Notícias da semana. Por José Paulo Cavalcanti Filho
NOTÍCIAS DA SEMANA
Por José Paulo Cavalcanti Filho
…Provérbio latino ensinava que Ex digito gigas. Pelo dedo (se conhece) o gigante…
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MULHERES DA ARÁBIA. Domingo, a Arábia Saudita foi eleita para a Comissão de Direitos das Mulheres (na ONU). É algo estranho. Segundo a legislação do país, apenas com supervisão de um guardião (wali) do sexo masculino mulheres podem estudar, casar, divorciar, trabalhar, abrir contas em banco, se internar em hospitais ou viajar (nesse caso, se tiverem menos de 45 anos). Nenhuma dirige automóvel. E a Assembleia Consultiva (Shura) concorda. Porque, atrás do volante, estariam expostas ao mal. Em algumas regiões, ainda são obrigadas a cobrir o rosto. A partir de 2015, passaram a poder votar e ser candidatas (em eleições locais). Mas só podem fazer discursos caso se escondam por trás de biombos. Os edifícios públicos têm entradas diferentes, para homens e mulheres. Nas lojas, não podem provar roupas. Compram as peças tentando adivinhar, com os olhos, seus tamanhos. Agora, a Arábia Saudita vai legislar. Na ONU. Sobre os direitos da mulher. Dispensáveis quaisquer comentários sobre essa inconsequência. Seria como falar de forca na casa de um enforcado.
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JERRY ADRIANI. Fim de missa da mulher de um famoso cantor das Emoções. Esperando que a multidão se dispersasse, o puseram em uma pequena sala. Para fazer companhia ao viúvo. Depois viriam buscá-los. Foi quando tal cantor, O Cara, deu-lhe as costas, virou-se para um jarro de flores e começou a conversar: “Plantinha querida, vou lhe contar a história de minha vida. Eu nasci em…” Passados 15 minutos Jerry, por sentir não ter o que fazer ali, saiu discretamente. E comentou: Depois, dizem que o doido sou eu. Agora, domingo, saiu da vida. É pena. Vai-se o homem, ficam suas histórias.
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ELEIÇÕES FRANCESAS. O primeiro colocado (23,9%) nas eleições de domingo, Emmanuel Macron, não é filiado a nenhum partido. Foi candidato pelo movimento En Marche. Mesma situação do terceiro (19,2%), Jean-Luc Mélanchon. Candidato pelo também movimento La France Insoumise. A segunda (21,7%), Marine Le Pen, é de partido, o Front National, com só 2 entre 577 Deputados da Assembleia Nacional. O Partido Socialista, até então maior da França, teve só 7% dos votos. Em toda parte, o eleitor quer algo novo. Desencantado com o que conhece, prefere o risco. Será isso bom ou ruim?, é cedo para saber.
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LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE. Foi aprovado quarta, por unanimidade, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, projeto de lei feito para intimidar Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário. Após alterações sensíveis no texto, ainda bem. Autor do Projeto (85/2017), era mesmo de esperar, foi Renan Calheiros. Relator, Roberto Requião. E agradou a muitos réus. Tanto que recebeu entusiástico apoio do ex-presidente Lula – A gente não pode deixar de votar esse projeto. Está explicado. Prefiro as palavras do Senador Cristovam Buarque: Privilegiados brasileiros sempre cometeram abuso de poder. Agora que se começa a chegar a eles, querem uma lei para se proteger. Só faltam colocar, no último artigo, “essa lei entra em vigor no início da operação Lava Jato”. Mais grave é que tudo se passa quando estão em vias de ir, à cadeia, velhos expoentes de uma forma deletéria de fazer política.
Provérbio latino ensinava que Ex digito gigas. Pelo dedo (se conhece) o gigante. Saramago, ao receber o prêmio Cidade de Lisboa (em 1982), lembrou dele. E comentou: Por pequenas coisas se pode adivinhar os homens de bem. E também os ladrões, está implícito.
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José Paulo Cavalcanti Filho – É advogado e um dos maiores conhecedores da obra de Fernando Pessoa. Integrou a Comissão da Verdade.