Leda no País das Maravilhas
Leda Paulani reclama
que eu e Samuel Pessôa tentamos desqualificá-la em nossos comentários à sua entrevista ao Valor
Econômico. Absurdo, porque desnecessário. O excesso de adjetivos e a
falta de dados de seu artigo na Folha
cumprem esta tarefa com muito mais zelo que qualquer um de nós poderia imprimir.
que eu e Samuel Pessôa tentamos desqualificá-la em nossos comentários à sua entrevista ao Valor
Econômico. Absurdo, porque desnecessário. O excesso de adjetivos e a
falta de dados de seu artigo na Folha
cumprem esta tarefa com muito mais zelo que qualquer um de nós poderia imprimir.
A questão central,
porém, é outra. Leda, exceção feita ao desequilíbrio das contas externas,
parece acreditar que não havia nenhum problema real com a economia brasileira
nos últimos anos. Afirmar o contrário seria “terrorismo econômico”.
porém, é outra. Leda, exceção feita ao desequilíbrio das contas externas,
parece acreditar que não havia nenhum problema real com a economia brasileira
nos últimos anos. Afirmar o contrário seria “terrorismo econômico”.
Ela, por exemplo, não
demonstra qualquer preocupação com a piora das contas fiscais no Brasil a
partir de 2009, que culminou com um déficit equivalente a 6,7% do PIB. Em outra entrevista questiona se é caso de
se inquietar com uma dívida pública que, na média dos últimos quatro anos,
ficou em 57% do PIB.
demonstra qualquer preocupação com a piora das contas fiscais no Brasil a
partir de 2009, que culminou com um déficit equivalente a 6,7% do PIB. Em outra entrevista questiona se é caso de
se inquietar com uma dívida pública que, na média dos últimos quatro anos,
ficou em 57% do PIB.
Deveria ser óbvio, mas
esta média poderia representar tanto um país cuja dívida se manteve estável,
como outro cuja dívida decresceu no período. No entanto, ela representa, na
verdade, o Brasil, que viu sua dívida saltar de 52% para 62% do PIB entre 2010
e 2015, ritmo que deveria preocupar qualquer economista que conheça um pouco da
nossa história.
esta média poderia representar tanto um país cuja dívida se manteve estável,
como outro cuja dívida decresceu no período. No entanto, ela representa, na
verdade, o Brasil, que viu sua dívida saltar de 52% para 62% do PIB entre 2010
e 2015, ritmo que deveria preocupar qualquer economista que conheça um pouco da
nossa história.
Isto dito, não resta
dúvida que a política econômica adotada no Brasil pelo menos desde 2011 seguiu
muito de perto o receituário dos economistas de esquerda.
dúvida que a política econômica adotada no Brasil pelo menos desde 2011 seguiu
muito de perto o receituário dos economistas de esquerda.
Houve forte expansão
fiscal que, como já mostrei aqui, não resultou de redução de tributos, mas da
elevação dos gastos: em 2014 o governo federal gastou (a preços de hoje) R$ 210
bilhões a mais do que gastara em 2010. Medido como proporção do produto,
trata-se de aumento ao ritmo de 0,7% do PIB por ano, simplesmente o mais rápido
desde o início da série em 1997.
fiscal que, como já mostrei aqui, não resultou de redução de tributos, mas da
elevação dos gastos: em 2014 o governo federal gastou (a preços de hoje) R$ 210
bilhões a mais do que gastara em 2010. Medido como proporção do produto,
trata-se de aumento ao ritmo de 0,7% do PIB por ano, simplesmente o mais rápido
desde o início da série em 1997.
O BC reduziu a Selic
para 7,25% ao ano (pouco menos de 2% ao ano descontada a inflação). Os bancos
públicos, liderados pelo BNDES, aumentaram o volume de crédito, no caso deste
alimentado por recursos públicos, ou seja, pela elevação da dívida do governo.
para 7,25% ao ano (pouco menos de 2% ao ano descontada a inflação). Os bancos
públicos, liderados pelo BNDES, aumentaram o volume de crédito, no caso deste
alimentado por recursos públicos, ou seja, pela elevação da dívida do governo.
Diga-se, aliás, que a
maior parte destes empréstimos serviu como instrumento para um aumento
considerável da intervenção estatal na economia, também na linha defendida por
Leda e demais economistas de esquerda.
maior parte destes empréstimos serviu como instrumento para um aumento
considerável da intervenção estatal na economia, também na linha defendida por
Leda e demais economistas de esquerda.
Por fim, de 2011 a
meados de 2013 houve esforço visível, seja pela compra de dólares, seja por
medidas administrativas, para desvalorizar a moeda.
meados de 2013 houve esforço visível, seja pela compra de dólares, seja por
medidas administrativas, para desvalorizar a moeda.
Este conjunto de
políticas – aumento do gasto, corte do juro, desvalorização da moeda,
intervencionismo – deu com os burros n’água.
políticas – aumento do gasto, corte do juro, desvalorização da moeda,
intervencionismo – deu com os burros n’água.
Não acelerou o
crescimento (pelo contrário, há razões para crer que o intervencionismo ajudou
a reduzir o ritmo de expansão da produtividade).
crescimento (pelo contrário, há razões para crer que o intervencionismo ajudou
a reduzir o ritmo de expansão da produtividade).
Não conseguiu manter a
inflação baixa; apenas inferior ao limite de 6,5% à custa de mais intervenção,
seja nos preços administrados, seja na taxa de câmbio a partir de 2013.
inflação baixa; apenas inferior ao limite de 6,5% à custa de mais intervenção,
seja nos preços administrados, seja na taxa de câmbio a partir de 2013.
Não evitou a piora das
contas externas; ao contrário, a acelerou ao tentar promover o crescimento da
demanda doméstica em uma economia desprovida de qualquer folga de produção.
contas externas; ao contrário, a acelerou ao tentar promover o crescimento da
demanda doméstica em uma economia desprovida de qualquer folga de produção.
Apesar disto, Leda e seus
colegas acreditam que estávamos no País das Maravilhas. A mudança recente de
política econômica revela, porém, que nem a presidente consegue mais confiar no
Chapeleiro Maluco. Passa, e muito, da hora de acordarem do sonho.
colegas acreditam que estávamos no País das Maravilhas. A mudança recente de
política econômica revela, porém, que nem a presidente consegue mais confiar no
Chapeleiro Maluco. Passa, e muito, da hora de acordarem do sonho.
The dream is over |
(Publicado 20/Mai/2015)
Na mosca, como sempre! Mas acredito que o Levy não dura muito e, quando isso ocorrer e o governo retomar a sua antiga agenda, dólar a R$ 4 será piso!
70 anos de cepalismo, unicampismo e desenvolvimentismo e os caras ainda acreditam que isso funciona. Segundo estes Jênios, o desenvolvimentismo ainda não engrenou porque foi pouco aplicado. Precisam aumentar a dose!…
Não são economistas estes senhores. São feiticeiros.
"Não são economistas estes senhores. São feiticeiros."
Alquimista social é uma definição melhor.
A política populista foi um sucesso, não para o Brasil, mas sim para o PT, seus militantes e seu plano de poder, afinal estão há 12 anos no poder e acabaram de ser reeleitos. A expansão fiscal ajudou as campanhas da PTzada (3% dos contratos da PTrobras e BNDES é muito din-din para reeleição e encher os cofres dos camaradas), os juros baixos ajudaram a conquistar os consumidores que se sentiram mais endinheirados, e assim estão no quarto mandato. Já aparelharam o Judiciário, compraram o Legislativo (que as vezes quer se rebelar para valorizar seu passe)… vamos ver onde vai parar esta bagunça, mas que a politica econômica foi errada é óbvio, especialmente para as pessoas responsáveis, que trabalham, geram riqueza e sonham com um Brasil melhor.
Essa sra demorou 20anos para terminar o doutorado… francamente…
Brilhante!
Brados
Martins
“Qual é o problema de um país como o Brasil, pobre ainda, tentando se constituir como nação, fazer um déficit de 6,7% do PIB?” (entrevista Valor, 23/04/2015)
“Por viver em pais que ainda não se construiu como nação, penso que não há razão que justifique o nível atual da taxa de juros (Raciocinarão ideológica, FSP, 13/05/2015 )
Infelizmente para a maioria esmagadora e esmagada da população, o país de Alexandre e seus pares tem triunfado e tripudiado, minando os esforços, mesmo mínimos, de engendrar uma nação. (Alexandre e o país das finanças, 26/05/2015)
O que é recorrente nessas passagens? A antiga e problemática ideia, cuja origem remonta aos nossos anos 70 do século XIX, de que o Brasil ainda não se efetivou como uma verdadeira nação.
Leda Paulani é o intelectual orgânico, que sabe como e para onde o Brasil necessariamente tem de ir. Ela é a voz da “maioria esmagadora e esmagada da população” que não tem voz.
Na imaginação desses autoproclamados demiurgos (*) da nação, Alex e comparsas, os militantes terroristas da economia, seriam a personificação do mal que “tem triunfado e tripudiado, minando os esforços, mesmo mínimos, de engendrar uma nação”.
(*) Demiurgo (gr. demiourgos: aquele que trabalha para o povo) No pensamento grego, particularmente de Platão, o demiurgo é um *deus ou o princípio organizador do universo, que trabalha a matéria (o caos) para dar-lhe uma forma. Ele não a cria, apenas a modela contemplando o mundo das idéias. (http://dutracarlito.com/dicionario_de_filosofia_japiassu.pdf)
muito bom o artigo.
Charles.
Uma nação se constrói com muita educação, trabalho e ideais/sonhos. Se o O-Tal-do-Pre-Sal tivesse deslanchado teríamos como investir mais na educação, infelizmente o governo fez o que fez e obrigou uma empresa (agora falida) a ser parceiro em tudo. Quando baixarmos o custo do trabalhador (desoneração da folha) e focarmos na eficiência, poderemos então aumentar os salários de forma sustentável. Quando tivermos pessoas com vergonha na cara em posições de liderança, poderemos voltar a sonhar com um futuro promissor… Até então recursos preciosos ficarão no mensalão, petrolão, BNDesão, Fifão, Valecão…
Nossa, tenho pena dos comentários que andam rolando. Tudo bem que a Paulaner é osso duro de roer, mas vamo pegar leve nas asneiras…
Bom artigo brô!
Acho que vale mais uma resposta. Só pra continuar cortando enquanto ela levantar.
Abs
Economista X
Um viva para o nosso Pibão!
Assustador! Ainda tem imbecis que defendem a política econômica que nem a Anta mais acredita. Se até a Dilma entendeu que não funciona, qualquer um consegue entender o mesmo…
na lata