Brendon

Gato derruba o Paulista na Copinha. Coluna Mário Marinho

Gato derruba o Paulista na Copinha

COLUNA MÁRIO MARINHO

Esse negócio de idade é realmente um problema sério.

Algumas pessoas gostam de esconder a idade apenas e tão somente por vaidade.

As mulheres são sempre acusadas de esconder a idade.

Tive um caso assim na família. Minha falecida avó não contava a idade para ninguém. E se alguém perguntava a sua idade, ela não amaciava:

– O que Você tem com isso?

Ela morreu com presumíveis e inconfessáveis 102 anos de idade. Absolutamente lúcida.

No futebol, essa prática, não se sabe bem por que, ganhou o apelido de Gato.

O Gato é aquele jogador que diminui a idade para jogar por mais tempo nas categorias de base, principalmente no sub 20, que reúne jogadores com até 20 anos de idade.

Aqui em São Paulo disputa-se a Copa São Paulo para jogadores até 20 anos.

Pois eis que descobre-se agora, às vésperas da final, um caso de gato.

Trata-se do zagueiro Brendon Matheus Araújo Lima dos Santos, do time do Paulista, da cidade de Jundiaí, que tem 22 anos de idade e não os 19 declarados com os quais ele foi inscrito na competição pelo seu time.

A denúncia foi feita pelo presidente do Batatais que disputou, no domingo, a vaga para a final com o Paulista. Veja bem: a denúncia foi feita no sábado, portanto, antes do jogo.

Os dirigentes do Paulista ouviram o jogador que, na maior cara de pau e sem pestanejar, confirmou seus 19 anos e jurou que estava tudo certo.

Assim sendo, ele foi escalado para o jogo em que o Paulista venceu o Batatais por 5 a 1 e se classificou para enfrentar o Corinthians nesta quarta-feira, dia 25, aniversário da cidade de São Paulo.

Mas, a Federação Paulista de Futebol alertada, correu atrás da documentação e confirmou: havia gato no pedaço.O zagueiro Brendon não se chama Brendon Matheus Araújo Lima dos Santos mas, sim, Helton Matheus Cardoso Rodrigues.

Ele não nasceu em 1997, conforme os documentos que apresentou, mas, sim, em 24 de março de 1994.

O verdadeiro Brendon é primo dele e está preso em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, por furto.

Com a descoberta, o Paulista perdeu os pontos de sua vitória e o Batatais se classificou para a grande final da Copinha.

O Paulista poderia ser suspenso por até cinco anos da Copinha, mas a FPF entendeu que o time não teve participação na maçaroca.

Quanto ao gato Brendo Matheus escafedeu-se. Segundo  jargão jurídico-policial, encontra-se em lugar incerto e não sabido .

Se for encontrado e denunciado, pode pegar cadeia pelo crime de falsidade ideológica.

Outros gatos

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Volta e meia surgem gatos no futebol brasileiro.

Com o avanço da tecnologia esperava-se que essa prática fosse banida. Mas, como todo brasileiro gosta de levar vantagem, é mais fácil o Olaria levantar o título de campeão paulista do que acabar com os gatos.

Sandro Iroshi foi um dos mais célebres gatos do futebol brasileiro.

O atacante pertencia ao Rio Branco- SP quando foi contratado pelo São Paulo, em 1999. A transferência dele para o Tricolor da Capital foi considerada irregular pois o passe dele pertencia ao Tocantinópolis.

Durante a investigação do imbróglio, descobriu-se que ele havia fraudado a idade para jogar no time de Base do Rio Branco, da cidade de Americana.

A irregularidade custou ao São Paulo quatro pontos no Brasileirão daquele ano.

Outro caso rumoroso também foi o de Emerson Sheik.

A gatunice do artilheiro foi descoberta pela Polícia Federal em 206 quando ele se preparava para embarcar para os Emirados Árabes.

Pelo documento falso, Márcio Passos de Albuquerque virou Márcio Emerson Passos  e o nascimento em 1978 mudou para 1981. Como punição, teve de desembolsar R$ 70 mil em multa, além de prestar serviços comunitários pelo período de 18 meses.

A carreira prosseguiu normalmente e chegou a ser campeão no Fluminense, no Flamengo e no Corinthians, onde foi o herói da conquista da Libertadores de 2012.

O consagrado técnico Vanderlei Luxemburgo também já esteve à voltas com a Polícia.

Investigado pela Polícia federal em 2000, descobriu-se que o então Wanderley, como ele assinava, era na verdade Vanderlei e que ele não havia nascido em 1955, como afirmava a documentação que ele exibia mas, sim, em 1952.

Não se tem notícia se algum dirigente esportivo usa ou usou desse expediente. Mas..

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

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