O Jornalismo e essa política nacional que não para de surpreender
Jornalismo benfeito é uma maravilha, apesar de ainda existir muita coisa a limpar, é sempre bom menos sujeira.
A crise Geddel não se encerra com a demissão dele, há que considerar o absurdo gerado, o envolvimento da cúpula do governo em uma questão particular e desonesta, até com a sugestão de que o caso fosse levado à AGU. E isso tudo em um momento em que há uma série de problemas éticos em todos os níveis. Temer, mais uma vez, saiu-se pior que a encomenda, é fraco, discurso sofisticado que não encontra respaldo em suas ações. A imprensa não pode descansar, tem de colar em Marcelo Calero, o que gravou deve, obrigatoriamente, ser divulgado.
“Meu fraterno amigo Presidente Michel Temer”, é assim que Geddel começa sua carta de demissão. Se eu tivesse um fraterno amigo desse calibre, meus filhos nunca mais olhariam para mim…
Apesar de discutível, a decisão de Calero de ir armado com um gravador à reunião para a qual foi convocado por Temer pode ser considerada como “legítima defesa”, é claro que cheirou que boa coisa não seria. Agora, cadê a segurança? Gravar um presidente da República sem ninguém perceber?
Obs.: – Calero confirmou que, aconselhado por amigos da Polícia Federal, gravou conversas para se garantir, sabia com quem estava lidando.
Uma perguntinha inocente: Geddel foi reeleito cinco vezes, como é possível que votem nele apesar de tudo o que pesa sobre ele? Enquanto o eleitor não se der conta de que é corresponsável o país não terá saída. É essa a discussão que a imprensa deve levantar dia após dia.
Na Folha de S.Paulo (27), “Comportamento dos políticos brasileiros pós-impeachment continua a pautar-se pelo fisiologismo, autoritarismo e desprezo à opinião pública”. Na pág. A16 da mesma edição: “Temer, siga o exemplo de Geddel”.
N’O Estado de S. Paulo: “Acordamos(*) todos que não há a menor condição de, pelo menos patrocinado pelo presidente da Câmara e do Senado, levar adiante essa proposta”, disse Michel Temer ontem.
(*) Em uma crise dessas, usar palavra que dá margem a duplo sentido? Acordaram, de concordar, ou acordaram, de despertar, em razão da grita geral? empolação dá nisso.
Fidel se fué, acabou o século 20. Gostando ou não dele, são indiscutíveis sua importância e carisma. Mas, era um ditador, e dos bravos, matou e prendeu gente até não poder mais.
Caramba, nove dias de luto em Cuba? O pessoal adora um culto à personalidade, não? Será “mumificado” também como faziam na URSS?
Ler as seções de cartas dos jornais me deprime, é gente comemorando com imbecilidades a morte de Fidel, é gente elogiando, falando das maravilhas que fez em Cuba e se esquecendo de que era um ditador, não percebem que quem admite ditaduras de esquerda tem de aceitar, por uma questão de lógica, as de direita… Ou será que acham que só vale o pensamento unilateral deles? Lembrem-se do ditador Geisel e sua democracia relativa.
(CACALO KFOURI)
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