Um espetáculo chamado futebol. Coluna Mário Marinho
Um espetáculo chamado futebol
Coluna Mário Marinho
Pode-se chamar também de a incrível arte de transformar em possível aquilo que o mundo julga impossível.
Entra, assim, pela porta de glórias do futebol a façanha do Barcelona em vencer o Paris Saint Germain por 6 a 1 e se classificar na Liga dos Campeões.
Quando levou a histórica goleada, 4 a 0, no primeiro jogo, em Paris, o Barcelona parecia ter ao seu lado, apenas a fé dos mais fanáticos torcedores.
Para o resto do mundo a virada parecia impossível.
O Camp Nou, nesta quarta-feira, 08-03-2017, teve sua lotação totalmente tomada na pelos crédulos e fieis culés, como eram chamados os barcelonistas do começo do século passado.
A virada começou aos 3 minutos de jogo quando o incansável Suárez marcou de cabeça.
Aos 42 minutos de muita pressão ainda no primeiro tempo, o francês Kurzawa marcou contra e deu contornos mais realísticos à possibilidade da virada.
No comecinho do segundo tempo, 5 minutos, Messi marcou de pênalti. Os 3 a 0 já foram comemorados como se fosse a própria virada.
Continuando o domínio que exerceu durante todo o primeiro tempo, o Barcelona se descuidou um segundo de sua defesa e tomou o gol de Cavani, aos 17 minutos, saudado como a redenção pelo time francês e sentido como um balde de gelo pela torcida espanhola.
Mas ainda havia muito tempo.
Com Neymar jogando muito e Messi jogando apenas pelo gasto, o Barcelona foi implacável na pressão.
Mas, aos 42 minutos, quando parecia realmente impossível a possibilidade de 3 gols, Neymar cobrou falta com absoluta perfeição e marcou o quarto gol.
Faltavam apenas dois.
Protagonista do jogo, Neymar sofreu discutível pênalti aos 46 minutos que ele mesmo converteu: Barcelona 5 a 1.
Só faltava um.
Aos 49 (o juiz deu cinco minutos de acréscimo), Neymar cruzou na medida para Sergi Roberto fazer o gol da virada: 6 a 1 garantir a classificação garantida.
Loucura dentro e fora do gramado, dentro e fora da Catalunha, dentro e fora da Espanha e, talvez, do Mundo.
Veja algumas manchetes:
Sport – Apoteósico!!!!!E! – Além de Apoteótico, o jornal da Catalunha diz que a melhor geração do Barcelona “ganha a partida de sua via”
Olé – Milagroso! – O jornal da Argentina define os momentos finais do jogo como “10 minutos de loucura!”
Mundo Deportivo – El Barça firma sua proeza más maravilhosa! – O jornal de Barcelona considera que o time realizou a maior proeza de sua vida.
Marca – Remontada para la história – O jornal de Madri destaca que a virada entra para a história.
L’Equipe – Un Naufrage Historique – O grande jornal francês lamenta o naufrágio histórico.
El País – Apoteósica remuntada del Barça devent del PSG – O jornal de Madri remete o feito relembrando a consagração dos deuses gregos e romanos.
Veja os melhores momentos:
https://youtu.be/gA3VuVQMLBs
Outro espetáculo
também chamado futebol
Aconteceu no Brasil, mais precisamente em São Paulo, no ano de 1958.
Na noite chuvosa de quarta-feira, 6 de março de 1958, o Santos, que tinha um garoto chamado Pelé, venceu o Palmeiras, de Mazzola, por 7 a 6.
Foram 13 gols que deixaram tontos os mais de 40 mil torcedores que lotaram o Pacaembu.
Um detalhe: aquele jogo não valia taça nem classificação, já que o Vasco é que foi o campeão do torneio que se disputava: o Rio-São Paulo.
É possível que a grande motivação para os jogadores teria sido a possibilidade de ser convocado para a Copa do Mundo de 1958. A convocação sairia dentro de pouco tempo.
Eis a escalação dos dois times:
Santos: Manga; Hélvio e Dalmo; Fioti, Ramiro (Urubatão) e Zito; Dorval, Jair, Pagão (Afonsinho), Pelé e Pepe. Técnico: Lula.
Palmeiras: Edgar (Vitor), Edson e Dema; Waldemar Carabina, Valdemar Fiúme e Formiga (Maurinho); Paulinho, Nardo (Caraballo), Mazzolla, Ivan e Urias. Técnico: Oswaldo Brandão.
O ponta esquerda Urias fez 1 a 0 aos 18 minutos.
O crioulinho Pelé, de 17 anos, empatou aos 21.
Pagão colocou o Santos na frente aos 25.
Nardo empatou aos 26.
Porém, aos 32, Dorval desempatou.
Pepe aos 38 e Pagão aos 46 minutos fizeram Santos 4 a 1, placar do primeiro tempo.
Incentivado por sua torcida, o Palmeiras reagiu no segundo tempo com gols Paulinho, aos 16; Mazola aos 19 e aos 27. Urias marcou aos 34 e colocou o Palmeiras na frente: 6 a 5.
Parecia liquidada a fatura. Puro engano.
Pepe, o Canhão da Vila, aos 38 e aos 41 fechou o placar em Santos 7 x Palmeiras 6.
Até hoje, o ponta esquerda Pepe garante que esse foi o jogo mais emocionante do futebol brasileiro.
E com razão. Criaram-se até lendas sobre o jogo. Uma delas, dizia que cinco torcedores não aguentaram a emoção e morreram em pleno Pacaembu.
Veja as imagens:
As mais
espetaculares lendas
Já que falamos em lendas, a On Line Editora acaba de lançar a revista Lendas do Esporte Mundial Futebol.
Nesta publicação estão os 160 maiores ídolos do futebol mundial que alcançara o patamar da lenda.
Lá estão também os 12 técnicos mais vencedores do mundo.
Uma publicação para que ama o futebol, para quem quer pesquisar futebol – leitura para quem não vive sem o futebol.
A obra leva a assinatura dos jornalistas Silvio Natacci e Mário Marinho.
Já. Nas bancas e nas melhores livrarias.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)