Confesso que leio tudo que posso sobre as eleições americanas de 8 de novembro pois, queiramos ou não, o resultado pode vir a mexer com o mundo todo. Eu não chegaria ao ponto de ir para a Avenida Paulista, como aqueles dois grupelhos, um pró-Hillary e outro pró-Trump que, no sábado 29 de outubro, foram brigar com palavras e gestos. Levavam bandeiras americanas e brasileiras e diziam palavras de ordem em inglês e português. Umas figuras às quais eu não me juntaria.

A imprensa internacional dedica largos espaços para o embate Hillary Clinton/Donald Trump. A Der Spiegel, a mais respeitada revista semanal alemã, colocou nas bancas esta semana o exemplar que traz uma extensa reportagem sobre a terrível campanha eleitoral que sacode e abala os EUA.

O excelente jornalismo investigativo da Der Spiegel conclui que essa campanha, suja, grosseira, tão horrorosa que às vezes parece fruto da imaginação de roteiristas desvairados, terá consequências graves para a democracia americana.

E para a economia também, claro. A cada vez que as pesquisas alteram seus dados, as bolsas do mundo inteiro reagem. O risco da vitória de Donald Trump assusta os investidores em toda a parte. Só isso já seria motivo para nos preocuparmos.

Clinton e Trump, os dois, arrastaram a política americana para a lama, diz a revista. Com sete correspondentes acompanhando a campanha in loco, a reportagem pode examinar com todo o cuidado, e documentar, tudo o que aconteceu e acontece por lá.

Aquele imenso país vai ter que conviver com as cicatrizes dessa feia campanha durante muito tempo, diz a reportagem. “Quando os avanços da civilização são abandonados mesmo que temporariamente, o resultado são fraturas e elas não são fáceis de consertar. Quando os argumentos não importam e as mentiras são aceitas como verdades, quando os políticos têm equipes destinadas a espalhar inverdades, a democracia como nós a conhecemos deixa de existir”.

Já o The Washington Post além de analisar o comportamento dos dois candidatos, menciona um tema que, creio eu, vai nos interessar de perto.

Você, Leitor, já deve ter reparado na enorme folha de votação que os americanos preenchem quando votam. Lá eles aproveitam esse momento para definir uma série de questões. Desta vez um dos mais palpitantes assuntos é sobre o cultivo e o uso da maconha. Alguns estados já permitem o uso medicinal da planta. Outros, o recreativo também. Agora, o uso, recreativo ou medicinal, está em jogo em mais nove estados.

Hillary, com o apoio do casal Obama, garante que o país, com ela, volta a crescer. Trump andou dizendo que só aceitaria o resultado das eleições caso vencesse. E corre a notícia que milicianos estão sendo armados para lutar se o bilionário for derrotado. A tendência é duvidar da veracidade dessas informações. Como muitas das coisas ditas durante a campanha, essas podem ser apenas mais uma tentativa de assustar o eleitor.

Presa fácil de uma campanha tão feia.

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Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* – Professora e tradutora. Vive no Rio de Janeiro. Escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Colabora para diversos sites e blogs com seus artigos sobre todos os temas e conhecimentos de Arte, Cultura e História. Ainda por cima é filha do grande Adoniran Barbosa.
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