Fora, 2016. Coluna Mário Marinho

Fora, 2016.

COLUNA MÁRIO MARINHO

Será que vai mesmo acabar?

Essa é a pergunta recorrente: será que o ano acaba mesmo?

Foi, ainda é e não acabou um ano muito, muito conturbado.

Aquele partidozinho que veio para tirar o povo da miséria, para acabar com a corrupção acabou por jogar o País na mais profunda crise.

Nunca antes na história desse País tivemos uma situação assim: política econômica desastrosa que levou o nível de desemprego a números estratosféricos; a corrupção correndo solta. A cada hora, a cada momento que lemos um jornal, ouvimos uma emissora de rádio ou assistimos a um jornal de televisão aparece a notícia de uma nova corrupção, de novos envolvidos.

É assustador.

Governador e primeira dama na cadeia; empresário bilionário mofando em Curitiba; presidente da República; do senado, da Câmara, senadores, deputados – todo mundo com o esfíncter na mão suando à espera da próxima deleção.

Cai a presidente da República que tentou esconder o seu padrinho que estava com a Polícia a seus pés, nomeando-o a um cargo de ministro. Vergonha.

Tivemos a Olimpíada do Rio, tão temida e tão brilhante.

Festas de abertura e de encerramento de beleza e emoção.

Medalhas, recordes – finalmente o ouro do futebol.

Pena que ainda não se sabe o que fazer com as milionárias instalações da Olimpíada que seria bancada só com o dinheiro privado, mas que teve que ser socorrida pelo dinheiro público – o nosso dinheiro.

O Rio de Janeiro vai à falência. O Rio Grande do Sul, também. Minas Gerais, uai, foi também.

Descobrem-se falcatruas que vão de Garotinho a Cabral; de Campos ao Leme; de cabo a rabo.

A Lava jato, que os petistas acusavam de ter sido criada só para destruir PT e o Lula, mira seus holofotes no PMDB e o todo poderoso Cunha acaba na prisão.

Por ironia do destino, vai se encontrar na cadeia com José Dirceu,  o herói do PT.

Encontram-se aí duas linhas paralelas, uma corre pela direita outra pela esquerda – ambas rumo à corrupção.

O Brahma ainda está solto. Mas sabe-se que figuras estranhas transitam pelo Congresso Nacional.

Por lá circulam Caju (Romero Jucá); O Missa, née José Carlos Aleluia; o Pino, também conhecido como Gripado, que vem a ser José Agripino; Rodrigo Maia, o carioca que é chamado de Botafogo; já o gaúcho Marco Maia é o Gremista; Renan Calheiros, vejam só que avacalhação, tem o codinome de Justiça; o ministro Eliseu Padilha é o Primo; Moreira Franco, é o Angorá de madeixas brancas; Ciro Nogueira atende por Cerrado; Gim Argello tem o sugestivo nome de Campari; Delcídio é Ferrari; o gordinho Gedel  atende por Babel; Duarte Nogueira é o Corredor; Eduardo Cunha, com aquele seu jeito esquisito de andar é o Caranguejo; Arthur Maia, que fofo, tem o apelido de Tuca; Antônio Brito é o Misericórdia; O Heráclito Fortes com sua fala sensual  é o Boca Mole. E o coitado do Inaldo Leitão, ex-deputado pelo PL, é o Todo Feio.

Esse foi o mais cruel de todos.

É o nosso Congresso, nosso circo dos horrores.

Esse 2016 ainda nos reservou a tragédia da Chapecoense.

Jovens à beira de um título, o primeiro título internacional, promessas de muito futuro, jornalistas, dirigentes – 77 pessoas dentro de um voo que tinha tudo para ser só de alegria.

Não fosse um ganancioso que, para ganhar algumas merrecas a mais, não teve pejo, vergonha na cara e economizou onde não podia. Colocou menos combustível, achando que, como se fosse um automóvel, poderia jogar o câmbio do avião no ponto morto e simplesmente flanar.

O avião espatifou-se.

Milagrosamente, seis pessoas se salvaram: dois tripulantes, um jornalista e três jogadores da Chapecó.

Nunca se viu no mundo tanta solidariedade assim.

Foi bonito, foi lindo, mas foi de uma tristeza sem precedentes.

Mas o ano está chegando ao fim.

E antes que terminasse, acabou com o jejum de 22 nos sem título do Brasileirão que amargurava os palmeirenses. Com a melhor campanha, com o craque do Campeonato, com o melhor técnico, com o melhor time, não poderia dar outra: Palmeiras campeão.

__________________________________________

FOTO SOFIA MARINHO

Mario Marinho É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo

(DUAS VEZES POR SEMANA E SEMPRE QUE TIVER MAIS NOVIDADE OU COISA BOA DE COMENTAR)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Assine a nossa newsletter