Corinthians, o time mais odiado. Será? Coluna Mário Marinho
Corinthians, o time mais odiado. Será?
COLUNA MÁRIO MARINHO
Você, com toda certeza, já viu, ouviu e ou leu notícias sobre pesquisas de torcidas dos times de futebol do Brasil.
As duas maiores torcidas são do Flamengo e do Corinthians. Isso não se discute.
Mas, e qual será o time mais odiado?
O Instituto Paraná Pesquisas ouviu pessoalmente 4.066 pessoas com mais de 16 anos, em 214 municípios de 24 estados e fez as duas perguntas: para qual time Você torce? Qual o time Você mais odeia?
Eis os mais os mais odiados:
1 – Corinthians, 14,6%
2 – Flamengo, 8,6
3 – Vasco, 5,9
4 – Palmeiras, 5,3
5 – São Paulo, 3,2
6 – Atlético MG, 1,9
7 – Internacional, 2,6
8 – Cruzeiro, 1,6
9 – Grêmio, 1,4
Em outra pesquisa mais ampliada e que durou de março a dezembro de 2016, o Instituto Paraná apontou os times com maior torcida do Brasil :
Paraná Pesquisas / Brasil 2016
Período: março a dezembro de 2016
Público: 10.500 (em 288 municípios de 25 estados)
Margem de erro: 1,0%
População estimada (IBGE/2016): 206.081.432
1º) Flamengo – 16,2% (33.385.191)
2º) Corinthians – 13,7% (28.233.156)
3º) São Paulo – 7,4% (15.250.025)
4º) Palmeiras – 5,8% (11.952.723)
5º) Vasco – 4,6% (9.479.745)
6º) Cruzeiro – 4,0% (8.243.257)
7º) Grêmio – 3,5% (7.212.850)
8º) Santos – 3,1% (6.388.524)
9º) Atlético-MG – 2,8% (5.770.280)
10º) Inter – 2,7% (5.564.198)
11º) Bahia – 2,0% (4.121.628)
12º) Botafogo – 1,7% (3.503.384)
13º) Fluminense – 1,6% (3.297.302)
14º) Sport – 1,3% (2.679.058)
15º) Ceará – 1,1% (2.266.895)
16º) Atlético-PR – 0,8% (1.648.651)
16º) Fortaleza – 0,8% (1.648.651)
16º) Vitória – 0,8% (1.648.651)
19º) Coritiba – 0,7% (1.442.570)
19º) Santa Cruz – 0,7% (1.442.570)
21º) Remo* – 0,6% (1.268.013)
22º) Náutico* – 0,4% (853.739)
23º) Paysandu* – 0,3% (734.112)
24º) Goiás* – 0,2% (567.269)
24º) Vila Nova* – 0,2% (567.269)
26º) Figueirense* – 0,2% (412.156)
27º) Paraná* – 0,1% (294.397)
27º) Avaí* – 0,1% (264.957)
29º) Chapecoense* – 0,1% (235.518)
29º) Joinville* – 0,1% (235.518)
Outros times* – 5,1% (10.510.153)
Sem clube – 19,5% (40.185.879)
É interessante ressaltar que existem no Brasil mais de 40 milhões de pessoas que não ligam para o futebol. É um imenso público a ser conquistado.
Ouvido pela coluna, o consagrado jornalista Carlos Brickmann, que ostenta em seu currículo de vida o privilégio de ter visto em campo Gilmar (ou Cabeção), Homero e Olavo; Idário, Goiano e Roberto; e o ataque dos Cem Gols, Cláudio, Luisinho, Baltazar, Carbone e Simão, deu sua opinião sobre suposto ódio ao Corinthians:
– A pesquisa deve estar certa. A questão é que, no mundo, só existem dois times: o Corinthians e o anti-Corinthians. Quem não foi agraciado pelo divino dom de torcer pelo Corinthians é relegado à condição de anticorinthiano. Os anticorinthianos, para permitir a realização de mais jogos, se dividiram em seitas (Luverdense, Real Madrid, Palmeiras, Chelsea, Ibis, Bahia, Benfica, Barcelona, Fenerbahce, ASA de Arapiraca, Guarani de Bagé e outros espalhados pelo mundo). Esses times e suas torcidas só existem em função do Corinthians. E, amargurados por não conseguirem se juntar ao Bando de Loucos, acabaram por detestar o que não puderam alcançar. Como em tudo, o número de quem não chega supera largamente o de quem chega.
Note-se que o torcedor do ASA de Arapiraca não nutre qualquer sentimento especial pelo, digamos, Palmeiras. Ele sabe que, no fundo, Palmeiras e ASA são o mesmo time, com algumas diferenças cosméticas. O rival é sempre o Corinthians. Que fazer?
Preguinho,
O multi atleta
Não existe torcedor que amou mais o Fluminense que Preguinho. Defendeu o tricolor carioca durante 13 anos de 1925 a 1938. Jamais aceitou ganhar um centavo sequer do seu amado time.
Porém, fez mais: foi atleta em sete modalidades diferentes. Veja o perfil de preguinho, a seguir. O texto abaixo faz parte do livro “Heróis do Brasil”, deste colunista, que ainda se encontra inédito.
Preguinho – João Coelho Neto (*Rio de Janeiro-RJ, 08/02/1905 +Rio de Janeiro – RJ, 01/10/1979)
Posição – Atacante
Jogos – 5 (4 vitórias, 1 derrota, 7 gols)
Copas disputadas – 1930
Títulos pela Seleção – Nenhum
Clubes em que jogou – Fluminense-RJ, 1925 a 1938.
Preguinho tem uma história incrível. Marcou o primeiro gol da Seleção Brasileira em Copas do Mundo (contra a Iugoslávia, na derrota por 2 a 1); depois, marcou mais dois contra a Bolívia, o que fez dele também o primeiro artilheiro brasileiro em Copas do Mundo. Foi, também, o primeiro capitão da Seleção em Copas do Mundo.
Mas a sua grande história foi escrita no Fluminense, seu clube de coração, pelo qual jogou até 1938, sem jamais ganhar um tostão: não admitia receber para defender as cores de seu time.
Além do futebol, defendeu o Fluminense em mais sete modalidades esportivas: vôlei, basquete, pólo aquático, saltos ornamentais, natação, hóquei e atletismo.
Em 1925, depois de nadar a prova dos 600 metros e ajudar o Fluminense a ser tricampeão estadual de natação, foi de táxi até as Laranjeiras e entrou em campo a tempo de conquistar o título de campeão do torneio início. Ganhou para o seu clube 387 medalhas e 55 títulos nas modalidades em que disputou.
É um dos mais amados ídolos do Tricolor carioca, que o homenageou com o título de Grande Benemérito Atleta, o nome de um dos ginásios e um busto na sede. Era filho do escritor Coelho Neto.
No dia 8 de fevereiro passado, completaram se 112 anos de seu nascimento.
As
Mascotes
A primeira mascote do Fluminense foi criada nos anos 40 pelo artista argentino Lorenzo Mollas, a pedido do Jornal dos Sports.
Refletindo o que era a torcida do Flu na época, o artista argentino criou o “Cartola”, um rico e esnobe torcedor vestido de fraque e cartola, ostentando elegante piteira como era moda entre os ricos daquela época.
Nos últimos anos, porém, torcedores e dirigentes do Tricolor comandaram intensa campanha para mudar a mascote.
Entenderam eles – e com razão – que o “Cartola”, além de ser pejorativo (quem gosta de um cartola no futebol?) traz imagem negativa para o clube exatamente por sua pose esnobe, nariz empinado.
Assim, foi criado o “Guerreirinho”.
Segundo os historiadores do Fluminense, o time traz em sua história tradição de luta, de guerreiro. Lembram, por exemplo, a história do ponta direita Mano (que se chamava Emmanuel Coelho Neto e era o irmão mais velho de Preguinho) que se recusou a sair de campo, mesmo contundido. Por causa disso, a contusão se agravou, transformou-se em infecção generalizada que veio a matá-lo dias depois, aos 24 anos de idade.
Outra história sempre lembrada é a do goleiro Castilho que mandou amputar um dos dedos da mão para acelerar sua recuperação e volta a defender o seu time do coração.
Resta saber se o Guerreirinho moderno baterá o sofisticado e histórico Cartola.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Mario, sou suspeito , mas obrigado a endossar em gênero, número e caso as brilhantes conclusões do “Mano” Carlinhos Brickmann. Eu faço, sim, parte do Bando de Loucos, a ponto de ir ao Japão, em dezembro de 2012, para testemunhar o brilhante feito histórico contra o super-time do Chelsea ! Meio parecido com o último clássico contra o Palmeiras, com a diferença de que não tivemos nenhum jogador expulso ! Entramos “underdogs” e saímos campeões mundiais ! Evoé !