Os cometas que nos guiam. Por Josué Machado
OS COMETAS QUE NOS GUIAM
por Josué Machado
Por enquanto, as luzes não são notadas por todos, mas pode ser que por milagre venham a resplandecer às claras sobre nós.
Pensa-se sempre com desgosto e náusea nas criaturas que dirigem o país, constroem suas leis e deixam aqueles rastros que conhecemos — ninguém discorda.
Pode-se imaginar então que se, por algum maravilhoso sortilégio, nossa velha conhecida, a corrupção, passasse a emitir luz e brilhasse, os políticos seriam como núcleos de cometas.
Então cada um deles seria acompanhado por uma cauda resplandecente que se abriria como leque de fulgor enorme.
A cauda seria tanto maior quanto mais corrupta fosse a figura.
E, quanto mais mentiras e canalhices dissimuladas entre sorrisos expelisse em seus discursos e declarações, mais cintilante seria o brilho. (Eles não falam, fazem declarações.)
Ficando só nas grandes figuras em evidência agora, e ainda saltitantes, teria alguém pensado em Renan? Jucá? Moreira Franco? Geddel? Padilha? Collor? Luizinácio? Aócio? Maluf? Paulote da Forcinha? Pimentel?
…nem todos os políticos teriam cauda; apenas os 97,83% aproveitadores e corruptos.
A lista de estrelas de todas as quadrilh, isto é, siglas, é interminááááável.
Alguns brilhariam mais do que outros, é certo. E o brilho desses campeões seria ofuscante.
Uns e outros seriam os cometinhas.
Mas nem todos os políticos teriam cauda; apenas os 97,83% aproveitadores e corruptos.
Como seria belo!
E muito brilhariam as 35 quadrilh…, isto é, legendas registradas no Tribunal Superior Eleitoral, agrupamentos que sem dúvida enriquecem a vida do país, todas ideológicas e formadas para lutar pelo bem-estar do povo!
Todos esses ajuntamentos — mantidos por nós — refulgiriam como grandes cometas com seus muitos pontos luminosos e caudas de brilho sem fim, em leque rutilante a iluminar o cenário político do país de ponta a ponta.
Seriam os cometões.
Uma verdadeira glória lampejante!
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Josué Rodrigues Silva Machado, jornalista, autor de “Manual da Falta de Estilo”, Best Seller, SP, 1995; e “Língua sem Vergonha”, Civilização Brasileira, RJ, 2011, livros de avaliação crítica e análise bem-humorada de textos torturados de jornais, revistas, TV, rádio e publicidade.