Atuação que preocupa. Coluna Mário Marinho

Atuação que preocupa

COLUNA MÁRIO MARINHO

A derrota do Palmeiras para o boliviano Jorge Wilstermann na noite desta quarta-feira adiou a classificação para a próxima fase da Libertadores.

Mas não é isso que preocupa os palmeirenses. Afinal, a vaga está a apenas um ponto de distância e pode ser conquistada, com facilidade, no próximo dia 24, contra o Tucumán, no Allianz Parque.

Mesmo com a derrota, o Verdão segue líder com 10 pontos ganhos e o seu próximo adversário, o argentino Tucumán, é aguerrido, lutador, mas está em terceiro lugar na classificação e participa pela primeira vez da Libertadores.

Vê-se, portanto, que a classificação está bem perto.

O que preocupa é a oscilação que o Palmeiras vem apresentando em seus jogos.

Contra o Tucumán entrará em campo aquele time vibrante, criativo, eficiente que venceu de virada o Peñarol? Ou o apático e confuso time que perdeu para o fraco Jorge Wilstermann?

Com todos os méritos, o Verdão foi campeão brasileiro do ano passado.

E não dormiu em cima dos louros conquistados.

Entrou 2017 com contratações importantes, fazendo de seu elenco o mais rico, financeira e tecnicamente, do Brasil e de seu time o maior favorito para conquistar, de cara, a primeira competição: o Paulistão.

Deu no que deu: acabou desclassificado pela Ponte Preta.

Num hipotético ranking de favoritos para conquistar a Libertadores, figura, sem dúvida alguma, o Palmeiras ao lado, ou até mesmo com ligeira vantagem, do Cruzeiro, do Atlético Mineiro, do Grêmio, do Flamengo para ficar apenas nos brasileiros que lideram seus grupos.

O que fica claro é que o técnico Eduardo Batista não conseguiu ainda dar um padrão ao seu time. Se as estrelas brilham, o time vence e vence bem; mas, se elas se ofuscam, desvanece também o futebol.

E isso é preocupante.

Dinheiro
na mão

Diz a canção de Paulinho da Viola que “dinheiro na mão é vendaval”.

E tem razão: desaparece com facilidade.

Os times brasileiros fecharam o ano de 2016 com receitas recordes. Foi muito dinheiro.

Confira alguns números:

Clube             arrecadação em 2015           em 2016

Flamengo             355,6 milhões                  510 milhões
Corinthians         298,4                                 485,4
Palmeiras             351,4                                  468,6
São Paulo             330,8                                 393,3
Grêmio                  192,5                                  330,3
Santos                   169,9                                  295,8
Fluminense          180,3                                  293,1
Internacional      297,1                                   292,6
Cruzeiro                363,8                                  238,3

Estes são os 10 primeiros colocados num ranking publicado pelo Estadão de hoje, numa reportagem de Almir Leite baseada em estudos do consultor Pedro Daniel, da Sports Management.

Reparem que só o Cruzeiro teve sua arrecadação diminuída.

E a que se deve tanto dinheiro?

É que no ano passado, os clubes receberam luvas da renovação de contratos com a televisão para o período 2019-2024.

Ou seja: foi dinheiro pontual.

Alguns clubes fizeram bom uso do dinheiro e pagaram dívidas, diminuíram empréstimos livrando-se de juros altíssimos.

Quem não aplicou bem o dinheiro, viu sua grana sendo levada pelo vendaval.

Nova chuva de granas da TV só em 2024.

Quem sobreviverá?

Gols da 4ª feira

https://youtu.be/x1JOwpjYr1g

O poeta
Da Vila

noel, por Amarildo
(Noel, por Amarildo)

No dia 11 de dezembro de 1910 nasceu na Vila Isabel o menino que se chamaria Noel de Medeiros Rosa. Nasceu de parto complicado, sendo necessário o uso de fórceps que acabou ferindo-lhe a boca.

O ferimento, além de comprometer a estética, tornou sua mastigação quase o suplício. Por causa disso, o poeta pouco se alimentava e nunca na presença de outras pessoas.

Em 1929, portanto aos 19 anos, compôs seu primeiro grande sucesso: “Com que roupa?”

Conta a história que essa música nasceu com um fato bizarro: preocupada com a saúde frágil do filho, seu mãe escondeu suas roupas para que ele não saísse em uma determinada noite de frio.

Seu companheiro daquela noitada que não aconteceu, o chamou da rua. Noel abriu a janela e perguntou: “Com que roupa? Com que roupa eu vou?”

Noel morreu no dia 4 de maio de 1937.

Trinta anos depois da morte dele, portanto em 1967, eu escrevi imensa matéria percorrendo os caminhos cruzados por Noel Rosa em Belo Horizonte.

Vida noturna, bebida, pouca alimentação acabaram na tuberculose. Em 1935, já com a doença, que era fatal naquela época bastante, avançada Noel foi morar em Belo Horizonte cujo clima, ameno e puro, poderia ajudar-lhe na recuperação.

Lá em BH, levou o mesmo ritmo de vida do Rio de Janeiro.

Foi visto muitas vezes em plena madrugada atravessando o viaduto Santa Tereza com violão e amigos em plena serenata.

Madrugada naquela época, em Belo Horizonte, não chegava possivelmente à meia noite.

O clima – e até o próprio Noel – não levou à recuperação desejada. E pouco depois ele morria.

Anos depois daquela minha reportagem publicada na edição Mineira da Última Hora, então dirigida pelo jornalista Demóstenes Romano, recebi um telefonema do jornalista carioca João Máximo, então no Jornal do Brasil.

João Máximo me comunicou que minha reportagem o ajudara na biografia de Noel Rosa que ele estava escrevendo unto do jornalista João Máximo e Carlos Didier.

Fiquei feliz por participar da história do Poeta Da vila, autor de com que roupa que Você ouve abaixo:

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

4 thoughts on “Atuação que preocupa. Coluna Mário Marinho

  1. Mario, saudações,
    gostei da sua dissertação sobre o Palmeiras, embora ocupe o primeiro lugar na sua chave, o verdão não está inspirando muita confiança na torcida. Já ouvi e li sobre o assunto e tenho cá, comigo, uma suspeita sobre a queda repentina de alguns elementos, não sei se vc concorda. Salários. O vultuoso salário dos novos contratados que, sem se destacarem dos demais, causam uma certa ciumeira nos já consagrados, (não sei se há muita diferença) e outra possível causa, (essa é a mais provável), é o assédio constante de olheiros e representantes de clubes europeus em busca de novos craques, aconselhando sempre a tomarem cuidados em divididas, não se lesionarem com muita facilidades, inibindo o elemento visado a ousadia costumeira que o elevou a uma posição de destaque no clube que joga. Um bom exemplo é o Chê-chê.
    Modesto

  2. Caro Modesto,
    Eu acredito que todas as circunstâncias citadas por Você fazem parte da vida atual do Palmeiras. Aliás, de todo clube grande no Brasil.
    Há um outro motivo também: a falta de vivência, de liderança e até de cintura do técnico para comandar equipes com essas diferenças, onde podem e devem ser incluídos também o ciúme, a arrogância de um jogador que se acha melhor d que os outros e chuta uma garrafa dágua (ou copo, não sei) ao ser substituído, mostrando sua insubordinação para o comando. Parece que os dirigentes palmeirenses identificaram esse último problema – falta de comando, liderança – como o principal fator e o resultado foi a demissão do técnico Eduardo Batista. Ao que tudo indica, Cuca estará de volta. Isso equivale a Você trocar o seu Gol 1.0, ainda que com pouco uso, por um Mercedes.

  3. Como é’ que vc põe o time do Barro Preto entre os favoritos a um título que ele não costuma mais disputar??????
    Saudações alvinegras.
    Grande abraço,
    Surman

  4. O jornalista Gilberto Mansur (Surman) está coberto de razão: coloquei o Cruzeiro entre os times que disputam a Libertadores. Na verdade, o time do Barro Preto, bairro tradicional de Belo Horizonte, está disputando a Copa do Brasil. Na semana passada ganhou da Chapecoense, no Mineirão, por 1 a 0. O jogo de volta, válido pelas oitavas de final, será no dia 1º de junho.
    Agradeço ao Mansur a imagem enviada. Como aqui não cabem fotos, vou publicá-la em minha página no FaceBook.

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