A imprensa. Quando trabalha, acha. Quando pensa, pergunta direito
A imprensa, quando cumpre seu papel de investigar, de fazer jornalismo de verdade em vez de ficar publicando matérias declaratórias – para isto, não precisa de jornalistas, é mais prático e barato mandar um motoboy com um gravador –, faz higiene pública. O Banco do Brasil, pego pelo jornal com a mão na botija em licitação com cartas marcadas, a famosa concorrência pero no mucha, não teve outro remédio se não anular a marmelada, rios de lágrimas correm em Brasília. Agora, vamos aos autores, falta descobri-los.
Entre as várias inadequações nas comparações feitas entre o que ocorre aqui e no exterior para justificar o aumento de idade para aposentadoria há duas gritantes: esquecem-se de que o europeu, de maneira geral, começa a trabalhar aos 22, 23 anos e os brasileiros aos 14, 15 anos; a saúde pública lá funciona, aqui é um desastre. Eu, por exemplo, gasto metade da minha aposentadoria para pagar seguro-saúde. Minha mulher aposentou-se pelo teto, hoje, ganha a metade por causa das mágicas nos reajustes. Outro detalhe desconsiderado é a dificuldade dos que têm mais de 50 anos para conseguir trabalho. Neste ponto, os jornais poderiam dar uma grande contribuição para o debate informando aos seus leitores quantos jornalistas com essa idade ou pouco mais – e são estes os com mais tarimba – ainda trabalham nas redações.
A bandidagem no Congresso está armando para ficar impune, age em causa própria sem pensar um segundo em algo que não seja a causa própria.
(CACALO KFOURI)
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