Personagens das Copas do Mundo – II: Waldemar de Brito. Coluna Mário Marinho
PERSONAGENS DAS COPAS DO MUNDO – II
COLUNA MÁRIO MARINHO
Waldemar de Brito e o maior gol do mundo
O Paulista Waldemar de Brito foi um ótimo centroavante.
Nos 18 jogos em que participou pela Seleção Brasileira, marcou 18 gols.
Em 1942, defendendo o São Paulo, participou de 26 jogos e marcou 26 gols, tornando se artilheiro daquele campeonato paulista.
Mas, na Copa do Mundo de 1934, na Itália, nem mesmo o artilheiro Waldemar de Brito, nem mesmo o fato de jogar ao lado de outro fabuloso artilheiro, Leônidas, não salvaram o Brasil do vexame de ser eliminado da Copa com apenas um jogo.
Assim como aconteceu na época da Copa de 1930, cariocas e paulistas estavam em inflamada briga pelo comando do futebol brasileiro.
Como a CBD (Confederação Brasileira de Desportos que comandava o futebol) era no Rio de Janeiro, a Seleção foi formada basicamente por jogadores cariocas, quase todos do Flamengo.
De São Paulo foram apenas Waldemar de Brito, Sylvio Hoffman, Luizinho e Armandinho. Na época, todos jogadores do São Paulo.
O Brasil fez apenas um jogo: foi derrotado pela Espanha por 3 a 1. O gol brasileiro foi de Leônidas, do Vasco da Gama.
Mas, o maior e mais importante gol que Waldemar de Brito marcou e que até hoje ninguém esquece aconteceu em 1954, quando ele era treinador do Bauru Atlético Clube, de São Paulo: foi ele quem descobriu um garotinho chamado Dico que o mundo haveria de venerar e coroar como rei, o Rei Pelé.
Waldemar de Brito – Waldemar de Brito
(*São Paulo-SP, 15/05/1913 +São Paulo-SP, 21/02/1979)
Posição – Atacante
Jogos – 18 (10 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 18 gols)
Copas – 1934
Títulos pela Seleção – Nenhum
Clubes em que jogou – Syrio-SP, 1927 e 1929 a 1932; Independência-SP, 1928; São Paulo-SP, 1933 a 1934; Botafogo-RJ, 1934; San Lorenzo-ARG, 1935 a 1936 e 1939 a 1940; Flamengo-RJ,1937 a 1939; São Paulo–SP, 1941 a 1942; Fluminense-RJ, 1943; Portuguesa de Desportos-SP, 1944; Palmeiras-SP, 1945 a 1946.
Apesar de ter sido um jogador bastante eficiente – nos 18 jogos com a camisa da Seleção marcou 18 gols –, sua maior contribuição ao futebol foi dada fora do campo: em 1954, era técnico do Bauru Atlético Clube, da cidade paulista de Bauru, e revelou um garoto chamado Dico, que mais tarde o mundo veneraria como Pelé.
A carreira de jogador foi iniciada em 1927, no Syrio-SP, que defendeu até 1929. Daí passou pelo Independência-SP e São Paulo da Floresta, até 1934, quando foi para o Botafogo-RJ. No ano seguinte, estava no San Lorenzo-ARG. Retornou ao futebol carioca, defendendo o Flamengo; transferiu-se para o São Paulo-SP (1941-42); novamente no Rio, Fluminense, 1943; Portuguesa de Desportos-SP (1944); Palmeiras-SP, 1945-46.
Abraçou a carreira de técnico e revelou Pelé. Simples, assim.
Tudo como
dantes no quartel de Abrantes
O Grêmio é um bom time de futebol e Renato Quartalupi, que foi um ótimo jogador de futebol, porém nunca melhor do que Cristiano Ronaldo, é um bom técnico. Tem mostrado que sabe como armar com segurança um time de futebol e, sobretudo, como motivá-lo.
Com suas tiradas irreverentes, como usar um drone para espionar o inimigo ou se declarar melhor do que Cristiano Ronaldo mexem com o time e com o brio dos jogadores.
Mas, nada disso foi suficiente para levar o seu time a bater o quase imbatível Real Madri e voltar das Arábias com o título de campeão mundial.
Como fez com seus adversários na reta final da Libertadores – principalmente Barcelona de Guayquil e o Lanus -, o Grêmio partiu para cima, tentando surpreender e intimidar o adversário.
Acontece, que a distância do futebol do Barcelona ou do Lanus para o futebol do Real Madri é algo como a distancia da América do Sul para Abu Dhabi, (Emirados Árabes Unidos), onde estava a torcida com o Grêmio, sempre com o Grêmio onde o Grêmio estiver.
Durante três ou quatro minutos, pareceu que os gaúchos realmente mandariam no campeão da Europa.
Logo, voltou tudo com dantes, voltou à normalidade e o Real impôs o seu jogo.
Não foi preciso nem mesmo que sua estrela maior brilhasse com o fulgurante brilho de sempre: Cristiano Ronaldo foi apenas um jogador comum.
Com a exceção do gol que deu a vitória e o título.
E, mesmo assim, pode-se dizer que foi uma jogada somente possível no futebol. Se a barreira fica quieta, ela cumpriria sua missão: a bola bateria na barreira e a jogada morreria ali.
Mas, caprichosamente, a barreira se abriu em milimétrica fenda, espaço o bastante apenas para que a bola passasse.
E o lance que poderia ter sido um ridículo chute na barreira, transformou-se em gol espetacular, genial.
Assim fica determinado que a estrela de verdade nem sempre precisa brilhar com todo esplendor.
Caminho inverso fez a estrela maior do Grêmio: o jovem Luan que nem brilhou nem resolveu. Sumiu, apagou-se.
Assim, com todos os méritos, jactâncias, pompas e observadas as devidas e respeitosas circunstâncias, a Europa mostra que seu reinado há de durar ainda por mais tempos e tempos.
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Mario Marinho – É jornalista. Especializado em jornalismo esportivo foi durante muitos anos Editor de Esportes do Jornal da Tarde. Entre outros locais, Marinho trabalhou também no Estadão, em revistas da Editora Abril, nas rádios e TVs Gazeta e Record, na TV Bandeirantes, na TV Cultura, nas rádios 9 de Julho, Atual e Capital. Foi duas vezes presidente da Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo). Também é escritor. Tem publicados Velórios Inusitados e O Padre e a Partilha, além de participação em inúmeros livros e revistas do setor esportivo.
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Caro Mario,
Peco licenca para retificar uma informacao: O plantel da selecao da CBD que disputou a Copa de 1934 era quase toda de jogadores do Botafogo, nao do Flamengo. O Botafogo era o unico clube grande carioca filiado a CBD, amadorista (na fachada), e a dominava politicamente. O Flamengo era filiado `a LCF, profissionalista. A CBF contratou alguns jogadores das ligas profissionalistas para reforcar a sua selecao (amadorismo e’ isso ai’). Entre eles, Leonidas, que como voce disse, marcou o unico gol brasileiro naquela Copa.
Um abraco,
Mauro