Greve geral, bocas abrindo, leis sendo impostas. Maio chegando, na mira
Não há como negar, a data da greve geral – ela vai funcionar, apesar de alguns acharem que não, o transporte coletivo vai parar, mesmo quem quiser ir ao trabalho, não vai conseguir – 28, sexta-feira, vésperas do feriado de 1° de Maio, é um golpe de mestre, vai virar um feriadão, se não chover, haja lugar no litoral.
Toda greve geral tem suas ironias, se a imprensa aderir, no dia seguinte não haverá a repercussão…
Puxa, até o momento do fechamento deste, ninguém pôs hífen da greve geral…
“Se não chover” lembrou-me de um fato: em 1976, em plena ditadura, foi declarada uma greve geral, era proibido na época. Eu era repórter fotográfico do Estadão. Era um tempo em que jornalismo era feito nas ruas, não nas redações, por telefone, como hoje em dia. O jornal, desde a madrugada, espalhou duplas de repórteres de texto e foto pela cidade toda e adjacências, coube-me Ferraz de Vasconcelos.
Aconteceu que São Pedro resolveu botar água na fervura e despencou um dilúvio sobre seu santo colega São Paulo, foi alagamento pra tudo quanto é lado. Então, nós, que iríamos cobrir uma greve, acabamos por fazer uma das melhores coberturas de enchente já publicadas pela imprensa. Alguém há de dizer que foi sorte, mas, se foi, tratou-se daquela que ajuda os competentes, os que pautaram a cobertura da greve, por ela estávamos nas ruas, só mudamos o alvo.
(CACALO KFOURI)
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