Didi, Dedé, Muçum, Zacarias. Coluna Carlos Brickmann
Didi, Dedé, Muçum, Zacarias
COLUNA CARLOS BRICKMANN
Edição dos jornais de 11 de janeiro de 2017
Preocupado com os massacres nas penitenciárias, achando que é preciso tomar providências urgentes? O governo também. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, discute o assunto em reunião urgentíssima com secretários estaduais da Administração Penitenciária. Dia marcado: 17.
É até bom esperar um pouco. Quem sabe até lá há novas revoltas e massacres e dá para aproveitar a reunião urgentíssima para discutir tudo?
Todo mundo criticou o presidente Temer por ter demorado a falar sobre os pavorosos acidentes nos presídios amazônicos. Pois é: aí ele falou.
A Defensoria Pública da União pediu ao STF que determine ao sistema prisional do Amazonas que garanta aos presos o direito à progressão de pena. Espera-se que a garantia se estenda a todos os sobreviventes.
O secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio, foi exonerado pelo presidente Temer depois de defender mais massacres em presídios. Seu cargo (para que servirá?) é disputado pela “ala jovem” (existe!) do PSDB, pelo PSC, que se queixa de ocupar pouco espaço no Governo, e, naturalmente, o PMDB. Considerando-se que no Congresso os parlamentares mais antigos são conhecidos como “cabeças brancas” e os mais novos como “cabeças pretas”, os secretários nacionais da Juventude (quais as funções do cargo?), se seguirem o exemplo do demitido Bruno Júlio, poderão orgulhar-se de seu novo apelido de “cabeças vazias”.
Zorra Total
Alguém, no Portal Brasil, caprichou na confusão – e postou no twitter um link com todas as senhas disponíveis do Governo, de Instagram, Facebook e Gmail. Foi completo: além de senhas do Governo, senhas também de gente do Governo.
Uma das senhas mais curiosas (não, esta coluna não está fazendo fofoca: a essa altura do Campeonato, se todas as senhas não foram mudadas é porque eles merecem a quebra de sigilo) era usada, ao que dizem, pela equipe de Temer: planaltodotemer2016. E, ao lado, a observação em letras maiúsculas, mais vermelhas do que roupa de petista, “NÃO TROCAR A SENHA NUNCA”.
Já devem tê-la trocado.
Professora Raimunda
O pior, nesses vazamentos de senhas, é o que pode aparecer nas mensagens. Este colunista já ouviu falar (e não vai contar pra ninguém) de um certo cavalheiro com hábitos peculiares, que só contrata profissionais calipígias. Ambos se despem, ficando ela apenas com sapatos de salto alto, fininhos. Ele se deita de barriga para cima, e ela passeia, de salto alto, sobre seu corpo nu. Ele tem fama de pagar bem.
Que dirá em suas mensagens?
Praça da Alegria
Haverá alguém, neste país, por menos atento que esteja, que não tenha ouvido alguma coisa a respeito de redução de gastos do Governo? Pois é: o futebol profissional, que se der lucro é só para os clubes, sem dividir com ninguém, está solidamente amparado em bancos estatais. Se anunciar na camisa dos bons times é lucrativo, por que as empresas estatais não deixam o filé para as companhias privadas? Enfim, no Rio Grande do Sul, em difícil situação financeira, devendo R$ 50 bilhões para o Governo Federal e atrasando o pagamento, o banco estatal Banrisul é o principal patrocinador de Grêmio e Internacional, com R$ 13 milhões anuais para cada um.
E o Governo Federal, querendo cortar despesas? A Caixa Econômica Federal, estatalzíssima, patrocina em 2017 a grande maioria dos 20 times da elite futebolística nacional. O Corinthians recebe R$ 30 milhões por ano da Caixa, como sua patrocinadora principal (patrocínio máster, aquele estampado no peito das camisas); o Flamengo, R$ 25 milhões. Os demais clubes, com torcidas menores, têm verba menor. Os bancos privados, que têm de prestar contas aos acionistas, delegam a tarefa ao dinheiro público.
Italianíssimo
A probabilidade é boa: Andrea Matarazzo, fiel dos fieis do PSDB, hoje no PSD, ligadíssimo ao tucano José Serra (que, chanceler, trabalhando de mãos dadas com Michel Temer, pode acabar saindo candidato à Presidência da República pelo PMDB), talvez acabe disputando uma cadeira no Parlamento italiano. Andrea tem cidadania dupla, brasileira e italiana, já foi embaixador do Brasil em Roma, nos tempos do Governo Fernando Henrique, e tem condições legais de candidatar-se. Nas últimas eleições que disputou, foi vice de Marta. Dória ganhou no primeiro turno.
Fala que te escutam
Tem gente que se esquece do avanço das telecomunicações, e fala como se estivesse num rádio de ondas curtas. O deputado Cássio Cunha Lima, por exemplo, tucano da Paraíba. Na entrevista a uma rádio paraibana, Cunha Lima disse que Temer teria dificuldades para chegar ao fim do mandato.
Com aliados desses, tem mesmo. Só no dia seguinte o senador se lembrou do alcance das emissoras de hoje. Ainda está se desculpando com o presidente e aliados – que, por coincidência, são os mesmos que os seus.
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