Da importância de ser réu sem se importar. Por Josué Machado
DA IMPORTÂNCIA DE SER RÉU SEM SE IMPORTAR
Por Josué Machado
Luizinácio se tornou réu pela quinta vez, mas Renan continua invencível com o honroso título de alvo inalcançável número 1 da Justiça — agora menor, pela ausência de Teori Zavascki.
Penta-réu ou pentarréu? Foi a dúvida de um curioso interessado na informação de que Luizinácio foi agraciado com o título de réu pela quinta vez em mais de uma operação da Justiça.
Pois Luizinácio se tornou PENTARRÉU.
“Pentarréu” porque os prefixos ou antepositivos terminados em vogal ligam-se, sem hífen, ao segundo elemento começado com as consoantes “r” ou “s”, que se duplicam na união feliz: antirreligioso, corresponsável, semirrígido; antissocial, bissexual e sanguessuga, por exemplo.
Mas Luizinácio também pode ser apontado como “quinquerréu”, que se pronuncia “cuincuerréu”, antes da reforma ortográfica grafado “qüinqüerréu”. (Os antepositivos “pent[a/o]-” e “quinqu[e/i]-” significam “cinco”.)
(? Como adivinhar a pronúncia de palavras como essa sem o trema, suprimido na última reforma ortográfica? Bons dicionários indicam a pronúncia.)
Pois mal, depois do quinto, se houver depois, Luizinácio talvez tenha condições de ser hexarréu (réu seis vezes), heptarréu (réu sete vezes), octorréu (réu oito vezes), enearréu (réu nove vezes), decarréu (réu dez vezes).
Para os defensores de Luizinácio, é curioso que um ser escorregadio como Renan, por exemplo, o inalcançável e inatingível Zèrrenancalheiros, em luminosa atividade há tanto tempo e apesar de tanto reinar com reinações variadas, tenha-se tornado réu em apenas dois dos doze processos em que figura como estrela no ágil STF. Por enquanto, é só birréu ou dirréu.
Assim, enquanto Luizinácio e seguidores se revoltam com o que classificam de perseguição, pela rapidez com a Justiça o belisca, Zèrrenan sorri faceiro seu sorriso alagoense ao largo dos largos braços da Lei.
Todos eles e os iguais, agora mais felizes do que nunca porque Teori Zavascki se foi: terão mais tempo, muito mais tempo, talvez todo o tempo.
Alguns sábios consideram que a justiça começou a se minusculinizar, até atingir os limites sombrios destes tempos – exceto pelo trabalho de alguns poucos juízes corajosos –, a partir do dia em que Zèrrenan foi nomeado ministro da Justiça por Fernandenrique: 7 de abril de 1998.
Dia de glória nacional!
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Josué Rodrigues Silva Machado, jornalista, autor de “Manual da Falta de Estilo”, Best Seller, SP, 1995; e “Língua sem Vergonha”, Civilização Brasileira, RJ, 2011, livros de avaliação crítica e análise bem-humorada de textos torturados de jornais, revistas, TV, rádio e publicidade.