Campeão Póstumo. Coluna Mário Marinho – EXTRA
Campeão Póstumo
Coluna Mário Marinho
A tragédia que se abateu sobre Chapecó, sobre o Brasil, sobre a América, sobre o Mundo jamais será esquecida.
O sonho desses garotos, dos torcedores, dos amantes do futebol e, particularmente, da Chapecó não será mais realizado. Eles não mais conquistarão o título da Copa Sul-Americana.
Mas é possível pelo menos diminuir um pouquinho essa imensa dor.
A confederação Sul-Americana, Conmebol, já adiou pelo menos até o dia 21 de dezembro a decisão da Copa Sul-Americana.
Talvez, essa decisão não deva ocorrer nunca.
Por que não declarar a Chapecoense campeã da Copa Sul-Americana. Ou declarar ambos campeões: Chapecó e Atlético Nacional.
Em 1949, o Torino, da cidade de Turim, Itália, era a fera do futebol italiano. Naquele ano, estava na luta pelo seu quinto título nacional seguido. Havia sido campeão em 1943, 1946, 1947 e 1948 – em 1944 e 1945 o campeonato não foi realizado devido a Segunda Guerra Mundial.
O Torino liderava o campeonato de 1948-49 com quatro pontos de vantagem sobre o segundo colocado (na época a vitória valia dois pontos).
Com folga no meio de semana, a diretoria do Torino aceitou convite para um jogo festivo contra o Benfica, em Lisboa, no dia 3 de maio, uma terça-feira.
O Torino era grande atração. 40 mil torcedores assistiram à vitória do Benfica, 4 a 3, sobe o Torino.
No dia seguinte, o Torino embarcou de volta para sua cidade.
A poucos quilômetros do aeroporto, já em manobra de pouso, o avião bateu contra a catedral de Superga que ficava numa elevação.
Morrem todos os 31 passageiros.
Morreu o time do Torino e uma parte importante – e grande – do futebol italiano.
A Liga Italiana declarou o Torino campeão em homenagem ao seus heróis.
Após as cerimônias fúnebres, assistidas por 500 mil pessoas, os dirigentes do Torino dizem que o time só pode ser campeão em campo.
E resolvem cumprir os quatro jogos restantes com seu time juvenil.
Os resultados foram estes: Torino enfrentou o Genova e venceu por 4 a 0. Depois no dia 29, vitória sobre o Palermo por 3 a 0. Na rodada 37, jogando fora de casa, contra a Sampadoria, outro resultado positivo, dessa vez por 3 a 2. O último jogo no Stadio Comunale, em uma partida emocionante, o Torino saiu de campo campeão vencendo por 2 a 0 a Fiorentina.
Todos os adversários também usaram sua equipe juvenil.
Chapecó e seus heróis merecem uma homenagem deste tipo.
Ouça o hino da Chapecó:
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em livros do setor esportivo
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