MMA ou futebol? Coluna Mário Marinho

MMA ou futebol?

COLUNA MÁRIO MARINHO

Fiquei boquiaberto ao assistir a entrevista coletiva do novo reforço do Palmeiras, o volante Felipe Mello.

Mais ainda com a controvertida reação que ela causou.

Para alguns, foi puro marketing.

Para outros, bravatas e mais bravatas.

Alguns palmeirenses gostaram, outros não.

Quem gosta do futebol e almeja a paz nos estádios, certamente não gostou.

Alguns jornalistas chegaram a classificar a fala como a melhor entrevista coletiva da história.

Será?

Está certo que as coletivas, normalmente, são recheadas de lugares comuns, de clichês, de elogios aos familiares, aos companheiros e agradecimentos a Deus.

Eu considerei um monte de besteiras a mostrar que ele chega aos 33 anos tão imaturo quanto era aos 20.

No dia seguinte à entrevista, estava ouvindo em meu carro a Band News FM quando começou o interessante quadro “Tem mulher na área”. É legal ouvir a opinião das meninas.

Mas nesse dia me chamou a atenção a intervenção de uma garota (não guardei o seu nome) que chegou elogiando o Felipe Melo.

Disse que ele foi autêntico e que futebol é mesmo um esporte de contato. “Tem que dar porrada mesmo”, afirmou ela com veemência.

Confundiu, é claro, porrada com contato físico. Confundiu MMA com futebol.

E na sequência, como se fosse um Felipe Melo, entrou de carrinho atropelando a gramática:

“Se ele manter o futebol…” Pelo amor de Deus, menina: é se mantiver, mantiver, menina”. Verdadeira porrada na gramática.

Felipe Melo reclama que a imprensa vive reprisando aquele lance do jogo contra a Holanda, a entrada criminosa no atacante Robens e a justa expulsão.

Ora, o lance é emblemático e faz parte da carreira do Felipe Melo.

No vídeo abaixo, Vocês verão esse e outros lances.

https://youtu.be/s3YL99IABqM

Felipe Melo diz, na entrevista, que se for preciso dará porrada na cara de uruguaio. Mas, ressalta, com toda a responsabilidade.

Como se dá na cara de uma pessoa com toda a responsabilidade?

O futebol já é, por si mesmo, um esporte que desencadeia as reações mais apaixonadas.

Lá nas arquibancadas, o torcedor vibra e sofre com o seu ídolo em campo. Uma entrada violenta no seu ídolo, faz com que o torcedor sinta as dores, mas mesmas dores, as mesmas indignações.

Quantas e quantas vezes torcedores já invadiram campo tentando linchar o adversário que atingiu seu ídolo?

Não é preciso muito para incitar a violência no conturbado mundo do futebol.

Mas o novo reforço do Palmeiras está dando, conscientemente, sua contribuição para que essa violência aumente.

Ainda na entrevista, ele disse que a média de cartões que toma é pequena para quem trabalha desarmando, tomando a bola do adversário, “Fazendo o serviço sujo”.

Mas, quem disse que tomar a bola do adversário é “serviço sujo”.

Foi com muita elegância, técnica e limpeza que jogadores como Zito, Falcão, Cerezo, Dino Sani, Mauro Silva, Clodoaldo, Bauer (apelidado de O Monstro do Maracanã na Copa de 1950), Paulinho (Corinthians) e muitos outros que deram nobreza à camisa 5.

Não, Felipe, eles não fizeram serviço sujo.

Felipe Melo gosta de atacar a Imprensa.

Na coletiva, ele disse que jornalistas recebem dinheiro para falar mal de jogadores.

É claro que existem os bons e os maus jornalistas. Assim como existem os bons e os maus jogadores.

Mas foi a primeira vez que ouvi dizer que algum jornalista ganha para falar mal deste ou daquele jogador.

Normalmente, somos acusados de elogiar por interesses.

Uma grande bobagem.

Se Felipe Melo desmentir o Felipe Melo da entrevista coletiva e jogar futebol, terá sido uma boa aquisição para o Palmeiras.

Mas, como separar o coração do corpo?

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FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

1 thought on “MMA ou futebol? Coluna Mário Marinho

  1. Prezado amigo e Mestre Mario Marinho: Como amigo e colega de profissão, não mudo e nem poderia mudar uma linha de sua coluna. A entrevista do tal Felipe Melo, causou-me espanto. Não por qualquer outra citação, mas, apenas pela demonstração rude de um jogador, que a meu ver irá causar problemas no futebol brasileiro. A “demonstração” de força, virilidade, grosseria, e outros que tais, à primeira vista mostra um perfeito idiota “se achando”. A carreira desse jogador está marcada por diversos atos de agressões e consequentes expulsões de campo, inclusive na Seleção Brasileira. Acho que o Palmeiras fez uma contratação burra, pois esse “cara” vai trazer problemas ao clube. Não seria o caso, dele, Felipe Melo, tentar o final de sua carreira no futebol americano? Ou no MMA? E permita-me Mestre, na lista de grandes jogadores citados por você, citar mais um nome: Gamarra. Grande e fraterno abraço meu amigo. Toninho Lopes.

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