Ao Sul do Equador

Brasília, 15 – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou há pouco na entrevista ao programa Conta Corrente, da GloboNews, que o gasto público no Brasil não é inflacionário. Mantega contestou as avaliações feitas por analistas econômicos de que é preciso reduzir os gastos públicos para permitir uma queda maior dos juros e, com isso, ajudar a diminuir a atratividade do Brasil nas operações de carry trade feitas pelos investidores estrangeiros.

Questionado sobre se uma política fiscal mais dura poderia auxiliar no controle da efetiva valorização do real frente ao dólar, Mantega disse que isso é um grande equívoco. “Não tem nada a ver A com B. Nós estamos com um dos resultados fiscais melhores do mundo. Hoje o Brasil vai ter um déficit nominal menor que o dos Estados Unidos, da Alemanha, da China e de vários países”, argumentou Mantega, acrescentando: “temos um resultado fiscal bom”.

Para o ministro, a taxa de juros no Brasil se deve “exclusivamente à inflação e não ao gasto público”. Mantega disse que o Brasil teve que aumentar o gasto público, na época da crise, para estimular a economia e a retomada do crescimento. “Se a inflação é baixa, e está sob controle, significa que o gasto público não é excessivo. Ele está regulado. Não faz sentido dizer que temos que reduzir o gasto público para reduzir a taxa de juros”, insistiu o ministro na sua tese de que o gasto público no Brasil não é inflacionário.

Mantega acrescentou que a taxa de juros tem “que olhar” a inflação. E se a inflação estiver sob controle, a taxa de juros pode continuar caindo. A reportagem da GloboNews questionou o ministro se este não seria o momento de enfrentar de forma mais incisiva o problema da taxa de juros elevada, neste momento de forte valorização do real. Mantega respondeu: “as taxas de juros mais elevadas aqui ajudam a atrair os capitais. Agora essa é a política do BC”, disse.

Mantega lembrou ainda que a taxa de juros no Brasil já foi muito mais alta no passado. “Nós reduzimos essa taxa ao longo do tempo. Só que outros países reduziram mais ainda. Então, nós ficamos com diferencial grande”, afirmou Mantega, acrescentando que esse diferencial permite as operações chamadas de arbitragem, feita pelos investidores que pegam recursos emprestados a uma taxa de 0,5% e aplicam no Brasil a uma taxa de 10%.

(Adriana Fernandes e Fabio Graner)

Vocês não sabiam? No Brasil as coisas caem para cima.

O inesquecível momento da revelação

38 thoughts on “Ao Sul do Equador

  1. Mas o Mantega não está só, veja o que o professor Cardim disse numa entrevista recente:

    Valor: Economistas ortodoxos costumam pregar um forte aperto fiscal para que, com isso, seja possível baixar mais os juros e reduzir o diferencial entre as taxas internas e externas. É um bom caminho para evitar o tombo do dólar?

    Cardim: Esse raciocínio se apoia em várias proposições que são mais matérias de fé que de evidência. A recuperação da disciplina fiscal, um tanto atropelada ultimamente, é boa em si mesma, para permitir que se possa usar mais intensamente instrumentos anticíclicos, se isso vier a ser necessário no futuro. A melhora da eficiência do Estado é tambem boa em si mesma, já que não basta ser grande, é preciso ser ágil e eficiente, e o Estado ainda está longe disso em várias áreas. Mas a relação com juros e o balanço de pagamentos não me parece a mais importante.

  2. Mesmo com uma redução do gasto público haverá apreciação do real frente ao dólar, a qual, é uma frase inverídica, pois, o que há, no atual momento, é uma depreciação do dólar frente às outras moedas.
    Todo gasto relevante e em demasia, público ou não, é inflacionário.
    Uma coisa é saber a verdade, outra coisa é dizer e fazer o que convém. Ano eleitoral é sinônimo de gasto público superior aos anos 'normais' não-eleitorais.
    Eu não creio ser um bom momento para baixar taxas de juros, principalmente, por acreditar já ter começado uma minibolha brasileira (devido ao gasto público, também). Creio que venha a haver uma melhor oportunidade para isto nos próximos 2 anos.
    O ministro comparou o atual patamar de juros brasileiro com outra época para justificar a posição governamental em relação ao gasto público atual; depois, relacionou tal redução a outras efetuadas por países, recentemente.
    Apenas um enredo para 'justificar', midiaticamente, o gasto público em ano eleitoral.
    Ele está defendendo o leite. Puritanamente falando.

  3. Imagina, que pessoal mais bobo esses economistas. Imaginar que gasto público tem alguma coisa a ver com a taxa de juros. Só no Brasil mesmo…

  4. Professor Alex, me tira uma dúvida por favor?

    Uma das variáveis explicativas da inflação é o hiato do produto. Isto pode ser visto na equação tradicional da Curva De Philips de curto prazo.

    Mas, segundo as análises empíricas qual é a relevância do hiato do produto na determinação da inflação?

    Essa questão é pertinente porque, a depender da relevância do hiato do produto na determinação da inflação, um esforço de ajuste fiscal pode pouco alterar a inflação brasileira. E uma das poucas coisas que o Mantega abordou com razão é o fato de que no Brasil o BC se preocupa exclusivamente com o comportamento da inflação para calibrar a taxa de juros.

    Dessa forma, podemos estar exigindo um enorme esforço de ajuste fiscal para no fundo pouco (ou nada) alterar as taxas de juros, no caso da inflação não reagir a tal movimento.

    Digo isso porque as proposições normativas de ajuste fiscal como forma de combater a apreciação cambial são, no fundo, proposições que visam alterar a taxa de juros.

    Muito obrigado,
    RB

  5. Vou emendar com o amigo RB (ou RMB).
    Vou começar discordando: "Digo isso porque as proposições normativas de ajuste fiscal como forma de combater a apreciação cambial são, no fundo, proposições que visam alterar a taxa de juros."
    Acho que essa dinâmica deve ser verdadeira na minoria dos casos, por motivos econômicos e "politicos".
    O efeito do hiato de produto na contenção da inflação, na minha opnião, acontece depois dos efeitos do câmbio. Diminuir gastos teria efeito direto sobre os movimentos do balanço de pagamentos, particularmente nas contas correntes. No curto prazo poderia inclusive haver deterioração da inflação devido à depreciação cambial.
    Aí sim, quem sabe o BC julgue haver folga e diminua a taxa de juros, mas isso pode demorar 45 dias!
    Minha pergunta é: se no CURTO PRAZO faz sentido o que eu falei (contenção dos gastos -> depreciação cambial -> algum repasse pra inflação), então, num país de persistência inflacionária elevada, como é o caso do Brasil, isso poderia, ao menos inicialmente, ser relevante?
    Abraços
    DB

  6. Alex,

    supondo a economia com crescimento estável, o volume do investimento depende mais da taxa de juros ou da carga tributária?

    Se o governo se compromete com um superavit primário, sem elevar carga tributária e que pode até zerar o déficit nominal, isto tem o efeito de reduzir juros e depreciar o câmbio.

    Mas o investimento responderá mais à redução dos juros ou à redução da carga tributária? Uma taxa de juros próxima à praticada no mundo seria suficiente para elevar o investimento, mantendo a carga tributária no mesmo patamar?

  7. Se o governo reduzir (ou eliminar) o déficit nominal irá buscar menos recursos no mercado para financiar-se. A pressão inflacionária reduzirá. As expectativas ficarão mais positivas. Se as autoridades monetárias (e o governo) passarem confiança para o mercado é claro que as taxas de juros reduzirão e o prazo médio de financiamento do TN se alongará (a ida ao mercado para refinaciar-se será em menor volume). A confiança é de que a política terá sustentação e continuidade (aí os efeitos nas taxas de juros serão maiores ainda). Quanto menor a expectativa de inflação menor a taxa de juros nominais e menor também a real.
    Só por bom senso (sem basear-se em nenhuma teoria econômica e sem ser economista).

  8. O que o Mantega não consegue é ligar A com B. Não há sequer 2 neurônios dentro daquela cabeça. Impressionante uma situação dessa. Vergonha, Desgosto!
    O cara não sabe o que é inflação! Pra ele, só consumo privado impulsiona a inflação? O que o governo compra não vale? Os aumentos de sálarios e do número de servidores também não impactam em nada?!O crédito dos bancos estatais também não então?! Inacreditável, acéfalo, inepto, apedeuta.

  9. Hoje tem artigo do Orelho no Valor. Tema: câmbio, contas externas e… a possibilidade de uma crise cambial no Brasil! Segundo previsão, o Brasil caminha para uma situação nefasta em termos de desequilíbrio externo, nos próximos 4 anos.

    Supostamente baseado em pesquisa acadêmica (os autores inclusivem rodaram uma regressão pelo método de mínimos quadrados ordinários, vejam vocês!), acho que vale a leitura, a risada, o comentário etc.

    Em que time vcs jogam, no do "otimismo" ou no do "pessimismo"?

    Pai Alex.

  10. Alex

    No Estadão:

    1. Reservas externas custam R$ 45 bi por ano ao Brasil

    A manutenção das reservas internacionais superiores a US$ 280 bilhões custa ao contribuinte brasileiro cerca de R$ 45 bilhões ao ano, o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas de economistas como o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore e o ex-diretor da instituição Alexandre Schwartsman. (16/10/2010)

    2. O “tsunami” de dólares

    "O Brasil é receptor de um tsunami de capitais. Nos últimos meses, foram US$ 90 bilhões", diz o ex-presidente do Banco Central (BC) Affonso Celso Pastore. "Isso produz enorme valorização do real."

    Por isso, ele avalia que "justifica-se, sim, um nível mais pesado de intervenções (do BC) no câmbio (e, por tabela, o acúmulo de reservas)" (16/10/2010)

    3. Governo não persegue nenhuma meta para a taxa de câmbio, diz BC.
    Instituição diz que compra de dólares – e consequente acúmulo de reservas – tem como objetivo aumentar resistência do País a crises. (16/10/2010)

    3.1. Um dos que defendem a alternativa [swap cambial reverso] é o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore. "O valor do dólar é definido com base nos mercados à vista e futuro. Hoje, o BC só atua em um deles", observa. Pastore explica que, dessa forma, o governo atrai ainda mais capitais especulativos. O argumento é o de que a taxa de juro em dólar no Brasil fica mais "gorda" com esse tipo de atuação. (16/10/2010)

    3.2. Diretor do BC quando a instituição iniciou, em 2004, a acumulação de reservas, o economista-chefe do Banco Santander, Alexandre Schwartsman, evita ser assertivo sobre o assunto.

    Mas diz ter a "impressão de que (a estratégia) não está mais valendo a pena". Em primeiro lugar, porque avalia que o objetivo de garantir um seguro anticrise já foi atingido. Em segundo, porque acredita que a forma como o BC implementa a política não é a mais adequada.

    Ele refere-se ao fato de o governo fazer o que se chama de "esterelização". Economês à parte, significa, na prática, que a forma de o BC atuar valoriza o câmbio real (descontada a inflação). "Muita gente de respeito discorda. Mas é assim que vejo." (16/10/2010)

    Leitor do blog leigo em economia, acompanho com atenção suas análises. Enfim, fico na expectativa de novos posts ou artigos para o que, neste momento, é visto por você com desconfiança quanto aos efeitos dessa atuação do BC. Entendo bem melhor agora a escolha pelo termo “impressão”. Isto é, antes de sair por aí dizendo “vivemos no melhor dos mundos possíveis” ou que “estamos na beiradinha do abismo e prestes a dar o próximo e fatal passo adiante”, melhor é interrogar analiticamente os objetos (os elementos da realidade ou da conjuntura econômica) em contraposição aos meios ativados. Ou seja, os meios ativados são suficientes para atingir os fins almejados?

  11. Bruno

    Não entro na discussão econômica, pois essa não é a minha seara. No entanto, penso que tal declaração estapafúrdia, ao menos na visão do post do Alex, é um indicativo do tamanho da encrenca e, o que é mais assustador, a manifestação antecipada de desresponsabilização (no sentido de "isso não é comigo. Mas com o Meireles") de quem detém a chave do Tesouro e que, ao fim de um mandato e com perspectivas completamente imponderáveis (quem vai ganhar a eleição?), cuida de tirar o seu da reta apontando o dedo para o BC.

  12. "Só por bom senso (sem basear-se em nenhuma teoria econômica e sem ser economista)."
    Isso não vale em economia. Por isso a barbaridade "Quanto menor a expectativa de inflação menor a taxa de juros nominais e menor também a real."

  13. Anônimo das 12:24 hs.
    "Isso não vale em economia." Por isso a barbaridade "Quanto menor a expectativa de inflação menor a taxa de juros nominais e menor também a real."

    Quer dizer que se a expectativa de inflação for descendente a taxa nominal de juro sobe?
    Pelo menos no Brasil a taxa real de juro sempre acompanhou as expectativas de inflação (caindo a nominal a real acompanha em seguida). Uma série descendente de inflação é acompanhada por uma série também descendente de taxa nonminal (a queda da taxa real vem a seguir).

  14. PS ao meu primeiro comentário.

    Ao propor a pergunta que está no fim do comentário, imaginei Alex Schwartsman em provocação ao modo do sagaz Sherlock Holmes: Elementar, meu caro Watson.

  15. A França está se esvaíndo em gás lacrimogênio. Acho que deveríamos falar sobre o tema neste espaço.
    Afinal de contas, de te fabula narratur!

    Eu sinceramente, humildemente, gostaria de deixar aqui minha opinião de que não considero o déficit da previdência um problema em si.

    Na atual situação etária da maioria dos países minimamente desenvolvidos, com muitos velhos em relação aos jovens, é natural que existam sérios problemas para se equilibrar a previdência. Mas por que diabos a previdência deveria estar em equilíbrio? Por que não financia-la de outra forma? Trata-se, na minha avaliação, de uma questão de escolha política.

    Notem que o déficit não é explosivo. A expectativa de vida não crescerá para sempre e a "pirâmide" etária tende a se estabilizar em um novo padrão, estabilizando assim o déficit da previdência. Trate-mos de financiá-lo.

    Aguardo opiniões em contrário, desde que desapaixonadas. Dados quantitativos também serão bem-vindos, pois me confesso ignorante a esse respeito.

    Pai Alex.

    PS: para quem não entendeu, não estou fazendo apologia do déficit público. Apenas estou dizendo: vamos encontrar um superávit para contrabalancear o déficit da previdência, mantendo o resultado das contas públicas inalterado. Tenho certeza de que a sociedade toparia. Existe muita gordura para cortar do orçamento, não?

  16. Pai Alex

    Gostei da sua proposição. E como hoje é meu dia de folga, aproveito.

    Mansueto Almeida fez um post com o seu mote e a conclusão é: "minha posição sobre o assunto é clara: não há como aumentar o investimento público apenas via redução do custeio nos próximos anos. Assim, se continuarmos com a política de reajustes reais do salário mínimo teremos que aumentar a carga tributária, reduzir o superávit primário e/ou aumentar o endividamento."

    Dê uma olhada no post. É a minha contribuição possível. Estimo que não se trate, no caso, de estabelecer relações absurdas do orifício fecal com as calças.

    Debate Fiscal: Bombas Fiscais e Aumento do Investimento Público

    http://mansueto.wordpress.com/2010/10/02/debate-fiscal-bombas-fiscais-e-aumento-do-investimento-publico/

  17. Hoje, o presidente do BC, comentou sobre a preocupação com a possibilidade da formação de bolhas em preços de ativos no Brasil.
    Um barato isto.
    Meu comentário aqui, não foi tão mal.

  18. "Quer dizer que se a expectativa de inflação for descendente a taxa nominal de juro sobe?"
    Não, ela caí para manter a taxa de juros real no patamar da taxa real de juros neutra (ou natural). A única maneira de a taxa real reduzir é a taxa nominal reduzir mais do que a expectativa inflacionária. Mas a taxa real não pode diferir sistematicamente da taxa neutra (natural) determinada por fatores estruturais e preferências da sociedade.
    O que vc está fazendo é uma leitura torta da relação de Fisher, inferindo causalidade mais torta ainda.
    Sinto muito.

  19. Para quem está começando e busca de uma oportunidade:

    Programa de Trainee de Gestão

    A Vale acaba de abrir as inscrições para seu Programa de Trainee em Gestão. Ao todo, são 40 oportunidades para recém-formados.

    As inscrições terminam no dia 15 de novembro.

    http://www.vale.com/pt-br/carreiras/oportunidades-na-vale/programa-trainee/paginas/default.aspx

    O treinamento será todo ministrado em inglês.

    50% das vagas são reservadas a brasileiros e o restante pode ser disputado com estrangeiros.

    Requisitos:

    Disponibilidade para mudar de casa, de cidade, de estado e de país.

    Graduação nos últimos três anos em Engenharia, Geologia, Administração ou Economia.

    O programa tem duração de 18 meses em Belo Horizonte.

    O salário durante o programa é de R$ 4.600,00

  20. Anônimo das 18:27.
    Continuando no bom senso (longe de Fisher).
    Já concordou que com expectativa inflacionária descendente as taxas de juros nominais caem (até aí nenhuma barbaridade).
    O TEXTO FALAVA (as maiúsculas são para chamar a atenção): Se o governo reduzir (OU ELIMINAR) o déficit nominal irá buscar menos recursos no mercado para financiar-se. A pressão inflacionária reduzirá. As expectativas ficarão mais positivas. Se as autoridades monetárias (e o governo) passarem CONFIANÇA para o mercado é claro que as taxas de juros reduzirão e o prazo médio de financiamento do TN se alongará (a ida ao mercado para refinanciar-se será em menor volume). A CONFIANÇA de que a política terá SUSTENTAÇÃO e CONTINUIDADE fará os efeitos nas taxas de juros serem maiores ainda. Uma série descendente de inflação é acompanhada por uma série também descendente de taxa nominal. A frase está correta? Sim ou não?
    CONTINUANDO O RACIOCÍNIO: Quanto menor a expectativa de inflação, por efeito da CONTINUIDADE DA POLÍTICA FISCAL, menor a taxa de juro nominal e menor também a real (uma SÉRIE descendente de inflação é acompanhada por uma SÉRIE também descendente de taxa nominal, a queda da taxa real vem a seguir).
    Sim ou não? Parece que discorda (citando Fisher)da queda da taxa real. Ou então leu com RIGOR DESNECESSÁRIO minhas afirmações.
    Poderia, citando Fisher, condicionar a queda das taxas reais, à ……

  21. Esse é o problema que o Gustavo Franco têm falado tanto. Economia NÃO é intuitiva, NÃO é fácil e NÃO é entendida por quem não sentar a bunda e estudar…
    A gente tenta ajudar, mas quando o cara não quer…
    Anônimo, o senhor está corretíssimo. Tem razão, Fisher é um rigor desnecessário. Uma coisa mais descolada como a teoria do bom senso é um caminho melhor.
    Obrigado

  22. tem e não têm.
    "Fisher é um rigor desnecessário." Eu não escrevi isto. Apenas frisei que não escrevia como economista.
    A agressão foi desnecessária (mostra a educação). O texto, considerando o espaço reduzido, a escrita rápida, não pode ser considerado barbaridade. É sim correto se a resposta exigida for for sim ou não.
    "A gente tenta ajudar". Se a intenção fosse esta, teria complementado seu entendimento sobre a queda da taxa de juro real, em termos educados.

  23. “Mas a taxa real não pode diferir sistematicamente da taxa neutra (natural) determinada por fatores estruturais e preferências da sociedade.”

    Isso é levar o modelo muito a sério, mais a sério do que ele merece (um erro geralmente cometido pela turma que ainda não olhou para os dados, apenas aprendeu a teoriae ficou apaixonado com sua própria capacidade de resolver o modelo).

    Não existe uma taxa neutra (natural) invariante a parâmetros de política econômica.

    Repito para que entendam melhor: não existe uma taxa neutra (natural) invariante a parâmetros ou regimes de política econômica.

    Não existe nenhuma restrição estrutural e invariante para a taxa de juros reais de equilíbrio do Brasil ser 6 ou 8 por cento. A Colômbia e o Peru conseguem estabilizar a inflação com juros reais muito menores. Basta que nosso regime de política fiscal seja consistente com preços estáveis e juros reais mais baixos, e podemos sim ter inflação a 4.5 por cento e SELIC a 7 por cento (ou menos).

  24. "O"

    "Repito para que entendam melhor: não existe uma taxa neutra (natural) invariante a parâmetros ou regimes de política econômica."

    Compreendo.

    "Basta que nosso regime de política fiscal seja consistente com preços estáveis e juros reais mais baixos, e podemos sim ter inflação a 4.5 por cento e SELIC a 7 por cento (ou menos)."

    Queria entender melhor. Rola um post?

  25. Como brasileiro (não economista) que viveu e sofreu as consequências das bobagens e ignorâncias dos sábios economistas heterodoxos, nacional-desenvolvimentistas (os nomes são até atrativos), sempre na atividade privada (tendo que trabalhar, ganhar para viver, poupar para o futuro – aí tive que entender um pouco para proteger os tico-tico que ganho com trabalho honesto -, e para pagar tributos para sustentar aposentadorias absurdas, privilégios sem sustentação atuarial), passei a ler e procurar entender os economistas demonizados no Brasil (liberais e monetaristas). Por sofrimento (e necessidade) verifiquei que esta turma estava (e está) correta. Relatórios de bancos (muitos são ótimos), artigos em jornais (aprendi a separar o joio do trigo), matérias dos bons jornalistas (até escrevi para o Valor indicando para contratarem o Alex, para contrabalançar com a turma que parou teimosamente no tempo). Claro que o Valor contratou por necessidades e pelos méritos dele (mas o jornal precisava aumentar a turma do lado que pensa bem). Digamos que sou um ponto da estatística que os economistas tentam prever o comportamento econômico-financeiro. Se o juro básico sobe acima do DI 360 o que a média dos brasileiros irá fazer? Sou um ponto desta média. Para defender meus ganhos e poupanças aprendi a defender-me desta turma de esquerdinhas de araque (e dos keynesianos quermessianos). Tenho que decidir entre juros fixos, CDI, índices, bolsa, Dólar, Euro, ativos reais. Lendo jornais, revistas, relatórios, blogs, fui aprendendo a fazer a relação taxa básica e inflação (ver que os monetaristas são de fato os que sabem combater a inflação). Como tenho medo de certos demagogos no BC ou no governo (alguns são ignorantes de fato), e sou como a maioria, não economista, que procura entender para defender-se de esquerdinhas no governo (generalizei meu modo de pensar, a maioria leiga pensa como eu). Passei a dar valor às expectativas (se tenho medo de A no BC, a maioria também terá). Se a taxa básica é não satisfatória para mim, o será para a maioria. Se um governo passa CONFIANÇA, sinto-me mais confortável, acredito que a maioria pensa assim (claro que a mídia influencia).
    O trecho que o "O" criticou (por bom senso concordo com o "O"), ficou pouco aceitável para mim (mas não quis criticar para não aprofundar-me em ciência que não é a minha e não domino). Mas uma política fiscal (e monetária) consistente e que passe confiança, faz com que aceite taxas longas mais baixas (negociando com bancos também se aprende isto.). Os bancos caem as taxas longas quando a política monetária e a fiscal são consistentes (até aprendi o que é política fiscal).

  26. Eu até entendi o que o "O" quis dizer, mas essa frase acabou ficando tautológica.
    "Basta que nosso regime de política fiscal seja consistente com preços estáveis e juros reais mais baixos, e podemos sim ter inflação a 4.5 por cento e SELIC a 7 por cento (ou menos)."

    Se regime fiscal é consistente com preços estáveis (na verdade inflação) e juros mais baixcos, será consistente para um caso específico de inflação de 4,5 e juros reais de 7%, pela própria construção da frase.

  27. "Basta que nosso regime de política fiscal seja consistente com preços estáveis e juros reais mais baixos, e podemos sim ter inflação a 4.5 por cento e SELIC a 7 por cento (ou menos)."

    De fato, ficou tautológica.

    Deveria ser algo como:

    Nosso regime de política fiscal deve ser consistente com preços estáveis e juros reais mais baixos para que possamos ter inflação a 4.5 por cento e SELIC a 7 por cento (ou menos). Para tanto, é necessário – entre outras coisas – que os gastos correntes do governo cresçam persistentemente abaixo do PIB nominal.

  28. "O"

    "Para tanto, é necessário – entre outras coisas – que os gastos correntes do governo cresçam persistentemente abaixo do PIB nominal."

    Esclareceu a minha dúvida, no sentido de que esse é um pressuposto
    que sinaliza claramente um princípio. Meu bom senso concorda com o princípio.

    Ontem na entrevista ao JN Serra afirmou que os gastos decorrentes da proposta de elevar o mínimo para R$ 600,00, 10% de aumento para aposentados e 13% no Bolsa são equivalentes a 1% do Orçamento.

    Não tenho a mínima condição de formar juízo a respeito dos cálculos do Serra, se estão corretos ou não. Muito menos se os argumentos são consistentes e prováveis ou se operam no campo da retórica eleitoral que não raro dispensa o recurso da prova.

    Supondo que os cálculos estejam corretos, seguem os argumentos do candidato em defesa das propostas:

    1. A receita do governo está subestimada. Incluiu a Previdência.
    2. Esses aportes trariam como consequência aumento de arrecadação.
    3. Há como cortar ou rever os gastos de custeio.
    4. Há como cortar ou rever a concessão de subsídios não rentáveis.
    5. Reafirma que o governo deve pautar-se pela boa racionalidade nos gastos (acho que referia-se ao que o PSDB chama de "choque de gestão"), cortando ou combatendo o desperdício.

    Essa última parte da entrevista inicia em 9:39. Serra teve menos de 3 minutos (talvez somente 2) para responder.

    http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/v/jose-serra-e-entrevistado-no-jornal-nacional/1359382/#/Edi%C3%A7%C3%B5es/20101019/page/2

    Conclusão a que cheguei, embora sem saber se falsa ou verdadeira:

    Se os cálculos dos gastos em relação ao orçamento estão corretos (1%) e se as 5 proposições (enumeradas no meu comentário) são suficientes para compensar as novas despesas, então é possível cumprir com o prometido. Falso ou verdadeiro?

    Serra nada disse a respeito da carga tributária que, até onde sei, beira os 36% do PIB.

    Serra trouxe os seus ovos ao mercado e anunciou ao público que eles não estão podres e, portanto, são próprios para o consumo. Ovos podem apodrecer nos empórios de honestos ou desonestos. Isso é um fato. Então, não tenho nenhum interesse em formar juízo sobre o caráter do Serra. Quero saber dos ovos.

    Alguém com conhecimento melhor que o meu poderia examinar, com base em elementos empíricos e lógicos, se os ovos trazidos pelo Serra estão de fato próprios para o consumo?

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