Balanços contábeis, notícias esquecidas, e outras inacreditáveis
Já faz uns 15 dias que os jornais vêm publicando páginas e páginas com o balanço contábil de empresas, o que é uma grande fonte de renda para os diários. Mas, tem sentido isso? São informações de interesse mais que restrito, poderiam muito bem fazer parte somente das edições digitais. Sim, a lei obriga que os balanços sejam dados ao público em geral, mas quem lê além dos especialistas, todos com acesso aos meios digitais? É o tipo da benesse às publicações que jamais será objeto de análise da parte delas, uma espécie de pixuleco…
Certas pessoas, quando se fazem de palanqueiros sem ter a característica para isso, ficam simplesmente ridículas. Temer, fugindo de seu perfil discreto, em discurso para defender a “carne brasileira”, elevou o tom da fala – não fez isso nem para defender-se de ataques de adversários – e disse que “a carne brasileira é a melhor do mundo”. Errado, as da Argentina e do Uruguai são muito melhores. E a questão é outra, a carne pode ser boa – e é, só não é a melhor do mundo –, o problema está nos frigoríficos.
Alguns jornais de domingo trazem páginas duplas de publicidade da Emirates, anunciando que usará, no país, o Airbus A380, com configuração para transportar 491 passageiros. Sinceramente, chefia, Deus me livre! Se a operação de embarque – e de desembarque também – de um avião “normal” já leva uns 40 minutos, imagine nesse monstro. Vi a fila de embarque de um deles no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, recentemente, é o evento mais próximo do Inferno a que assisti. E quem paga R$ 57 mil para ir na primeira classe do monstrão – na verdade, R$ 114 mil, quase sempre é um casal – merece mesmo o Inferno.
Absurdo do “possuísmo” visto em legenda em um programa de TV: “O Impala 1959 possui 6 metros de comprimento”… “O prêmio é dado ao carro que possui mais de 85% de originalidade”… O que será que o redator possui no lugar do cérebro?
(CACALO KFOURI)
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Mancada da imprensa
Com exceção d’O Estado de São Paulo, Jornal da USP e um site, os jornais ignoraram a morte no sábado (25) de uma importante figura da cultura brasileira, o maestro Olivier Toni. Entre outras coisas importantes que fez está a criação do Departamento de Música da Escoal de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Publico aqui rápido perfil dele, que copiei da Wikipédia: Aluno de Martin Braunwieser, Hans Joachim Koellreutter e Camargo Guarnieri, e na Faculdade de Filosofia da USP foram seus mestres Florestan Fernandes, Cruz Costa, Gilles Gastón Granger e Otto Klineberg. Atuou como fagotista da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM). Importante articulador da atividade musical em São Paulo, é fundador da Orquestra Sinfônica Jovem Municipal de São Paulo (atual Orquestra Experimental de Repertório), da Orquestra de Câmara da USP (Ocam), da Escola Municipal de Música de São Paulo e ainda, do Departamento de Música da ECA-USP, da qual foi professor desde 1970 e se aposentou como professor titular e emérito. É também o idealizador e diretor artístico do Festival de Música de Prados (desde 1977). Vários de seus alunos ocupam hoje lugar de destaque na música brasileira, tais como Régis Duprat, Gilberto Mendes, Willy Corrêa de Oliveira, Mário Ficarelli, Rodolfo Coelho de Souza, Fabio Mechetti, Eduardo G. Álvarez, André Mehmari, Florivaldo Menezes, Fábio Zanon, Paulo César Chagas, Silvio Ferraz, Rubens Ricciardi, Maurício Dottori, e Cláudio Cruz. Em 2014 o Selo Sesc produziu um CD com obras suas, tanto de câmara quanto orquestrais.