O Holocausto. Coluna Mário Marinho
O Holocausto
COLUNA MÁRIO MARINHO
Em julho de 1981 fui a Israel pela primeira vez.
Na época eu era Editor de Esportes do Jornal da Tarde e minha viagem a Israel foi para a cobertura da Macabíada, uma competição esportiva reunindo atletas de origem judaicas do mundo inteiro.
Foi fascinante conhecer esse país onde a cada quarteirão se tropeça com a história da humanidade.
Em linha reta, o extremo sul de Israel está distante do extremo norte em apenas 450 quilômetros. É uma Via Dutra a separar os extremos.
Com pequenas distâncias, o trabalho jornalístico foi desenvolvido com muita facilidade e ofereceu oportunidades para visita às páginas históricas.
Uma delas, talvez a mais impressionante, foi a visita ao museu de Yad Vashen, em Jerusalém, dedicado a preservar a história dos mártires e heróis do Holocausto.
Ele foi criado em 1953, portanto cinco anos depois de a ONU reconhecer o estado de Israel. A origem do Nome é um versículo bíblico: “E a eles darei a minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome (Yad Vashem) que não será arrancado.” (Isaías 56:5).
O museu está localizado no sopé do Monte Herzl, no Monte da Recordação, e é um complexo que ocupara uma área de cerca de 180 mil metros quadrados. Está dividido em vários memoriais como o Memorial da Criança, a Sala da Memória, o Museu de Arte, etc. Os não judeus que salvaram judeus durante o Holocausto são homenageados no “Jardim dos Justos”.
Entra-se na área do Yad Vashen por alamedas arborizadas. Muitas destas árvores foram plantadas em homenagem a esses heróis, fazendo parte do Jardim dos Justos.
Em toda a sua área externa, existem diversas esculturas.
Uma delas é a ‘Torá’, Memorial às Vítimas dos Campos de Concentração e de Extermínio Nandor Glid (1924-1997), escultura de bronze, de Marcelle Elfenbein Swergold e que está no alto desta coluna. Ela simboliza corpos e partes de corpos amontoados, jogados como foram encontrados ao final da guerra.
Os corpos, quando têm rosto, são com expressões desfiguradas pelo horror e a dor pelo qual passaram.
A escultura que mais me impressionou foi esta:
Seu nome: O Grito Silencioso.
Representa uma mulher em desespero com o rosto entre as mãos. O detalhe mais impressionante é que o rosto, na verdade, é uma grande boca escancarada num terrível grito sem som.
É o desespero de uma mãe que vê o filho sendo aniquilado pelo ódio nazista.
O grito é silencioso. Mas quem vê essa escultura, ouve o som desesperado e angustiante do grito.
Não esquece jamais.
A visita ao museu é como uma pancada a cada quadro, a cada cena, a cada sala, a cada objeto, roupas, sapatos, óculos, documentos que as vítimas deixarão ou que lhe foram arrancados.
As fotos são impressionantes.
Ao sair do museu, são necessários alguns instantes para que se recupere o fôlego, a fala.
E a pergunta que não sai da cabeça de ninguém: como isso pôde acontecer?
Onde estava a humanidade?
Esta coluna é uma homenagem ao Dia Internacional da Memória do Holocausto celebrado no último dia 27 de janeiro.
É preciso lembrar sempre – para jamais esquecer.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)
Que bela reportagem sobre Israel & afins.
Abraços,
Mauricio Kubrusly
O Marinho é impressionante, Maurício. Matéria que ele toca vira essa maravilha!
Olá Mario Marinho !
Tudo na Santa paz de Deus ?
Que foi um horror o Holocausto , ninguém discute nem explica tanta maldade e desumanidade , mas vc pergunta onde estava a humanidade e creio que ainda não temos a resposta ideal . Tenho me sentido profundamente triste com a maldade humana , com o desrespeito á vida alheia , com tanta violência onde se mata por nada . Acho que vivemos , aqui no Brasil um eterno HOLOCAUSTO , em menor dimensão , mas constante .
Beijos !
Meu sincero reconhecimento e respeito ao Jornalista Mario Marinho, pela magnífica coluna O Holocausto do Chumbo Grosso de 30 de Janeiro! Texto honesto, claro, muito bem redigido! Parabéns!