunta sobre como Alex trabalha as estatísticas para obter 0.7/0.8% de aumento na produtividade não era irônica. Era simplesmente metodológica.
De vez em quando, "ela" acerta:
COLUNA NO GLOBO
— Deu o curto-circuito —
"… O governo fingiu até a véspera que não havia um problema na área de energia. E ontem ele rasgou a fantasia. Assumiu que o rombo deste ano será de R$ 21 bilhões e já avisou que haverá aumento de impostos e elevação futura nas tarifas. Isso para cobrir os custos do preço irreal da energia e da desastrosa gestão na área. O consumidor vai pagar os R$ 8 bilhões de empréstimos tomados pela CCEE a juros de mercado.
Tudo o que foi anunciado ontem é para resolver o problema que o governo negava existir. O ministro Mantega e a cúpula do setor elétrico disseram que, além dos R$ 9 bilhões previstos no Orçamento, o governo vai pôr mais R$ 4 bilhões na Conta de Desenvolvimento Energético e autorizou a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica a tomar um empréstimo de R$ 8 bilhões no mercado. No futuro, quando o custo for passado para as tarifas, a CCEE vai ser ressarcida pelos consumidores por esse empréstimo. Eles pagarão, assim, além do preço das térmicas, os juros desse financiamento bilionário …"
fonte: http://oglobo.globo.com/economia/miriam/
Nada muito complicado. Estimo a produtividade a partir dos dados de contas nacionais trimestrais e da PME. Sobre a série estimada, passo um filtro HP (o filtro de Kalman dá resultados parecidos com muito mais trabalho).
Alex,
desculpe-me pela escassez terminológica, mas não sou economista, tampouco estudante, mas alguém que se interessa pelos temas da área e acompanha os seus textos.
Gostaria de indagá-lo acerca do suposto plano para compensação dos gastos com o aparato energético do Brasil, como anunciado pelo Ministro Mantega na última semana, adiando o aumento da tarifa para 2015.
Seria, recapitulando o teor do primeiro parágrafo, uma forma de transferir ao consumidor, em 2015, gastos que as distribuidoras de energia elétrica têm com o recurso às termelétricas, racionando os gastos energéticos da indústria com o doméstico, ainda que este não consuma sequer 10% da energia elétrica produzida no Brasil?
Abraços
Douglas
Doulgas … talvez esse outro artigo ajude tmbém a entender a palahaçada e trapalhada do governo, ministro manteiga, e seus paus mandados no mercado.
>>> http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,eletrobras-perde-r-19-bi-na-bolsa-e-ate-muda-de-sede-para-economizar-o-aluguel,179703,0.htm
Alex:
Determinar a variação da produtividade é complicado. Olha o artigo de Juan Jansen na Folha de ontem. Ele fala que a produtividade caiu 0.55% ao ano entre 2011 e 2013.
Abs.
Obrigado pela indicação, Renato. O que posso depreender é que há uma reunião de sinergias para que o setor energético seja esfacelado no Brasil, não de forma proposital, mas, devido a uma contaminação parasitária, um impasse em não saber o que fazer.
Matéria sensacional de Yoshiaki Nakano no valor de hj.
http://www.valor.com.br/opiniao/3483040/juro-alto-nao-derruba-inflacao
Nakano mostrando todo seu conhecimento ou falta de conhecimento.
Juro alto não derruba inflação.
Hoje no Jornal Valor. É mole?
Charles.
Pior que esse populismo com as tarifas de energia nao vao render votos como o esperado. Acho que as proximas eleicoes guardam muitas surpresas, as pessoas sao ingratas por natureza, poucos vao votar em dilma por lealdade e gratidao pelo que foi dado por populismo, pois esses 'presentes' ja foram incorporados como coisas normais e perpetuas. Meus 2 centavos…