Além do óbvio
Segundo o IBGE o
desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas mensalmente atingiu 5%
em março, o nível mais baixo para o mês desde o início da pesquisa em 2002. Um
observador que atentasse apenas para este número haveria de concluir pela
pujança da economia nacional, que vem quebrando recorde atrás de recorde no
quesito desemprego. Já quem estendesse seu foco para os dados mais completos
provavelmente chegaria a conclusão bem distinta.
desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas mensalmente atingiu 5%
em março, o nível mais baixo para o mês desde o início da pesquisa em 2002. Um
observador que atentasse apenas para este número haveria de concluir pela
pujança da economia nacional, que vem quebrando recorde atrás de recorde no
quesito desemprego. Já quem estendesse seu foco para os dados mais completos
provavelmente chegaria a conclusão bem distinta.
Por exemplo, de acordo
com esta mesma pesquisa a geração líquida de empregos foi próxima a zero, seja
na comparação entre março de 2013 e março de 2014, seja com relação ao
observado no primeiro trimestre de cada ano.
com esta mesma pesquisa a geração líquida de empregos foi próxima a zero, seja
na comparação entre março de 2013 e março de 2014, seja com relação ao
observado no primeiro trimestre de cada ano.
Nota-se, ademais, que a
População
em Idade Ativa (PIA) não estagnou no período, mas segue crescendo entre
1-1,5% ao ano (1,3% no trimestre em questão), de modo que não se pode atribuir
a redução do desemprego a fatores demográficos, como por vezes se ouve. Na verdade,
em 10 dos últimos 12 meses a taxa de crescimento da PIA superou a expansão do
emprego, o que, em tempos normais, teria provocado uma elevação visível da taxa
de desemprego. Isto não ocorreu, contudo, porque parcela da PIA parece ter
“desistido” do mercado de trabalho.
População
em Idade Ativa (PIA) não estagnou no período, mas segue crescendo entre
1-1,5% ao ano (1,3% no trimestre em questão), de modo que não se pode atribuir
a redução do desemprego a fatores demográficos, como por vezes se ouve. Na verdade,
em 10 dos últimos 12 meses a taxa de crescimento da PIA superou a expansão do
emprego, o que, em tempos normais, teria provocado uma elevação visível da taxa
de desemprego. Isto não ocorreu, contudo, porque parcela da PIA parece ter
“desistido” do mercado de trabalho.
De fato, 57% da PIA em
média costuma se engajar no mercado, seja trabalhando, seja procurando emprego,
constituindo aquilo que se convencionou chamar de População Economicamente Ativa
(PEA). Esta grandeza, a relação entre PEA e PIA (a taxa de participação), não
costuma ser fixa, porém; pelo contrário, flutua ao redor da média, revertendo a
ela ao longo do tempo, processo geralmente rápido.
média costuma se engajar no mercado, seja trabalhando, seja procurando emprego,
constituindo aquilo que se convencionou chamar de População Economicamente Ativa
(PEA). Esta grandeza, a relação entre PEA e PIA (a taxa de participação), não
costuma ser fixa, porém; pelo contrário, flutua ao redor da média, revertendo a
ela ao longo do tempo, processo geralmente rápido.
Assim, nos momentos em
que a taxa de participação está acima
da média, o desemprego tende a subir,
pois há mais pessoas do que o normal em busca de trabalho. Da mesma forma,
quando a taxa de participação se encontra abaixo
da média, o desemprego tende a cair,
porque há relativamente poucas pessoas engajadas no mercado.
que a taxa de participação está acima
da média, o desemprego tende a subir,
pois há mais pessoas do que o normal em busca de trabalho. Da mesma forma,
quando a taxa de participação se encontra abaixo
da média, o desemprego tende a cair,
porque há relativamente poucas pessoas engajadas no mercado.
Estas flutuações não
costumam ter grande relevância para o processo de crescimento de médio e longo
prazo, precisamente porque elas se anulam de um trimestre para outro. Quando,
porém, o foco sai do médio e longo prazo para o comportamento de curto prazo da
taxa de desemprego, elas não podem mais ser ignoradas.
costumam ter grande relevância para o processo de crescimento de médio e longo
prazo, precisamente porque elas se anulam de um trimestre para outro. Quando,
porém, o foco sai do médio e longo prazo para o comportamento de curto prazo da
taxa de desemprego, elas não podem mais ser ignoradas.
Isto dito, nos últimos sete
meses a taxa de participação, já corrigidos os movimentos puramente sazonais
(por exemplo, o fato que muitas pessoas param de procurar emprego em dezembro),
tem se situado abaixo da média, o que tende a, como vimos, reduzir a taxa observada
de desemprego.
meses a taxa de participação, já corrigidos os movimentos puramente sazonais
(por exemplo, o fato que muitas pessoas param de procurar emprego em dezembro),
tem se situado abaixo da média, o que tende a, como vimos, reduzir a taxa observada
de desemprego.
Caso, porém, a taxa de
participação fosse igual à média o desemprego se encontraria em 6,1% no
primeiro trimestre de 2014 comparado a 4,9% no mesmo período do ano passado, segundo
o mesmo critério. Seria ainda uma taxa historicamente baixa, mas não mais o
recorde sugerido pela mera observação do dado oficial.
participação fosse igual à média o desemprego se encontraria em 6,1% no
primeiro trimestre de 2014 comparado a 4,9% no mesmo período do ano passado, segundo
o mesmo critério. Seria ainda uma taxa historicamente baixa, mas não mais o
recorde sugerido pela mera observação do dado oficial.
Dado que a tendência da
taxa de participação é voltar à média, o desemprego (ajustado à sazonalidade)
deverá se elevar nos próximos
trimestres, pois, o baixo crescimento esperado do PIB para 2014 não deve fazer
com que o emprego aumente o suficiente para reverter este fenômeno.
taxa de participação é voltar à média, o desemprego (ajustado à sazonalidade)
deverá se elevar nos próximos
trimestres, pois, o baixo crescimento esperado do PIB para 2014 não deve fazer
com que o emprego aumente o suficiente para reverter este fenômeno.
Todavia, apesar da
análise apontar perda de fôlego do emprego, os salários voltaram a se acelerar,
crescendo ao redor de 9% ao ano no primeiro trimestre deste ano contra cerca de
7% em meados de 2013, elevando o custo por trabalhador e pressionando a
inflação, em particular dos serviços.
análise apontar perda de fôlego do emprego, os salários voltaram a se acelerar,
crescendo ao redor de 9% ao ano no primeiro trimestre deste ano contra cerca de
7% em meados de 2013, elevando o custo por trabalhador e pressionando a
inflação, em particular dos serviços.
É possível, portanto,
que as expectativas crescentes de inflação tenham contaminado os reajustes
salariais, gerando as condições necessárias para crescimento baixo com inflação
elevada (“estagflação”). Se isto for verdade, a barbeiragem do BC, expressa na
perda de controle das expectativas inflacionárias, acabará nos trazendo custos
muito mais altos do que originalmente pensávamos quando (e se!) a inflação
tiver que ser finalmente domada.
que as expectativas crescentes de inflação tenham contaminado os reajustes
salariais, gerando as condições necessárias para crescimento baixo com inflação
elevada (“estagflação”). Se isto for verdade, a barbeiragem do BC, expressa na
perda de controle das expectativas inflacionárias, acabará nos trazendo custos
muito mais altos do que originalmente pensávamos quando (e se!) a inflação
tiver que ser finalmente domada.
(Publicado 23/Abr/2014)
A análise da taxa real de desemprego torna-se, de fato, complicada com essa metodologia do IBGE. Para os leitores que não estão a par, escrevi um resumo aqui: http://www.viagemlenta.com/2014/04/alem-dos-20-essa-sim-e-real-taxa-de.html
Alex, essa lista de blogs no lado direito da página não poderia ser atualizada?
Piketty vai enriquecer com o sucesso do livro e vai entregar a grana para os políticos e funcionários públicos distribuírem entre os pobres.
Excelente artigo Alex! Você tem alguma informação estatística sobre a duração média para esse processo voltar à média?
-A
Mais uma vez, uma análise perfeita.
Essas imagens colocadas no final dos posts são fantásticas!
Alex,
Duas possibilidades teóricas, na verdade: (i) as expectativas contaminaram as perspectivas dos trabalhadores, que passaram a exigir salários maiores; (ii) o poder de barganha ainda está elevado (na verdade, ainda mais elevado), pois os trabalhadores pensam que o desemprego está em 5% (ou seja, na mínima histórica).
Qualquer avanço em relação a estas duas hipóteses exigirá uma bela investigação empírica. Bom tema para dissertações.
Abs
D
"Você tem alguma informação estatística sobre a duração média para esse processo voltar à média?"
Acabei de apresentar este resultado aos meus alunos: a meia-vida é de um trimestre. A volta é, portanto, rápida.
Alex,
Quer apostar quanto como o desemprego nao aumenta em um trimestre?
Sua hipotese, embora muito intuitiva, nao explica todo o movimento recente do desemprego. Por exemplo em 2013 a taxa de participacao aumentou e o desemprego continuou em queda.
A discrepancia entre pib e desemprego nao é de hoje. Vem se arrastando desde 2011. Como explicar esse periodo tao amplo?
Abs
Kiko
Os próximos 12 meses serão extremamente críticos. Inflação descontrolada, expectativas deterioradas, câmbio pressionado, desalavancagem financeira na Inglaterra e nos Estados Unidos, interrupção dos estímulos monetários no Japão, transição do modelo econômico na China, retorno da inflação global e, como se não bastasse, as temperaturas no Oceano Pacífico Equatorial estão subindo.
A possibilidade de surgimento de um El Niño no final deste ano aumentou para 65% pela meteorologia norte-americana. Um estudo recente publicado pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences aponta possibilidade de 76%. A ONU já emitiu seu alerta.
Muitos hedge funds já estão posicionados em contratos futuros de commodities. Como todos nós sabemos, o El Niño provoca impactos significativos nos mercados de commodities agropecuárias e minerais. O boletim de análise de commodities do Banco Mundial mostra que os preços globais dos alimentos podem facilmente subir 15% três meses após o El Niño.
Olha só o que foi dar aquela lambança iniciada em 2011. Estaríamos numa situação melhor para administrar esses choques caso a inflação estivesse em seu devido lugar.
Alex,
mas como diferenciar o caso em que a Taxa de Participação está acima (ou abaixo) da média com o caso em que a média em si está em processo de redução (ou ascensão)?
Abs?
"como diferenciar o caso em que a Taxa de Participação está acima (ou abaixo) da média com o caso em que a média em si está em processo de redução (ou ascensão)?"
Teste se a série é estacionária.
Alex seu livro esta disponivel para comprar na livraria da Applestore?
Quais as desculpas que o BC vai arranjar para nao subir ou, ainda, reduzir a SELIC agora no final de maio?javascript:void(0)
Alguém pode comentar esse artigo aqui em detalhe?http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelomiterhof/2014/05/1448042-a-vinganca-do-rentismo.shtml?fb_action_ids=871726366178298&fb_action_types=og.recommends
Por falar nisso, cadê o "O"?
"A discrepancia entre pib e desemprego nao é de hoje. Vem se arrastando desde 2011. Como explicar esse periodo tao amplo?"
Excelente pergunta e não vejo nenhuma resposta muito boa. Os economistas, na verdade, fogem um pouco dessa raia.
A resposta padrão é: queda da produtividade. Mas isto por definição: quando o crescimento do PIB diverge do crescimento do emprego, então é porque houve mudança na produtividade.
Mas o que exatamente isso significa? Que fatores explicam a mudança na produtividade? Fatores conjunturais ou estruturais?
Fatores conjunturais pode ser labour-hoarding ou até mesmo razões por detrás da lei de kaldor-veedorn. Fatores estruturais pode ser mudança na composição setorial do produto, fatores demográficos, esgotamento de reformas ou deterioração de infraestrutura.
Para qualquer pitaco nessa seara tem que provar o que está falando. Senão não convence a platéia. Vejamos alguns pontos básicos.
Labour hoarding: os dados não rejeitam esta hipótese, mas é difícl sustentar o argumento para um período tão amplo.
Mudança na composição setorial do emprego: os dados não corroboram esta hipótese (mudou muito pouco de três anos pra cá, nada muito diferente do que já vinha em curso na economia brasileira).
Fatores demográficos: não há nada, na margem, que explique por essa via a discrepância atual entre produto e desemprego. Mudanças demográficas vem ocorrendo em ritmo lento.
Lei de kaldor-veedorn: os ortodoxos não gostam, mas há que se investigar melhor.
Esgotamento de reformas: tem que provar que isso ocorreu. Existem evidências, por exemplo, que o upgrade de reformas no PAEG geraram up na produtividade no milagre. Para o perído atual, apenas vi blá-blá-blá.
Deterioração da infra: bom ponto. Existem alguns dados que aparentemente corroboram, mas há que aprofundar melhor a análise empírica. Tem potencial (e mais, se for isso, o PIL do governo está na direção correta, gostem ou não).
Enfim, excelente questão para responder. É o maior enigma atual na economia brasileira.
O que acha bro Alex?
Economista X
Putz, que aula.
Valeu X, muito bom! Resumiu em poucas linhas o que muitos levam horas debatendo (e enrolando).
Abs
Kiko
Esse economista X é do blog do pessoal da USP? Muito show!
Por curiosidade,
Quais livros vc usou nos cursos de probabilidade e estatística em Berkeley?
X, de volta por aqui… Tava sumido
Mandou na intervenção!
X:
O problema é que, a valor de face, a produtividade (do trabalho) teria caído em termos absolutos em boa parte do período. Eu compro uma redução no ritmo de crescimento da produtividade, mas não queda em termos absolutos, pelo menos não em tempo de paz e ausência de grandes desastres naturais.
Labor hoarding explica 2012, assim como a reversão de 2013 (PIB cresceu 2,3% e emprego 0,7%), mas não dá para esticar mais esta corda. 2014 tem que desempatar…
E concordo com a rejeiçao à hipótese da mudança estrutural. Os dados não corroboram.
Quanto às demais perguntas, preciso de mais tempo e evidências e ambos andam escassos.
Abs
Muito bom, bro. Não dá mesmo para tomar a valor de face. Você tem razão, tem que ver alguma medida de tendência para a produtividade.
Respondendo aos demais. Não, nâo sou do blog da USP. Escrevo apenas aqui. Apenas copiei o codinome.
Abs
X
http://kibeloco.com.br/2014/04/30/inclusao/
Pra vc se divertir um pouco, bro… Esse assunto de economia é chato!
X
Alex, devia colocar o X aqui no lugar do O.
Caro Alex, o que acha dessa discussão do regime de metas de inflação no Brasil?
http://jlcoreiro.wordpress.com/2014/05/02/debate-sobre-centro-da-meta-de-inflacao-divide-economistas-valor-economico-02052014/
Somente outro dia recente me dei conta de que o cálculo da taxa de desemprego calculada ma ESpANHA é baseada mais no nível de desocupados dos adultos do que somente daqueles que desistiram de procurar emprego, como no brasil, portanto reportando percentagens (muito) mais elevadas e mais… Realistas. (e não tão… Alarmistas quango querem nos fazd crer…)
Se obrasil utilizasse a mesma metodologia da portugues, espanhola… Eu acho aue o nosso "desemprego"bateria nos 25% fácil-fácil.
Alguém comenta ?
Em outra nota, leio no OGLOBO a loucura instalada na condução da economia brasileira. Leiam o que diz aquele que se diz ser o ministro:
"…Temos uma previsão de aumento de alguns tributos. Foi o que aconteceu, por exemplo, na tabela de bebidas (que serve como base de cálculo para o IPI e o PIS/Cofins do setor de bebidas frias). A tributação é proporcional ao preço. Quando o setor aumenta os preços, se você não faz um reajuste da tabela, é como se o tributo tivesse caído …"
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/mantegatemos-uma-previsao-de-aumento-de-tributos-12375607#ixzz30mITIotn
>>>>Ou seja, para esse dickhead… A justificativa de um aumento de imposto encontra respando para se querer manter constante a proporcionalidade entre o preço de varejo e o tributo.
JP: o artigo que você sugeriu é equivalente a dizer que o Palmeiras tem o melhor time do Brasil porque sua camisa é marrom.
Renato: existem momentos em que você não fala besteira. Digo, pelo menos em tese.
A continuar assim, acredito que #NãoVaiTerDilma.
Alex,
Fui convocado para um concurso para o qual fui aprovado, mas decidi não assumi-lo porque quero passar para algo melhor.
Mesmo tendo recusado o emprego ainda conto como desempregado?
(no embalo da 'tese', vejam o descalabro do 'double dipping' nos cofres públicos)
No plano de demissão voluntária da PTdobrás "… foram incluídos os empregados com 55 anos de idade ou mais. Só poderiam aderir ao programa empregados já aposentados pelo INSS que permanecem trabalhando na companhia e os que possuíam tempo e idade para se aposentar pelo INSS, mas ainda não deram entrada no requerimento da aposentadoria …" cûmé!?
Fonte: http://oglobo.globo.com/economia/plano-de-demissao-da-petrobras-tera-impacto-negativo-de-16-bi-no-1-trimestre-12382595#ixzz30sVZdWGq
Sobre esse artigo aí de cime da FolhaSP, sobre rentismo/keynes…
Hmmmmmmmm, sei: então se deve exisitir essa lei, talvez a 1a. Lei de Keynes, postulando uma constante de proporcionalidade entre e endividamento e investimento do estado…. Tem que mandar prender o Keynes porqie não está funcionando uma vez que não há a menor condição de garantir a trnasformação da dívida tomada em investimento….
Alexandre, obrigado pela apresentação em Goiânia!
Quanto ao comentário sobre commodities, teríamos sido contaminados por uma “nova” variação da doença holandesa, com sintomas típicos: perda de produtividade; aumentos de custo de vida e preço da mão-de-obra; balança fortemente dependente de exportação de commodities, contudo sem necessariamente viver a abundância de recurso externo, a observar nossa conta-petróleo?
"Mesmo tendo recusado o emprego ainda conto como desempregado?"
Você continuou a procurar emprego no período de referência?
Imagino que sim ("porque quero passar para algo melhor."). Então você conta como desempregado.
Como que se pode falar em 'pleno emprego' no brazil quando os gastos com o 'seguro dezemprego' estão em cerca de R$50.000.000.000,00 ?
Fonte: http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2013/12/gastos-com-seguro-desemprego-e-abono-seguem-na-mira-de-mantega.html
São bem conhecidos os movimentos conjunturais da taxa de participação e há importantes evidências de sua correlação Com o nível de atividade econômica. Assim, em períodos de expansão da economia, a taxa de participação tende a se ampliar, amortecendo a queda do desemprego. Na situação oposta, como a atual, a taxa de participação tende a se reduzir, amortecendo a elevação da taxa de desemprego.
Desagregada por sexo e idade, pode-se notar que tais flutuações são particularmente intensas entre os jovens e, em menor medida, entre as mulheres, ou seja, entre os chamados marginalmente inseridos na força de trabalho.
Nesse sentido, há certos segmentos permanentemente inseridos no mercado de trabalho, isto é, que transitam entre as situações de ocupado e desempregado, a depender das vicissitudes econômicas, enquanto outros transitam entre as situações de inativo e ocupado, diante dessas vicissitudes.
Quanto à renda dos ocupados, há certos elementos que nem sempre são considerados. Note-se que se trata da média dos rendimentos dos ocupados, de modo que a comparação temporal não deve desconsiderar possíveis mudanças na composição do emprego. Por exemplo, num determinado período de baixo dinamismo econômico, é de se esperar que haja diminuição do emprego em ocupações menos qualificadas e com menor remuneração, o que significa dizer que o rendimento médio dos que mantiveram seus empregos deve se elevar frente a situação anterior.
Em síntese, a análise dos resultados das pesquisas de mercado de trabalho não são triviais, pois diferentes segmentos do mercado de trabalho respondem ou sofrem de distintas maneiras as mudanças da conjuntura econômica.
Sei não… a taxa de participação alcançou em março 55,9%. Digamos que ela retornasse à média (57%) em dezembro/2014. Com a PIA crescendo 1% ao ano, isso representaria um acréscimo de 600 mil pessoas à PEA, variação de 1,7% a.a. (em dez/14 contra dez/13). Estaríamos falando de uma retomada da procura por emprego.
E veja só, ficando o emprego estagnado (dada a conjuntura atual), teríamos uma taxa de desemprego de 6% no fim do ano, a maior para o mês de dezembro desde 2009.
Minha impressão é que a PEA e a População Ocupada vão ficar estagnadas até o ajuste de 2015.
Em relação ao custo de seguro desemprego de R$ 50!bilhões em um ano ele representaria algo em torno de 4 milhões a 4,5 milhões, considerando que dentro desse total temos cerca de 30% de fraude, referente pessoas que arrumam emprego logo em seguida e pedem para não serem registradas, então teríamos cerca de 2,8 MM a 3,2 MM de real desempregados que utilizam o seguro desemprego, isso da 3% da PIA. Então abaixo dos 5% do IBGE.
Sr. Alexandre,
Alguns dos seus textos são como os bíblicos, passíveis de várias interpretações. O mistério começa com: “a meia-vida é de um trimestre. A volta é, portanto, rápida.”.
Supondo que o senhor usou um modelo exponencial (baseado no conceito de meia- vida), matematicamente a volta demoraria em média uma eternidade e, por isso, acho, a sua resposta qualitativa: “é rápida”.
Mas rápido quanto? A PG é 50%, 25%, 12.5% e 6.25%. Podemos considerar um erro de 6% aceitável. Isso daria 1 ano. Certo?
O tempo calculado acima corresponde a 1/4 do processo de flutuação (de um dos extremos para a média). Supondo o mesmo tempo para as outras 3 fases, temos um período médio de 4 anos.
Mais aí o senhor afirma: “Estas flutuações (…) se anulam de um trimestre para outro.”.
“Se anulam de trimestre para outro” corresponde a um período de 0.5 anos. Certo?
Um texto, duas interpretações … difícil para os fiéis ignorantes em economia, não?
Abs,
O Poeta