Boquiabertos, aturdidos: população e imprensa assistem juntos a um drama
O “rei” Roberto Carlos cantou “detalhes tão pequenos de nós dois” e vendeu milhões; já o herdeiro Marcelo Odebrecht cantou “detalhes tão grandes de nós todos” e mostrou como comprou centenas. E o detalhes – grandes, não deveriam ser chamados assim –, minuciosos, dificilmente não correspondam à verdade, se fossem inventados, o autor seria um forte candidato ao Nobel de Literatura.
E a ex foi atendida, Marcelo Odebrecht fez uma delaçãozona – ela não queria uma “zinha” – e a encrencou até o pescoço, não vai mais dar para fingir que não sabia de nada. E Graça Foster vai de roldão, ele entregou as duas. Lula, então, apesar de fruto do mar, afogou-se de vez. Aliás, dúvida zoológica, também é Jararaca ou crocodilo? Mantega, aquele que ajudou a destruir a economia do país, ao que parece, foi muito competente na arrecadação de grana para campanhas políticas.
O ministro Edson Fachin prestou um grande serviço ao país quando liberou os vídeos das delações, ele sabe como que a Justiça é lenta, escancarou as mutretas, pôs tudo às claras. Os envolvidos podem espernear quanto quiserem, só os muito ingênuos ou cegos vão acreditar nos desmentidos.
A proposta de reforma da Previdência lembra-me da história da família grande que morava em um quarto e sala e foi reclamar para o rabino que a vida estava insuportável daquele jeito. O rabino recomendou que pusessem um bode na sala e assim fizeram. Tempos depois, foram ao rabino de novo e lhe disseram que a situação tinha piorado muito. O rabino, então, disse “tirem o bode da sala”, assim fizeram e ficaram aliviados. Aos poucos, estão tirando vários bodes da reforma, já dá indícios de que pode ficar palatável.
Já a Lista de Fachin vai dar um bode danado para muitos dos incluídos nela, se uns quatro ou cinco escaparem será um milagre.
Parabéns para a jornalista Aline Midlej, GloboNews Edição das !0h. Ao noticiar as delações envolvendo o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes não fez uso dos horríveis “supostamente”, “teria”, disse “recebeu, de acordo com o depoimento de Fulano de Tal, etc.”. É assim que se faz, os delatores afirmam, não supõem. Infelizmente, seus colegas não seguiram o exemplo, em seguida entrou uma repórter com um festival de futuros do pretérito.
Sugestão do Mirando para um presente de Páscoa útil: prendedores de roupa para serem usados no nariz, como defesa do odor da podridão, a já existente e, pelos sinais de fumaça, a que estão armando.
(CACALO KFOURI)
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